STF analisa denúncia contra presidente Jair Bolsonaro e outros 33 por suposta tentativa de Golpe de Estado; Advogado pede ampliação de prazo para defesa

O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, em audiência com o advogado Celso Vilardi, defensor de Jair Bolsonaro.
O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, em audiência com o advogado Celso Vilardi, defensor de Jair Bolsonaro.

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou a análise da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e 33 outros investigados. A acusação inclui crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Caso a maioria dos ministros da Primeira Turma do STF aceite a denúncia, Bolsonaro e os demais investigados passarão à condição de réus.

Principais alegações da PGR

A denúncia aponta que, a partir de 2021, o ex-presidente teria liderado uma suposta organização criminosa destinada a incitar uma intervenção militar e minar a confiança no sistema eleitoral brasileiro. A acusação é reforçada por depoimentos e provas materiais, como um documento encontrado na sede do Partido Liberal (PL), que continha um discurso pós-golpe supostamente preparado por Bolsonaro. O texto previa a decretação de um Estado de Sítio e o uso das Forças Armadas sob a justificativa de preservar a ordem institucional.

Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o documento reforça o domínio de Bolsonaro sobre os planos da organização criminosa, cujo objetivo seria manter o ex-presidente no poder de forma autoritária.

Delação de Mauro Cid e implicações legais

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, foi uma peça central nas investigações. Sua delação premiada revelou reuniões com grupos radicais, incluindo a elaboração de um plano de intervenção militar baseado no artigo 142 da Constituição. A delação, inicialmente questionada por omissões e contradições, foi mantida após advertências do ministro Alexandre de Moraes.

Cid confirmou a existência de um decreto golpista que teria sido discutido em reuniões no Palácio da Alvorada com líderes militares, como o general Freire Gomes e o almirante Almir Garnier Santos.

A defesa de Bolsonaro e a reação do STF

O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, anunciou que pretende anular a delação de Cid, alegando inconsistências e a necessidade de uma análise mais aprofundada do contexto das declarações. Segundo Vilardi, as novas evidências apresentadas pela Polícia Federal (PF) não comprometem a situação do ex-presidente.

Por sua vez, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, defendeu que o processo judicial deve ser conduzido com imparcialidade, afastando a politização das investigações. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou o princípio da presunção de inocência e o direito à ampla defesa para todos os acusados.

Divisão no Congresso e polarização política

O caso provocou reações opostas no Congresso Nacional. Deputados governistas, como Rogério Correia (PT-MG), comemoraram o avanço da denúncia, enquanto membros da oposição reagiram com críticas e acusações de perseguição política. A tensão refletiu a polarização que ainda marca o ambiente político brasileiro.

O impacto da denúncia no cenário político

Especialistas afirmam que a aceitação da denúncia pode representar um divisor de águas para a política brasileira, afetando diretamente as estratégias eleitorais futuras do ex-presidente Bolsonaro e de seus aliados. Caso a denúncia seja aceita, um processo penal será iniciado, e, em caso de condenação, os envolvidos poderão ser impedidos de ocupar cargos públicos.


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