As últimas semanas foram marcadas por tensões nos tribunais superiores em Brasília, em especial no Supremo Tribunal Federal (STF), devido a investigações sobre um suposto esquema de venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Desde que a Polícia Federal avançou em apurações que apontam para a atuação de servidores de quatro gabinetes do STJ no esquema, o STF, com papel crucial na análise de casos que envolvem magistrados de alta instância, observa de perto o desenrolar das investigações. Sob a liderança de Luís Roberto Barroso, presidente da Corte, e com o ministro Cristiano Zanin, relator dos inquéritos, e o procurador-geral da República Paulo Gonet envolvidos diretamente, o tribunal mantém silêncio sobre as próximas etapas, revela reportagem de Laryssa Borges publicada neste domingo (27/10/2024)
O sigilo em torno do caso ganhou novas razões na última semana, quando o STF recebeu, após uma demora de quase duas semanas, dados contidos no telefone celular do advogado Roberto Zampieri. Esse material, considerado crítico pela Polícia Federal, revela diálogos, documentos e áudios que, segundo as investigações, expõem como um grupo de lobistas e servidores do STJ coordenava a compra e venda de sentenças, influenciando decisões na segunda mais alta corte do país. Após a morte de Zampieri, ocorrida em circunstâncias ainda não esclarecidas no final de 2023, a análise do conteúdo de seu celular tornou-se um dos elementos centrais na investigação.
A demora no envio do material ao STF gerou desconforto na Polícia Federal, levando o diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, a contestar diretamente a decisão do juiz federal que manteve os dados sob custódia temporária. Diante do impasse, Rodrigues articulou com ministros do STF e do STJ, pressionando pela rápida transferência do material para o Supremo. Em resposta, a Vara Federal de Brasília finalmente remeteu o conteúdo ao STF, permitindo que o processo avançasse. No entanto, fontes do STF manifestaram preocupação com o atraso, indicando que ele poderia representar um obstáculo à preservação das provas e sugerindo que haveria interesses em evitar que a investigação alcançasse as instâncias superiores.
Os dados agora em posse do STF cobrem aproximadamente quatro anos de diálogos entre Zampieri e o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, apontado como responsável por contatar servidores do STJ e negociar decisões que atenderiam aos interesses do grupo. De acordo com as apurações, Gonçalves desempenhava um papel de mediação entre servidores e interessados, com envolvimento em negociações sobre o valor e o formato das sentenças. Tais interações fornecem elementos relevantes para o entendimento de uma rede de influência que, ao manipular decisões judiciais, comprometia a imparcialidade e a integridade do sistema judicial.
A inclusão desses dados nas investigações foi solicitada pelo procurador-geral da República, que visa a uma abordagem centralizada e abrangente dos inquéritos envolvendo o STJ. As próximas etapas incluem a análise minuciosa do material e a decisão sobre a abertura de processos contra eventuais envolvidos. Especialistas em direito e fontes ligadas ao STF apontam para a necessidade de medidas rigorosas de preservação de provas e acompanhamento das apurações, considerando a gravidade das acusações e o impacto potencial no sistema de Justiça.
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