A Polícia Federal prendeu, na manhã deste sábado (14/12/2024), o ex-ministro da Defesa e general da reserva Walter Braga Netto, no Rio de Janeiro. A ação faz parte do inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado no país após as eleições de 2022. Segundo a PF, Braga Netto teria tentado obstruir o curso das investigações e interferido na produção de provas durante a instrução do processo penal.
Os mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). O general foi preso em sua residência, em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, e será entregue ao Comando Militar do Leste, onde ficará sob custódia do Exército. Durante a operação, agentes também cumpriram um mandado de busca na residência do coronel Peregrino, assessor de Braga Netto.
A investigação aponta que Braga Netto participou de reuniões relacionadas ao planejamento de um golpe para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin, além de conspirar contra o ministro Alexandre de Moraes. Uma dessas reuniões teria ocorrido na residência do general, em 12 de novembro de 2022.
Em novembro deste ano, a Polícia Federal apresentou um relatório ao STF detalhando a atuação do general em diversos episódios relacionados à tentativa de ruptura institucional. A PF também indiciou outros 36 envolvidos, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre as evidências colhidas, foi encontrado um documento na mesa do coronel Peregrino, na sede do Partido Liberal (PL), que detalhava a denominada “Operação 142”. O plano fazia referência ao artigo 142 da Constituição Federal, frequentemente invocado por grupos que defendem a intervenção militar como resposta à derrota eleitoral de Bolsonaro.
De acordo com as autoridades, o documento encerrava com a frase “Lula não sobe a rampa”, sugerindo a intenção de impedir a posse do presidente eleito. A investigação também revelou que a tentativa de golpe incluía planos para o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes, o que reforça a gravidade do caso.
Braga Netto foi candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em 2022. Antes disso, ocupou os cargos de ministro da Casa Civil e da Defesa durante o governo Bolsonaro e comandou a intervenção federal na segurança do estado do Rio de Janeiro em 2018. Sua prisão representa mais um desdobramento no inquérito que investiga ataques ao Estado Democrático de Direito e a articulação de uma ruptura institucional no país.
Dinheiro em caixas de vinho para militares
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e à Polícia Federal (PF), que Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente em 2022, entregou dinheiro vivo a militares das Forças Especiais, conhecidos como “kids pretos”, utilizando embalagens de vinho. A verba teria como objetivo financiar um plano de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva. Braga Netto foi preso pela PF na manhã deste sábado, mas nega envolvimento em qualquer articulação golpista.
A declaração de Mauro Cid foi revelada inicialmente pelo portal ICL e confirmada pelo jornal O Globo. Durante as investigações, a PF também identificou conversas entre Cid e o major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins de Oliveira, conhecido como “Joe”, que foi preso em fevereiro deste ano. Em mensagens trocadas no dia 14 de novembro de 2022, o major discutiu com Cid a necessidade de R$ 100 mil para custear a ida de manifestantes a Brasília. Cid solicitou uma estimativa de custos, incluindo hospedagem, alimentação e materiais, e orientou o envio de pessoas oriundas do Rio de Janeiro.
Embora as mensagens indiquem intenções de uso financeiro, a PF ainda não confirmou se os recursos foram efetivamente pagos ou utilizados. Em nota, a defesa de Braga Netto reiterou que ele não teve envolvimento com nenhum documento ou planejamento relacionado a um suposto golpe. “O General não coordenou, aprovou ou forneceu recursos para qualquer plano”, afirmou a nota.
No último dia 21 de novembro, a PF indiciou Braga Netto, apontando-o como um dos principais articuladores do plano golpista. Conforme o relatório da investigação, o ex-ministro teria recebido o planejamento operacional para mobilizar as Forças Especiais e executar o golpe. Além disso, o plano previa a criação de um “Gabinete de Gestão de Crise”, que seria liderado por Braga Netto e pelo general da reserva Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
A apuração conduzida pela PF integra um conjunto de investigações relacionadas a atos antidemocráticos após as eleições de 2022. Entre os elementos analisados estão mensagens, registros financeiros e depoimentos de envolvidos, que buscam estabelecer a extensão da articulação golpista. Apesar das evidências preliminares, a defesa de Braga Netto e outros investigados tem reafirmado sua inocência, criticando o que consideram “acusações infundadas”
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




