Presidente do STF solicita parecer da PGR e informações técnicas para definir relatoria da Operação Overclean; Deputado compra apartamento de R$ 9 milhões por 3

Presidente do STF, Roberto Barroso, avalia novo relator para investigação sobre fraudes em emendas parlamentares reveladas na Operação Overclean.
Presidente do STF, Roberto Barroso, avalia novo relator para investigação sobre fraudes em emendas parlamentares reveladas na Operação Overclean.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, deu um novo passo na definição da relatoria do inquérito que investiga fraudes licitatórias e desvios de recursos públicos no âmbito da Operação Overclean. Nesta terça-feira (21/01/2025), Barroso determinou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre o pedido da Polícia Federal (PF) para transferir a relatoria do caso para o ministro Flávio Dino. Atualmente, a investigação está sob responsabilidade do ministro Kassio Nunes Marques, escolhido por sorteio.

A decisão de Barroso também incluiu a solicitação de informações técnicas à Secretaria Judiciária do STF. O caso foi encaminhado à Suprema Corte na última quinta-feira (16), após a PF identificar possível envolvimento de autoridades com foro privilegiado, incluindo deputados federais e senadores, o que exige a competência do STF.

A Operação Overclean e suas implicações

A Operação Overclean tem como objetivo desarticular uma organização criminosa suspeita de fraudes licitatórias, desvios de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro. O esquema teria movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão em contratos fraudulentos e obras superfaturadas. Segundo a PF, a quadrilha também contava com uma célula de apoio informacional formada por policiais, que vazavam informações sensíveis, como a identificação de agentes federais envolvidos em diligências sigilosas.

Entre os crimes sob investigação estão corrupção ativa e passiva, peculato, fraudes em licitações e contratos, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. A investigação teve início após uma notícia-crime da Controladoria-Geral da União (CGU), que apontou irregularidades em contratos entre o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e a empresa Allpha Pavimentações e Serviços de Construções Ltda.

A PF também apreendeu R$ 1,5 milhão em espécie, além de anotações e planilhas, em uma aeronave que seguia de Salvador para Brasília. Esses elementos reforçam as suspeitas de desvios de verbas e corrupção. A operação continua em andamento e já resultou em diversas buscas e apreensões em diferentes estados.

Conexões políticas e suspeitas

O deputado federal Elmar Nascimento (União-BA) é um dos políticos mencionados nas investigações. A PF encontrou em um cofre do empresário José Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, uma escritura de compra e venda de um imóvel que liga o parlamentar às apurações. Moura é apontado como operador do esquema, que teria desviado recursos públicos por meio de licitações fraudulentas e superfaturadas.

Um dos episódios que chamaram atenção ocorreu quando o vereador de Campo Formoso (BA) Francisquinho Nascimento, primo de Elmar e também do União Brasil, tentou descartar uma sacola com mais de R$ 200 mil em dinheiro vivo durante uma ação policial. Além disso, os investigadores descobriram que o deputado Elmar Nascimento adquiriu um imóvel de luxo da filha de Moura por um preço muito abaixo do valor de mercado, o que levantou suspeitas sobre a transação.

O imóvel, localizado em um condomínio de alto padrão em Salvador, foi comprado por R$ 3 milhões, enquanto avaliações do mercado indicam que seu valor real seria aproximadamente três vezes maior. O deputado nega as irregularidades, alegando que o imóvel estava depreciado à época da compra.

Disputa pela relatoria

A PF argumenta que Flávio Dino deve assumir a relatoria por já conduzir outras investigações relacionadas a emendas parlamentares. A primeira tentativa de transferir o caso para Dino foi rejeitada pelo vice-presidente do STF, Edson Fachin, que realizou o sorteio eletrônico. A PF teme que, sob Kássio Nunes Marques, o caso não seja conduzido com o rigor necessário. Indicado ao STF pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Nunes Marques é visto por setores como alinhado ao grupo político conhecido como “Centrão do STF”.

Em resposta ao novo pedido da PF, Barroso considerou possível uma revisão na distribuição do caso e aguarda a manifestação da PGR para decidir sobre a prevenção alegada. Caso a relatoria passe para Dino, o inquérito pode tomar novos rumos, dada a história do ministro em cobrar maior transparência na execução de emendas parlamentares.

Possíveis desdobramentos

O inquérito representa um dos maiores escândalos envolvendo recursos públicos nos últimos anos. A movimentação de R$ 1,4 bilhão em contratos fraudulentos aponta para a necessidade de aprofundamento das investigações. Caso a relatoria seja transferida para Dino, espera-se uma intensificação das ações, especialmente pela atuação do ministro em casos de grande repercussão nacional.

No entanto, o processo enfrenta resistência em diferentes esferas, inclusive no meio político, onde a Operação Overclean gerou apreensão. A eventual mudança de relatoria pode definir os rumos das apurações e sua condução no STF, com impactos significativos tanto no cenário jurídico quanto político.

*Com informações do Jornal O Globo, CartaCapital e Uol.


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