Como tarifas aplicadas pelo presidente Donald Trump sobre alumínio e aço impactam o Brasil e como reage o Governo Lula

A imposição de tarifas pelos EUA pode prejudicar a exportação brasileira de aço e alumínio. O Brasil busca diálogo diplomático para mitigar impactos, enquanto a indústria teme concorrência acirrada no mercado interno. O governo avalia estratégias antes de decidir sobre eventuais retaliações.
O presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva impondo tarifas de 25% sobre aço e alumínio.

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 25% sobre a importação de aço e alumínio pode impactar significativamente as exportações brasileiras. O Brasil, um dos principais fornecedores desses produtos para o mercado americano, vinha ampliando sua participação nos últimos anos.

Em declaração feita no domingo (09/02), Trump afirmou que “qualquer aço que entrar nos Estados Unidos terá uma tarifa de 25%. Alumínio, também.” A ordem executiva, assinada na segunda-feira (10/02), encerra isenções e cotas de importação livre de impostos, podendo intensificar disputas comerciais internacionais.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, defendeu uma abordagem baseada no diálogo para lidar com as tarifas e buscar possíveis exceções para o Brasil. Até o momento, o governo brasileiro não anunciou contramedidas, como o aumento de tarifas sobre importações americanas.

Impacto sobre as exportações brasileiras

O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, perdendo apenas para o Canadá. Em 2024, o país vendeu cerca de 4 milhões de toneladas de aço aos EUA, gerando um faturamento de US$ 2,9 bilhões. O volume representou 15% de todas as importações americanas do metal.

No caso do alumínio, o Brasil exportou 42 mil toneladas, equivalentes a US$ 147,2 milhões, ocupando a 14ª posição entre os fornecedores da commodity para os EUA. Os dados são da Administração de Comércio Exterior dos Estados Unidos.

No primeiro mandato de Trump, em 2018, tarifas semelhantes foram impostas, mas o Brasil conseguiu negociar cotas de isenção. Com o cancelamento desse regime especial, a indústria siderúrgica nacional pode enfrentar dificuldades para manter sua presença no mercado americano.

Consequências para a indústria nacional

O setor industrial brasileiro pode enfrentar dois desafios principais:

  1. Concorrência interna intensificada: a China, afetada pelas tarifas, pode redirecionar suas exportações para a América Latina, elevando a competição e pressionando os preços internos.
  2. Dificuldades logísticas: o Brasil enfrenta desvantagem competitiva frente ao Canadá e México, que possuem custos menores para exportar ao mercado americano.

Segundo Josemar Franco, coordenador de Comércio Internacional da BMJ Consultores Associados, “a indústria brasileira pode ser impactada pelo redirecionamento das exportações chinesas, que ocorrem com preços mais baixos. Isso pode exigir medidas de defesa comercial, como antidumping.”

O ex-secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, aponta que o mercado interno pode ajudar a mitigar os impactos das novas tarifas. Em sua avaliação, a maior parte da produção nacional de aço e alumínio é consumida domesticamente.

Reação do governo brasileiro e de outros países

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que medidas unilaterais como essa prejudicam a economia global e que o governo está analisando possíveis estratégias de negociação. O Itamaraty também está monitorando o impacto da medida antes de tomar uma decisão sobre eventuais retaliações.

Outros países afetados também manifestaram preocupação. A Comissão Europeia indicou que pode adotar medidas em resposta às tarifas americanas. O México, terceiro maior exportador de aço para os EUA, também avalia a situação antes de anunciar medidas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não descartou a possibilidade de aplicar a lei da reciprocidade, elevando tarifas sobre produtos americanos.


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