O União Brasil tem intensificado articulações políticas para assumir o comando do Ministério da Justiça, atualmente liderado por Ricardo Lewandowski. Reconhecido por sua proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por decisões judiciais favoráveis ao Partido dos Trabalhadores (PT), Lewandowski é considerado um aliado estratégico no governo.
No entanto, lideranças do União Brasil, capitaneadas pelo senador Davi Alcolumbre, defendem mudanças na pasta como forma de fortalecer alianças no Congresso Nacional e garantir maior estabilidade política. Entre os nomes sugeridos para a substituição, destaca-se o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que, embora tenha negado interesse, é visto como uma escolha estratégica para ampliar a coalizão governista.
Interesses e pressões políticas
A disputa pelo Ministério da Justiça reflete o interesse do União Brasil em ampliar sua influência política e exercer maior controle indireto sobre as ações da Polícia Federal (PF). O partido manifesta insatisfação com investigações recentes que atingiram lideranças e expuseram irregularidades envolvendo recursos de emendas parlamentares, como na Operação Overclean. Essa ação incluiu como investigado o empresário José Marcos de Moura, membro da executiva nacional do partido e apelidado de “Rei do Lixo“.
Davi Alcolumbre tem argumentado que a troca na pasta não apenas fortaleceria a base aliada, mas também reduziria impactos de investigações sensíveis, mitigando danos à imagem do partido. Lewandowski, por sua vez, permanece como um ponto de resistência às ambições do União Brasil devido à sua sólida relação com o presidente Lula e seu papel no equilíbrio interno do governo.
Nos bastidores, a articulação liderada por Alcolumbre visa garantir maior influência do União Brasil e atender aos interesses compartilhados com aliados como o PSD, configurando um movimento de reordenamento de forças dentro do governo federal.
Operação Overclean: os interesses por trás da pressão
A intensificação das pressões políticas coincide com o avanço da Operação Overclean, conduzida pela Polícia Federal, que investiga um esquema de corrupção envolvendo contratos fraudulentos e desvios de recursos públicos. Um dos principais alvos da operação é o empresário José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo”. Moura, que integra a executiva nacional e estadual do União Brasil na Bahia, é acusado de liderar um esquema que teria movimentado R$ 1,5 bilhão em contratos irregulares.
As investigações da Overclean expõem a proximidade de Moura com figuras de destaque do União Brasil e reforçam suspeitas de envolvimento de outros políticos em práticas ilícitas. Durante uma operação policial, agentes apreenderam documentos, mensagens e valores em espécie que indicam possível corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. Além disso, mensagens encontradas no celular de Moura mencionam interlocutores ligados ao senador Davi Alcolumbre.
O impacto das investigações sobre o União Brasil
O avanço das investigações tem gerado desconforto no partido, que acusa a Polícia Federal de direcionar esforços contra seus integrantes. A pressão para controlar o Ministério da Justiça reflete, em parte, a tentativa de mitigar os impactos das apurações. A pasta, responsável por nomear superintendentes da Polícia Federal e liberar recursos para operações, é vista como estratégica para influenciar o ritmo e os rumos das investigações.
Fontes ligadas ao Ministério da Justiça relatam que o partido busca reduzir o alcance de investigações que poderiam comprometer sua posição política.
“O Centrão quer a cadeira da Justiça porque lá existem mecanismos de controle da Polícia Federal”, afirmou, sob anonimato, um assessor do ministério.
Estratégias no Congresso
Além da tentativa de influenciar a condução das investigações, o União Brasil enxerga no controle do Ministério da Justiça uma oportunidade de ampliar seu poder político. A indicação de Rodrigo Pacheco seria uma peça-chave nessa estratégia, garantindo apoio ao governo no Congresso e fortalecendo alianças com o PSD.
Pacheco, no entanto, tem reiterado que não tem interesse no cargo. Enquanto isso, o governo Lula enfrenta o desafio de equilibrar as articulações do União Brasil com a necessidade de manter a estabilidade política em um cenário de instabilidade parlamentar.
Resistência e apoio
Lewandowski, por sua vez, tem reafirmado seu compromisso com a segurança pública e a independência da Polícia Federal. Em reunião ministerial recente, Lula demonstrou apoio ao ministro, posicionando-o ao seu lado durante a fotografia oficial. O gesto foi interpretado como um sinal de prestígio e de que, apesar das pressões, Lewandowski conta com a confiança do presidente.
Ainda assim, as negociações políticas seguem intensas. Assessores do ministro relatam abordagens diretas de parlamentares, com alertas de possíveis dificuldades no Congresso caso a troca de comando não ocorra.
*Com informações de Laryssa Borges, publicadas nesta sexta-feira (25/01/2025) na revista Veja.
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