A recente polêmica envolvendo o ativismo judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e empresas e autoridades norte-americanas vem se tornando um ponto sensível nas relações entre Brasil e Estados Unidos. O artigo “Faísca com potencial para grande incêndio”, publicado nesta quinta-feira (06/03/2025) na Tribuna da Bahia por Joaci Góes, alerta para as consequências diplomáticas e econômicas que essa disputa pode gerar.
A intervenção do Executivo brasileiro em defesa do ministro do STF ampliou a crise para o cenário político. Segundo Góes, “a precipitada corrida do Executivo Brasileiro em declarar apoio ao Ministro do Judiciário transformou em crise política um episódio que poderia ter se esgotado dentro de seus próprios limites originais”. A matéria destaca que esse desdobramento pode resultar em prejuízos para a imagem do Brasil no exterior e afetar tanto pessoas físicas quanto jurídicas.
Outro ponto abordado no artigo é a acusação de crime de lesa-pátria contra o deputado Eduardo Bolsonaro, o que, segundo o autor, cria condições para uma “tempestade perfeita”, prejudicando principalmente os interesses do povo brasileiro.
“Os revezes sofridos pelas pessoas físicas envolvidas terão sido ocasionados pela imprudência delas próprias. Quem pariu Mateus que o embale!”, afirma Góes.
Impacto e Possíveis Consequências
A análise destaca que o maior risco não está na busca por um culpado, mas no impacto diplomático da crise. O autor sugere que, caso a situação continue se agravando, pode haver até mesmo uma ruptura das relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. “Seria um retrocesso que nos conduziria à condição de pária internacional”, alerta.
Popularidade de Lula e a Resposta Política
O artigo também traça uma relação entre essa crise e os desafios internos enfrentados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja popularidade tem caído seguidamente.
“Para quem não confunde o que vê com o que deseja, é de evidência solar que, em seu esforço para recuperar sua abissal queda de popularidade, o Presidente Lula opera como se estivesse caminhando em chão movediço”, pontua Góes.
Segundo o autor, a resistência do Partido dos Trabalhadores (PT) em ceder espaço no governo agrava a instabilidade. A troca no Ministério das Relações Institucionais, com a substituição de Alexandre Padilha por Gleisi Hoffmann, foi criticada por ser um movimento que pode intensificar os conflitos dentro do Congresso. “Significa, na prática, apagar fogo com gasolina”, afirma Góes, mencionando a conhecida intolerância da presidente do PT com setores políticos divergentes.
Além disso, circulam especulações sobre a possibilidade de incluir Guilherme Boulos (PSOL) no ministério, o que, segundo Góes, “será acender um fósforo no paiol”.
Bolsonaro, STF e a Sucessão Presidencial
O artigo também discute o futuro político do Brasil e a possível candidatura de Jair Bolsonaro em 2026. Segundo Góes, a divisão do campo conservador seria uma estratégia para viabilizar um candidato governista.
“Agora, quando fica cada vez mais evidente que a única possibilidade do atual governo fazer o sucessor consiste na liberdade para Bolsonaro concorrer, em razão de sua candidatura dividir os conservadores, desde que Lula também não concorra”, destaca.
O impasse se agrava com o posicionamento de Alexandre de Moraes, que, segundo Góes, “não tem como recuar do seu voto condenatório do Capitão, já redigido, in pectore“.
Por fim, o artigo argumenta que Lula dificilmente abrirá mão da disputa em 2026, citando sua postura histórica:
“Lula já deixou bem claro, ao longo de sua rocambolesca biografia, que só renuncia ao tómulo”.
*Joaci Góes, advogado, jornalista, escritor, empresário e político brasileiro, nascido em Ipirá, Bahia, em 1938, preside o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), mais antiga e uma das mais importantes instituições culturais do estado, com sede em Salvador.
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