Presidente Donald Trump impõe tarifas de 18% ao etanol brasileiro e amplia guerra comercial; Medida objetiva enfraquecer Governo Lula

Os Estados Unidos impuseram uma tarifa de 18% sobre o etanol brasileiro como parte da política de "tarifas recíprocas" anunciada por Donald Trump. A medida gerou reações do governo brasileiro, que avalia o impacto econômico e considera recorrer à OMC.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anuncia novas tarifas de importação no Salão Oval da Casa Branca.

O governo dos Estados Unidos anunciou neste mês de fevereiro de 2025 uma nova rodada de tarifas sobre importações estrangeiras, incluindo uma taxa de 18% sobre o etanol brasileiro. A medida faz parte da estratégia de “tarifas recíprocas”, defendida pelo presidente Donald Trump, que busca equilibrar o comércio internacional aplicando aos parceiros comerciais as mesmas taxas que os EUA enfrentam no exterior.

O memorando divulgado pela Casa Branca aponta que, enquanto os Estados Unidos cobram apenas 2,5% sobre o etanol importado do Brasil, o governo brasileiro impõe 18% sobre o etanol americano. Segundo dados oficiais, em 2024 os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol brasileiro, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões para o Brasil.

Trump justificou a decisão alegando que mesmo aliados comerciais têm se aproveitado da economia americana e prometeu uma abordagem customizada para cada país e produto. “A tarifa recíproca significa que qualquer país que cobrar tarifas sobre produtos americanos receberá a mesma taxa sobre seus produtos exportados para os EUA. Nem mais, nem menos”, afirmou o presidente em pronunciamento no Salão Oval.

Impactos no Brasil e Respostas do Governo

A decisão americana gerou preocupação entre autoridades brasileiras. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que o Brasil não precisa temer as tarifas e que a balança comercial entre os dois países é superavitária para os EUA. Ele defendeu cautela antes de uma reação formal do governo brasileiro, aguardando detalhes sobre a implementação das novas taxas.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, também se pronunciou, enfatizando que o Brasil não representa um problema comercial para os EUA. Segundo Alckmin, a balança comercial bilateral é equilibrada e, nos setores de bens e serviços, os Estados Unidos têm um superávit de US$ 7,4 bilhões.

Alckmin defendeu o etanol brasileiro, destacando que a produção a partir da cana-de-açúcar gera menor impacto ambiental e que a melhor solução para a disputa seria uma negociação baseada em cotas, semelhante ao acordo feito com o aço em 2018.

Tarifas e Tensão Comercial Global

O movimento de Trump faz parte de uma estratégia mais ampla de revisão das relações comerciais dos EUA, incluindo tarifas sobre produtos chineses, europeus e de outros mercados emergentes. A administração americana argumenta que a falta de tarifas recíprocas contribui para o persistente déficit comercial dos EUA.

Setores da economia brasileira monitoram os impactos potenciais da nova tarifa, especialmente para as exportações agroindustriais. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) alertou que a medida pode pressionar os preços internos do etanol e afetar o agronegócio brasileiro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil responderá com medidas de reciprocidade, caso os EUA apliquem tarifas sobre o aço ou outros produtos brasileiros. Ele mencionou a possibilidade de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as novas taxações.

Medida Objetiva Enfraquecer o Governo Lula

Analistas políticos apontam que a imposição das tarifas sobre o etanol brasileiro pode ter motivações além das meramente comerciais. A decisão de Trump ocorre em um momento de crescente tensão entre os dois governos, com divergências em temas ambientais, comerciais e diplomáticos.

A taxação sobre o etanol atinge diretamente um dos setores estratégicos da economia brasileira, impactando produtores e exportadores, além de pressionar o governo Lula a adotar contramedidas que podem gerar um efeito dominó nas relações comerciais entre os dois países. O aumento do protecionismo americano, nesse contexto, também reforça uma postura de confronto com governos de orientação política distinta da administração Trump.

Especialistas indicam que a medida pode ser interpretada como um recado ao governo brasileiro para revisar sua postura em acordos internacionais e reduzir sua dependência comercial dos EUA. Ao dificultar a entrada de produtos brasileiros no mercado americano, Trump não apenas protege setores internos dos EUA, mas também impõe um desafio econômico e político ao governo Lula, que já enfrenta dificuldades em equilibrar as contas externas e atrair investimentos.

Cenários e Possíveis Negociações

A Casa Branca indicou que as tarifas ainda passarão por um estudo detalhado antes da implementação, o que pode levar semanas ou meses. Durante esse período, a administração Trump estaria disposta a negociar acordos individuais com cada país.

Setores políticos e empresariais no Brasil defendem que a estratégia do governo seja focada em negociações bilaterais para evitar retaliações que possam prejudicar exportadores brasileiros.


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