Maestro Estevam Moura: A vida e a obra de um expoente da música baiana

O maestro Estevam Moura, natural de Santo Estevam, Bahia, foi um dos grandes nomes da música baiana, especialmente reconhecido por sua atuação como regente e compositor. Embora tenha falecido jovem, aos 43 anos, sua produção musical, que inclui dobrados e outras composições, permanece relevante até hoje. Estevam viveu grande parte de sua vida em Feira de Santana, onde obteve reconhecimento e consolidou sua carreira. Sua história é marcada por uma trajetória romântica e uma carreira dedicada à música, apesar das dificuldades financeiras.
O maestro Estevam Moura, referência na música baiana, foi regente de diversas filarmônicas e compôs obras que ainda são referências no estado e fora dele.

Estevam Pedreira de Moura, conhecido como maestro Estevam Moura, nasceu em 3 de agosto de 1907, na antiga vila de Santo Estevam, hoje município de Santo Estevam, na Bahia. Filho de pai negro e neta de escravos, e mãe branca, Estevam chamava atenção desde a infância pelo seu comportamento tranquilo e interesse pela música. Aos seis anos, enquanto seus colegas brincavam com objetos comuns da época, como bolas de gude, ele construía flautas com bambu e taguara. Aos sete anos, recebeu sua primeira ocarina, um tipo de flauta de barro comum no interior do Nordeste, e logo iniciou sua jornada musical.

A professora Francisca Simões, atenta ao seu talento, o apresentou à Filarmônica 26 de Dezembro, na qual ele viria a se tornar regente. Aos 18 anos, mudou-se para Bonfim de Feira a convite do pecuarista Godofredo Leite e passou a regir a Filarmônica Minerva, período em que compôs muitos dobrados, vendendo suas obras para se manter financeiramente. Esse período também foi marcado por um romance com Regina Bastos Carvalho, filha de uma família abastada que inicialmente não aceitava o relacionamento. Após dificuldades e separações temporárias, o casal fugiu para Santo Estevam e casou-se em 1931.

Após o casamento, Estevam mudou-se para Afonso Pena, atualmente Conceição do Almeida, onde continuou sua carreira musical, regendo a filarmônica local. Mais tarde, transferiu-se para Feira de Santana, onde se tornou regente da Filarmônica 25 de Março e professor de música do Colégio Santanópolis, instituição de grande importância na cidade. Estevam também foi regente do Coral São Miguel e trabalhou como funcionário da Guarda Municipal de Feira de Santana. Durante sua vida, Estevam e Regina tiveram dois filhos, Olga Maria Carvalho Moura e Ernani Carvalho Moura. Para ajudar nas dificuldades financeiras, Regina começou a fabricar doces que eram vendidos por crianças nas ruas de Feira de Santana.

Apesar do reconhecimento pela qualidade de sua música, Estevam não obteve grandes recompensas financeiras. Durante a Segunda Guerra Mundial, devido à escassez de matéria-prima, ele improvisava instrumentos de sopro utilizando palhetas de bambu envernizadas. Entre suas composições mais destacadas estão os dobrados “Alicio Cerqueira”, “Arnold Silva”, “Magnata”, “Constelação”, “Sonho Azul”, “Réveillon Irene Silva”, “Vida e Morte” e “O Final”, obra escrita já prevendo sua morte. A vida de Estevam Moura chegou ao fim de forma precoce, em 8 de maio de 1951, aos 43 anos, deixando um legado importante na música baiana.


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