Concentrações de gases de efeito estufa alcançam níveis recordes em 2023, diz OMM

O mundo deve urgentemente aumentar a ação e a ambição para cortar mais 25% das emissões de 2030.
O mundo deve urgentemente aumentar a ação e a ambição para cortar mais 25% das emissões de 2030.

O Boletim Anual de Gases de Efeito Estufa da Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgado mesta segunda-feira (28/10/2024), reporta que as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera atingiram um novo recorde em 2023, com um acúmulo mais rápido do que qualquer outro registrado na história humana. A OMM identificou que a concentração de CO2 aumentou de 377,1 partes por milhão (ppm) em 2004 para 420 ppm em 2023, o que representa um incremento de 11,4% em duas décadas e um aumento de 151% em relação aos níveis pré-industriais.

As emissões resultantes de incêndios florestais desempenharam um papel crucial nesse aumento, juntamente com a redução da capacidade das florestas em absorver CO2. A vice-secretária-geral da OMM, Ko Barrett, afirmou que a longa vida útil do CO2 na atmosfera implica que o aumento das temperaturas continuará por um longo período. A OMM alerta que a situação atual indica que o mundo está “fora do caminho” para atingir a meta do Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a bem abaixo de 2°C. Segundo Celeste Saulo, cada fração de grau de aumento tem implicações significativas para o meio ambiente e a vida humana.

Além do CO2, os gases metano e óxido nitroso também atingiram níveis alarmantes, com concentrações de 1.934 e 336 partes por bilhão, respectivamente. Barrett destacou que esses níveis contribuem para o derretimento acelerado das geleiras, a elevação do nível do mar e a acidificação dos oceanos. As consequências são visíveis nas inundações e perturbações que têm afetado diversas regiões do mundo, resultando em perda de vidas e danos econômicos substanciais.

A análise dos dados revela que aproximadamente metade das emissões de CO2 permanece na atmosfera, enquanto cerca de 25% é absorvido pelos oceanos e 30% pelos ecossistemas terrestres, com variações significativas causadas por fenômenos climáticos como El Niño e La Niña. Durante os anos de El Niño, a eficiência dos sumidouros de carbono diminui devido a vegetação seca e incêndios florestais, levando a um aumento nas emissões.

O relatório da OMM também aponta que a mudança climática pode transformar ecossistemas em fontes maiores de gases de efeito estufa, já que os incêndios florestais e o aquecimento dos oceanos limitam a absorção de CO2. Com isso, um aumento contínuo nas concentrações de gases na atmosfera poderá acelerar o aquecimento global.

O Boletim de Gases de Efeito Estufa complementa o relatório sobre a lacuna de emissões do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, ambos publicados antes da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP29) em Baku, Azerbaijão. A urgência de aumentar a ambição e a ação global para reduzir as emissões é mais evidente do que nunca, e a necessidade de uma resposta coordenada para mitigar os efeitos das mudanças climáticas é premente.


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