A popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou queda expressiva em janeiro, conforme apontado por levantamento do instituto Quaest realizada entre 23 e 26 de 2025. A maior redução ocorreu no Nordeste, onde o índice de aprovação caiu de 67% para 60% entre dezembro e janeiro. A situação acende um alerta no governo e no Partido dos Trabalhadores (PT), uma vez que a região tem sido historicamente um reduto eleitoral petista.
A pesquisa da Quaest, realizada entre 23 e 26 de janeiro de 2025 com 4.500 entrevistados em todo o país, revelou que a avaliação negativa do presidente superou a positiva pela primeira vez desde o início de seu terceiro mandato. O percentual de brasileiros que desaprovam a gestão de Lula aumentou de 47% para 49%, enquanto a aprovação caiu de 52% para 47%.
O Nordeste, que foi determinante para a vitória de Lula em 2022, quando obteve 69,3% dos votos válidos na região, apresentou a maior queda na avaliação positiva do governo. A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), declarou que a fidelidade eleitoral do Nordeste não pode ser considerada garantida em 2026 e cobrou mais investimentos e presença do governo na região.
Fatores que impactaram a popularidade
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), destacou a necessidade de o governo reforçar investimentos na região para atender às expectativas da população. Analistas apontam que fatores como a inflação, especialmente sobre alimentos, e a carga tributária elevada têm impactado negativamente a percepção sobre o governo.
A recente taxação das importações online, conhecida como “taxa das blusinhas”, é citada como um dos fatores que contribuíram para a insatisfação. Pequenos comerciantes e trabalhadores informais, fortemente presentes no Nordeste, foram impactados pela medida. O economista Pedro Menezes, do jornal A Tarde, observa que a tributação deveria ter sido ajustada para minimizar impactos sobre esses segmentos da população.
Outro fator que pode ter influenciado a queda da popularidade foi a polêmica envolvendo o Pix. A Receita Federal ampliou o monitoramento de transações bancárias, o que gerou uma percepção negativa, apesar da informação incorreta de que haveria uma nova taxa sobre o meio de pagamento.
O eleitor Marcos Farias, morador da Paraíba, afirmou à BBC News Brasil que sua insatisfação decorre do aumento de impostos e do impacto direto sobre suas compras de produtos importados. Ele destacou que a taxação encareceu itens eletrônicos essenciais para seu curso técnico e seus hobbies.
O advogado Yago Pereira da Silva, de Recife, relatou que a inflação dos alimentos é um dos principais motivos para sua insatisfação. O preço do café, arroz e feijão subiu significativamente, reduzindo seu poder de compra.
Estratégias do governo para reverter o cenário
Diante desse cenário, o governo Lula busca reação. Uma das iniciativas foi a reformulação da estratégia de comunicação, com a substituição do comando da Secretaria de Comunicação Social (Secom) e a adoção de uma abordagem mais ativa nas redes sociais. Medidas para conter a inflação de alimentos também estão em discussão, mas especialistas apontam que soluções eficazes exigem planejamento de longo prazo.
Além da comunicação, o governo avalia estratégias para melhorar a distribuição de renda e aumentar investimentos em programas sociais. O Bolsa Família, um dos carros-chefes da administração petista, pode passar por ajustes para ampliar o impacto entre os mais necessitados. Há também a possibilidade de novas políticas de incentivo à geração de empregos formais na região.
O governo precisará reforçar sua presença no Nordeste e atender às demandas da população para evitar que a tendência de queda na popularidade se intensifique. O impacto da economia sobre a percepção do eleitorado continuará sendo um fator decisivo para a avaliação do governo nos próximos meses.
Fatores que Impactaram a Queda na Aprovação
Entre os fatores que contribuíram para a queda da popularidade, especialistas apontam:
- Aumento da inflação, com destaque para o encarecimento dos alimentos e produtos básicos;
- A alta carga tributária, incluindo a taxação de importações online, adotada em julho de 2024, que impactou consumidores e pequenos comerciantes;
- A polêmica sobre o Pix, com o governo sendo alvo de desinformação que levou à falsa crença de uma possível taxação sobre a ferramenta;
- Cortes na Educação, que afetaram estudantes de universidades e institutos federais, além de greves que comprometeram o calendário acadêmico;
- Dificuldade na relação com o Congresso, que tem dificultado a implementação de políticas públicas mais efetivas.
Medidas do Governo para Reverter o Cenário
Diante desse cenário, o governo tem adotado medidas para tentar reverter a tendência negativa:
- Mudanças na comunicação: a nova equipe de comunicação da Presidência, sob a liderança do publicitário Sidônio Palmeira, busca aprimorar a divulgação das ações governamentais, com maior ênfase nas redes sociais;
- Controle da inflação: políticas estão sendo estudadas para conter a alta nos preços dos alimentos;
- Aumento de investimentos no Nordeste, especialmente em programas sociais e infraestrutura;
- Reaproximação com a base popular, para reverter o desgaste e recuperar a confiança do eleitorado.
A oposição também reagiu rapidamente. Parlamentares bolsonaristas têm explorado a insatisfação popular, reforçando críticas à política econômica do governo e promovendo a candidatura de Jair Bolsonaro para 2026.
Principais Dados da Pesquisa Quaest
- Aprovação geral do governo:
- Dezembro: 52%
- Janeiro: 47%
- Reprovação geral do governo:
- Dezembro: 47%
- Janeiro: 49%
- Aprovação no Nordeste:
- Dezembro: 67%
- Janeiro: 60%
- Principais motivos da queda na popularidade:
- Inflação e alta nos preços de alimentos
- Taxação de importações
- Polêmica sobre o Pix
- Problemas no setor de Educação
- Relação conflituosa com o Congresso
- Medidas do governo para recuperar aprovação:
- Melhor comunicação
- Controle da inflação
- Investimentos no Nordeste
- Reaproximação com a base popular
*Com informações da Mariana Schreiber, da BBC News.
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