A dinâmica das relações entre líderes sul-americanos e as eleições presidenciais nos Estados Unidos tem revelado nuances significativas nos últimos meses, à medida que o pleito se aproxima. Enquanto a maioria dos presidentes da região opta por um silêncio estratégico, alguns poucos líderes, como Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro, optaram por declarar publicamente seu apoio ao atual presidente Joe Biden e à sua candidatura à reeleição.
Ricardo Leães, cientista político e professor de relações internacionais na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), observa que o comportamento de silêncio adotado pela maioria dos presidentes sul-americanos é típico, especialmente para países que são considerados periféricos no sistema internacional. Lula e Petro, no entanto, destacam-se ao desviar dessa norma, alinhando-se com uma preferência clara pela continuidade da administração democrata nos EUA.
O posicionamento de Javier Milei, presidente da Argentina, contrasta com o silêncio predominante ao afirmar que os Estados Unidos são um país aliado, independentemente do partido político no governo. Essa declaração, feita em entrevista ao canal Univision, demonstra uma postura pragmática em relação à política externa, priorizando relações estáveis independentemente das mudanças de governo em Washington.
Heitor Erthal, doutorando em relações internacionais e pesquisador do Observatório do Regionalismo (ODR), destaca que tanto o Partido Democrata quanto o Partido Republicano mantêm uma percepção semelhante sobre o papel da América Latina em seus interesses internacionais. Para Erthal, essa consistência reduz a relevância das eleições americanas para a política externa da região, apesar das implicações globais que uma vitória de Trump poderia ter, fortalecendo movimentos de extrema-direita ao redor do mundo.
Em análise, Leães sugere que o apoio de Lula e Petro a Biden pode ser visto como uma estratégia para conter o avanço desses movimentos e manter uma estabilidade relativa nas relações internacionais da América Latina. O cientista político ressalta que, embora não determinante para a política interna brasileira, a eleição nos EUA ainda tem o potencial de influenciar dinâmicas políticas globais, especialmente em um contexto multipolar onde outros atores como China e Índia ganham cada vez mais destaque.
O cenário internacional atual, marcado por uma distribuição de poder mais equilibrada entre múltiplos polos, contrasta com a hegemonia unipolar dos Estados Unidos nas décadas anteriores. Essa mudança estrutural no sistema internacional permite que países como o Brasil diversifiquem suas parcerias e reduzam a dependência histórica dos EUA para a condução de grandes projetos de infraestrutura e políticas econômicas.
*Com informações da Sputnik News.
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