O Ministério Público Federal (MPF) realizou uma audiência pública nesta terça-feira (11/03/2025), na sede da Procuradoria-Geral da República (PGR), para discutir a regularização fundiária de três terras indígenas no sul da Bahia. O evento reuniu mais de 300 participantes, incluindo indígenas, procuradores, representantes do governo federal e entidades da sociedade civil.
O procurador da República Ramiro Rockenbach, que coordenou a audiência, apresentou um panorama sobre a situação das Terras Indígenas Barra Velha do Monte Pascoal, Tupinambá de Olivença e Tupinambá de Belmonte. Esses territórios, distribuídos entre oito municípios baianos, abrangem uma área superior a 108 mil hectares e são habitados por mais de quatro mil indígenas.
Segundo Rockenbach, não há impedimentos jurídicos ou técnicos para a finalização dos processos, cabendo ao governo federal publicar as portarias declaratórias para consolidar a titulação. O Ministério da Justiça e Segurança Pública é o órgão responsável pela conclusão dessas demarcações.
Segurança e Direitos dos Povos Indígenas
Durante o evento, foi feita uma homenagem ao indígena Vitor Braz, morto na noite de segunda-feira (10/03) em um ataque à comunidade de Barra Velha do Monte Pascoal, localizada em Porto Seguro (BA). O caso foi mencionado pelo MPF como parte de um histórico de violência que só será mitigado com a finalização das demarcações.
A subprocuradora-geral da República Eliana Torelly, coordenadora da Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF (6CCR), reforçou que a efetivação da territorialidade é essencial para a implantação de políticas públicas voltadas à segurança e proteção dos povos indígenas.
O procurador da República Marcos André Carneiro criticou a aprovação da Lei 14.701/2023, que valida a tese do marco temporal e restringe o direito dos indígenas à demarcação de terras ocupadas antes da Constituição Federal de 1988. Segundo Carneiro, a Bahia lidera os índices de conflitos no campo, registrando 250 episódios de violência em 2023, de acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Participação de Autoridades e Entidades
A audiência contou com representantes da Presidência da República, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério dos Povos Indígenas, Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Governo da Bahia, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
Organizações como a Federação Indígena das Nações Pataxó e Tupinambá do Extremo Sul da Bahia (Finpat), Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba), Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) também participaram do evento.
1. Terras Indígenas em Questão
- Nome das terras:
- Barra Velha do Monte Pascoal
- Tupinambá de Olivença
- Tupinambá de Belmonte
- Localização:
- Municípios: Itabela, Itamaraju, Prado, Porto Seguro, Ilhéus, Buerarema, Una e Belmonte (Bahia)
- Área total: 108 mil hectares
- População indígena afetada: Mais de 4 mil pessoas
- Situação: Processo de demarcação aguardando finalização há mais de 10 anos
2. Demandas e Problemas Identificados
- Obstáculos: Não há impedimentos jurídicos ou técnicos para a finalização dos processos
- Órgão responsável pela finalização: Ministério da Justiça e Segurança Pública
- Principais preocupações:
- Segurança da população indígena
- Atraso na titulação dos territórios
- Implementação de políticas públicas nos territórios demarcados
3. Segurança e Conflitos
- Caso de violência recente: Assassinato do indígena Vitor Braz, ocorrido em 10/03/2024 em Barra Velha do Monte Pascoal
- Contexto: Ataques frequentes a comunidades indígenas
- Índice de conflitos no campo: 250 casos em 2023, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT)
- Estado mais afetado: Bahia
4. Aspectos Jurídicos e Legislativos
- Tese do Marco Temporal: Prevê que apenas terras ocupadas por indígenas até 5 de outubro de 1988 podem ser reconhecidas
- Lei 14.701/2023: Oficializa a tese do Marco Temporal
- Posicionamento do STF: Considera a tese inconstitucional
- Críticas: Procuradores argumentam que a demarcação de terras é essencial para garantir a paz e os direitos dos povos indígenas
5. Autoridades e Entidades Presentes
- Representantes do Governo Federal:
- Presidência da República
- Ministério da Justiça e Segurança Pública
- Ministério dos Povos Indígenas
- Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania
- Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar
- Governo da Bahia
- Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai)
- Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH)
- Entidades Indígenas e Organizações Civis:
- Federação Indígena das Nações Pataxó e Tupinambá do Extremo Sul da Bahia (Finpat)
- Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba)
- Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme)
- Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib)
- Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí)
- Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
Confira vídeo
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