Uma nação corrupta | Por Joaci Góes

Análise crítica do panorama político brasileiro e seus reflexos na sociedade contemporânea.
Análise crítica do panorama político brasileiro e seus reflexos na sociedade contemporânea.

Para o amigo Antonio Lomanto Neto!

O quadro político nacional leva-nos a interromper, ainda que brevemente, a série de artigos sobre o que pensaram personalidades emblemáticas da inteligência humana a respeito das nefastas consequências para a convivência social da inveja militante no coração dos homens.

Há cerca de vinte anos, o jornalista Roberto Pompeu de Toledo afirmou, profético, em artigo, na última página da revista Veja, que o Brasil estava evoluindo, rapidamente, da condição de um país tolerante com a corrupção para se constituir, em si mesmo, numa nação corrompida. Desgraçadamente, chegamos lá. Passamos a ficar ainda abaixo da anterior posição a nós pespegada pela avaliação internacional de sermos uma “República de bananas”, para desgosto de tantos brasileiros honrados que sofrem ao testemunharem o adonamento do País pela mediocridade, o desatino, o crime e a impunidade, derivados da associação com dirigentes de instituições concebidas para serem veneráveis faróis da Pátria.

A causa basilar desse lamentável declínio reside no padrão mendicante da educação que praticamos, prenhe da indisfarçável intenção de submeter os discentes de todos os níveis a uma lavagem cerebral, no modelo preconizado pelo pensador italiano Antônio Gramsci(1891-1937), ao perceber que só um condicionamento ideológico socialista, desde o berço, seria capaz de evitar o brutal genocídio do padrão que Stalin vinha praticando na União Soviética, contra os que resistiam ao modelo comunista ali implantado sob o comando de Lênin(1870-1924). O Nordeste Brasileiro, região mais atrasada do País, não obstante suas potencialidades, é a maior vítima desse lamentável equívoco pedagógico, cuja população, ao referendar os nomes de seus algozes, é vista como padecente da Síndrome de Estocolmo, mal que leva as vítimas a amarem os seus torturadores, como mecanismo de conforto emocional de caráter patológico. O método do pernambucano Paulo Freire (1921-1997), discípulo de Gramsci, dominante no Brasil e aplicado, apenas, em países do terceiro mundo, é a principal causa da tragédia social que se abate sobre a educação pública nacional.

O resultado é o ambiente pantanoso em que nos encontramos, onde o exercício da honra só vale como metáfora, diante do predomínio absoluto  da esperteza, encarnada em alguns dos maiores titulares do poder, a modo de triunfantes gigolôs da Pátria, acumpliciados com notórios assaltantes do Erário, mediante a decisão irrecorrível do Poder Judiciário de dar carta de alforria a toda sorte de crimes do ´colarinho branco`, reservando as penas de prisão para os titulares dos quatro pês – pretos, pobres, putas e, a partir de 08 de janeiro de 2023, patriotas. Basta ver que todos os condenados na Operação Lava Jato estão em gozo de plena liberdade, e os juízes que os condenaram severamente perseguidos e ou punidos. A ponto de um ex-governador do Rio de Janeiro, condenado a mais de 400 anos de prisão, estar se preparando para retornar ao poder, apoiado no argumento de que volta para ´moralizar a vida nacional`.

A escalada, no Brasil, dos crimes contra a vida e contra o patrimônio privado e público, advém da generalizada percepção de que continuamos a ser, em grau crescente, um povo inspirado no modelo de conduta de Pedro Malazartes, um modelo antigo de marginal vitorioso, praticante do princípio segundo o qual “O negócio é levar vantagem em tudo”. Hoje, as dificuldades são superadas por advogados que dividem o teto com os julgadores de suas ações, segundo decisão da Suprema Côrte.

O panorama populista dominante na vida brasileira, mescla de leniência com o crime e autoritarismo, é a receita certa para dar errado, e continuarmos a nos auto enganar, embalados na crença de que continuamos a ser o País do Futuro.

*Joaci Góes, advogado, jornalista, escritor, empresário e político brasileiro, nascido em Ipirá, Bahia, em 1938, preside o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), mais antiga e uma das mais importantes instituições culturais do estado, com sede em Salvador.


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