O cenário político em Brasília é marcado por apreensão com a possível decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), de antecipar o anúncio do parlamentar que contará com seu apoio na sucessão da presidência da Casa. Entre os principais nomes cogitados para receber o apoio de Lira estão os deputados Elmar Nascimento (União-BA), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Antônio Brito (PSD-BA). O pleito para a nova presidência está previsto para ocorrer em fevereiro de 2025, mas Lira sinalizou que pode revelar sua escolha ainda no mês de agosto de 2024, movimento que rompe com a tradição e inquieta o governo federal.
A antecipação dessa decisão é incomum e vai de encontro aos interesses do governo, que preferia que o anúncio ocorresse somente em novembro, após as eleições municipais. Segundo fontes próximas ao Palácio do Planalto, o objetivo desse adiamento seria evitar um prolongado período de disputa interna e impedir que o apoio do governo ao candidato de Lira fosse objeto de pressão. O temor do governo reside na possibilidade de que Lira utilize seus últimos meses à frente da Câmara para fortalecer sua posição e impor sua preferência, o que poderia acarretar em dificuldades para a agenda governamental caso o Planalto não aderisse ao nome indicado.
Nos bastidores, a preocupação é que a resistência do Governo Lula ao indicado de Lira possa resultar em represálias por parte do presidente da Câmara, que poderia dificultar o avanço de pautas importantes ou priorizar temas constrangedores para o Executivo. Esse cenário reforça a estratégia de Lira de anunciar seu candidato ainda em agosto, quando sua influência é mais significativa, buscando conter dissidências e garantir tempo para recompor alianças com deputados que possam se sentir marginalizados na escolha.
A movimentação de Lira também é influenciada por lições aprendidas no passado recente. A história de Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara e antecessor de Lira, é frequentemente lembrada nos corredores do Congresso. Maia demorou a anunciar seu candidato, e quando o fez, em dezembro, seus adversários já haviam consolidado uma base de apoio, assegurada por promessas de cargos e funções. Essa base levou Lira à vitória sobre Baleia Rossi (MDB-SP), resultando na saída de Maia da Câmara e sua posterior nomeação a uma secretaria em São Paulo. Nas eleições subsequentes, Maia sequer concorreu a um cargo eletivo.
Essa experiência parece orientar as ações de Lira, que tem ambições futuras claras, incluindo uma possível candidatura ao Senado em 2026. Anunciar seu sucessor com antecedência poderia evitar os erros de Maia e consolidar sua posição política, tanto na Câmara quanto em futuras disputas eleitorais.
*Com informações da revista Veja.
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