Na sexta-feira (11/04/2025), a República Popular da China anunciou um novo pacote tarifário contra os Estados Unidos, elevando para 125% a taxa sobre produtos norte-americanos. A medida é uma resposta direta à imposição de tarifas generalizadas anunciadas na semana anterior pelo presidente Donald Trump.
Logo após o anúncio, o dólar registrou sua cotação mais baixa em três anos frente a uma cesta de moedas fortes, entre elas o euro, o iene japonês, a libra esterlina, o dólar canadense, a coroa sueca e o franco suíço, com o ICE US Dollar Index recuando 1,8%, abaixo do patamar de 100.
Impactos nos mercados e na dívida pública dos EUA
A escalada tarifária provocou reações nos mercados financeiros, com quedas acentuadas nos principais índices acionários dos Estados Unidos e elevação das taxas de juros nos títulos do Tesouro americano, considerados termômetro da confiança na economia.
Nos últimos dias, o rendimento dos títulos com vencimento em 10 anos saltou de 3,9% para 4,5%, em consequência da venda acelerada desses ativos por investidores temerosos quanto à política econômica norte-americana. O cenário atual remete ao colapso enfrentado pelo Reino Unido em 2022, quando o mercado de dívida pública forçou a renúncia da então primeira-ministra Liz Truss.
Trump recua parcialmente após pressão do mercado
Diante da pressão, o presidente Trump anunciou uma trégua tarifária de 90 dias para os países que não responderam às medidas adotadas pelos EUA, mantendo o aumento apenas para a China. Segundo analistas, o fator decisivo para essa mudança foi a deterioração no mercado de títulos, e não recomendações políticas internas.
Em sua rede social, Trump reafirmou que os EUA estão “se saindo muito bem” e classificou o momento como “ótimo para o mundo”, apesar das fortes reações globais e das perdas em trilhões de dólares nos mercados.
China denuncia ‘tirania comercial’
O Ministério das Finanças da China classificou as ações dos EUA como “tirania comercial”, e o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, afirmou que o país “jamais aceitará práticas hegemônicas e intimidadoras”. A China também reiterou que as tarifas norte-americanas são uma violação das regras internacionais e do bom senso econômico.
O aumento de 145% nas tarifas americanas sobre determinados produtos chineses — especialmente os vinculados à produção de fentanil — representa o ponto mais elevado da atual disputa comercial. A resposta de Pequim, por sua vez, sinaliza que a guerra tarifária se aproxima de uma ruptura sistêmica nas relações bilaterais.
União Europeia monitora situação e cogita resposta
Em paralelo, o ministro das Finanças da Alemanha, Joerg Kukies, afirmou que a União Europeia avaliará uma resposta coordenada caso as negociações com os Estados Unidos fracassem. Kukies destacou a necessidade de a Europa fortalecer sua indústria digital e ampliar sua autonomia tecnológica frente ao domínio de empresas norte-americanas.
Riscos para a economia global e dívida americana
Especialistas alertam que o aumento das tarifas pode pressionar a inflação e ampliar o custo da dívida pública dos EUA, que precisa refinanciar aproximadamente US$ 9 trilhões em 2025. O risco fiscal, somado à perda de confiança nos títulos do Tesouro, pode forçar o governo norte-americano a elevar impostos ou reduzir investimentos públicos, com efeitos indiretos sobre a população.
Com cerca de 70% da dívida dos EUA nas mãos de estrangeiros, especialmente da China, há o temor de que Pequim possa vender títulos americanos em larga escala, elevando ainda mais os juros. Tal movimento agravaria o custo do financiamento do Estado e impactaria diretamente consumidores, fundos de pensão e o crédito no país.
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