O assassinato de Juan Antonio López, defensor dos direitos humanos e ambientais na Diocese de Trujillo, em Honduras, no último mês de dezembro, trouxe à tona a realidade dos defensores da “casa comum” na América Latina. López foi morto enquanto deixava sua paróquia, um ato que chocou a sociedade latino-americana e evidenciou a condição de risco em que vivem muitos líderes que se dedicam à defesa de direitos humanos e ambientais na região. Este trágico evento sublinha a necessidade de ações que garantam a proteção desses defensores, cuja vida está constantemente ameaçada pelo trabalho que desempenham.
Em resposta a essa vulnerabilidade, diversas organizações sociais, religiosas e civis se uniram sob a orientação do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) para lançar a campanha “A vida está por um fio”. Com o apoio do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (DSSUI) e da Pontifícia Comissão para a América Latina (Pcal), o projeto visa promover a solidariedade e o reconhecimento do trabalho dos defensores dos direitos humanos e ambientais. O lema da campanha, “Tecer o futuro, proteger a vida”, foi apresentado em uma coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé no dia 9 de dezembro.
A campanha busca dar visibilidade a casos emblemáticos de defensores de direitos humanos e ambientais que atuam em áreas sensíveis, como os conflitos relacionados ao modelo extrativista, a limitação da liberdade de expressão e a participação cívica, além dos desafios enfrentados por mulheres defensoras. O projeto também visa combater a indiferença social, a fragilidade dos sistemas de proteção e a impunidade diante dos crimes cometidos contra esses líderes.
O cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, destacou o papel do “diálogo, da fraternidade e da amizade social na resolução de conflitos”, apontando que a proteção dos defensores é uma responsabilidade coletiva.
“A vida é um dom sagrado de Deus. Não podemos ficar indiferentes diante das vidas ameaçadas daqueles que defendem os direitos humanos e ambientais”, afirmou.
O cardeal Jaime Spengler, presidente do CELAM, ressaltou que o assassinato de centenas de líderes na América Latina exige justiça. Ele destacou que a Igreja tem a missão de apoiar essas causas e denunciar a cultura da morte. O projeto busca reconstruir o tecido social, aumentar a conscientização sobre os riscos enfrentados pelos defensores e impulsionar ações concretas para proteger essas vidas.
A campanha será realizada até o Jubileu da Esperança, em 2025, com o objetivo de garantir que a cultura da vida prevaleça sobre as espirais de violência que afetam a região. Além disso, os organizadores enfatizam a importância do diálogo social como ferramenta para resolver conflitos, como destacado pela secretária Emilce Cuda, que acredita que esse instrumento pode ser crucial para enfrentar as múltiplas formas de violência que assolam a América Latina, como o tráfico de drogas e a exploração mineral.
O cardeal Fernando Chomalí, arcebispo de Santiago do Chile, enfatizou que as ações mais eficazes para apoiar a campanha começam no nível local, com o envolvimento de cada paroquiano. A campanha, que traz os ensinamentos de Laudato si’ e Fratelli tutti, visa incentivar a reflexão sobre como cada pessoa pode contribuir para a construção de um futuro mais justo e seguro para aqueles que defendem os direitos humanos e o meio ambiente.
*Com informações da Vatican News.
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