O escritor Joaci Góes, em artigo publicado na quinta-feira (14/11/2024) no jornal Tribuna da Bahia, analisa o panorama político nacional ao final de 2024. Góes observa que os governantes eleitos em 2022 já alcançam a metade de seus mandatos, enquanto prefeitos e vereadores eleitos em 2024 ainda tomarão posse no início de 2025. Apesar disso, as atenções nos meios políticos já estão voltadas para as eleições gerais de 2026, com destaque para a disputa presidencial.
Dois eventos recentes aceleraram esse processo: os resultados das eleições municipais de outubro e a vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos. Segundo Góes, a manifestação de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à democrata Kamala Harris, combinada com críticas ao republicano vitorioso, trouxe consequências políticas significativas, impactando as articulações nacionais e regionais para o próximo ciclo eleitoral.
O Planalto observa com preocupação a configuração dos blocos eleitorais. A inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, embora inicialmente considerada uma vantagem para Lula, gera análises controversas. Com Bolsonaro inelegível, lideranças conservadoras como Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado ou Ratinho Júnior poderiam concentrar os votos de direita, reduzindo as chances de reeleição de Lula. Contudo, se Bolsonaro recuperar sua elegibilidade, ele poderá dividir o eleitorado conservador, favorecendo Lula ao consolidar sua base.
Essa dinâmica federal também se reflete nas articulações estaduais. Na Bahia, por exemplo, o senador Otto Alencar desponta como um possível nome de consenso para o Governo do Estado, podendo ser apoiado tanto pelo PSD, comandado por Gilberto Kassab, quanto por diferentes blocos políticos. Kassab, atual secretário no governo paulista de Tarcísio de Freitas, mantém um papel estratégico ao expandir a influência do PSD no cenário nacional, conciliando interesses em esferas federais e estaduais.
Os recentes resultados das eleições municipais na Bahia, marcados pelo baixo desempenho do PT, à exceção da vitória de Luís Caetano em Camaçari, somados à reeleição expressiva de Bruno Reis em Salvador, reconfiguram o tabuleiro político local. A possibilidade de o atual governador Jerônimo Rodrigues disputar o Senado, enquanto Otto Alencar se apresenta como candidato ao Governo do Estado, é parte de um arranjo político que dependerá dos desdobramentos nacionais, sobretudo da candidatura ou não de Bolsonaro à Presidência.
O impacto das definições presidenciais sobre as eleições legislativas também não pode ser subestimado. A composição de bancadas no Congresso Nacional, Assembleias Estaduais e governos locais será profundamente influenciada pelos alinhamentos entre os principais blocos partidários e suas lideranças.
A análise apresentada pelo escritor Joaci Góes integra uma série de artigos que abordarão os desdobramentos das eleições gerais de 2026 e suas implicações nas estruturas políticas estaduais e federais.
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