Ministros e lideranças partidárias consideram a reforma ministerial necessária para consolidar uma base de apoio sólida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e alinhar estrategicamente as forças políticas em torno do governo. Em meio a dados que demonstram certa estagnação de popularidade, a medida é vista como uma tentativa de impulsionar a aprovação do governo e construir um cenário mais favorável para uma eventual candidatura de Lula em 2026.
Apesar do cenário econômico favorável, com índices de desemprego em baixa, inflação controlada, aumento da renda e crescimento econômico, o apoio popular ao presidente não tem se traduzido em avanços eleitorais. Nas últimas eleições, a maioria dos candidatos apoiados pelo governo não obteve êxito, e as pesquisas de aprovação mantêm Lula em um patamar de estabilidade, sem crescimento significativo. De acordo com o Datafolha, 35% dos entrevistados classificam o governo como ótimo ou bom, enquanto a Quaest aponta que 51% aprovam sua gestão.
Diante desse quadro, analistas argumentam que o governo precisaria não apenas de uma comunicação mais eficaz, mas também de um time mais assertivo na defesa de suas políticas e ações. Uma reforma ministerial poderia ser o primeiro passo para mobilizar um “ataque político”, garantindo maior visibilidade às ações governamentais e aumentando o engajamento com a base eleitoral.
Outro motivo central para a reforma é definir as alianças para 2026, uma vez que partidos da base, como o MDB e o PSD, mantêm apoio ao governo federal ao mesmo tempo em que sustentam alianças regionais com adversários políticos. O MDB, por exemplo, mantém três ministérios no governo Lula, mas em São Paulo apoia o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição em coligação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Já o PSD, sob a liderança de Gilberto Kassab, consegue equilibrar seu apoio entre o governo federal e o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos), detendo ministérios em Brasília e secretarias em São Paulo.
A proximidade das eleições de 2026 exige que o governo estabeleça definições mais claras quanto a essas alianças. Ministros têm pressionado para que o PSD defina desde já se continuará ao lado do governo Lula ou se optará por alianças com o governador Tarcísio de Freitas, considerado um dos possíveis adversários em uma futura disputa presidencial. A indefinição, segundo os ministros, enfraquece a imagem de coesão no governo, ao mesmo tempo em que pode comprometer a administração dos recursos federais em um contexto de apoio ambíguo.
Troca no comando nacional do PT
A derrota eleitoral do PT impulsionou uma disputa interna pelo comando do partido, com divergências sobre a permanência de Gleisi Hoffmann na presidência até o fim do mandato em junho de 2024. Enquanto aliados do presidente Lula sugeriram antecipação da saída, Gleisi afirmou que cumprirá seu mandato integralmente. A CNB, ala de Lula no PT, está dividida: alguns defendem a renovação com Edinho Silva à frente, enquanto outros culpam ministros do governo pelo mau desempenho eleitoral. O Nordeste também aparece como um polo de apoio para a sucessão, com José Guimarães como possível candidato. A sucessão será discutida oficialmente na próxima segunda-feira, com o calendário eleitoral interno a ser definido em dezembro.
*Com informações de Mônica Bergamo, Bianka Vieira, Karina Matias e Manoella Smith, do Jornal Folha de S.Paulo.
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