Em entrevista concedida ao jornalista Lauriberto Pompeu, publicada nesta terça-feira (27/05/2025) pelo jornal O Globo, ACM Neto, vice-presidente nacional do União Brasil, delineou os contornos estratégicos que seu partido pretende seguir rumo às Eleições de 2026.
Na avaliação de ACM Neto, o cenário político brasileiro começa a apresentar definições mais claras, especialmente no campo da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-prefeito de Salvador reiterou a postura crítica de seu partido em relação à atual gestão federal e destacou que o União Brasil prepara uma federação partidária com o Partido Progressistas (PP) como eixo central de sua atuação política nos próximos anos.
Segundo Neto, a principal diretriz do acordo em formação é a exclusão de integrantes da futura federação de cargos no governo federal, reforçando a intenção de construir uma oposição coesa e programática, desvinculada da administração petista. O posicionamento busca consolidar um polo alternativo de poder com vistas à disputa presidencial e às composições legislativas de 2026.
A Federação União Brasil-PP: Um Novo Poder na Política Nacional
A articulação para a formação da federação entre União Brasil e PP é um dos movimentos políticos mais relevantes do período pré-eleitoral. Essa união, que ainda aguarda homologação formal pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem o potencial de criar o maior bloco político no Congresso Nacional, tanto em número de parlamentares quanto em acesso a recursos eleitorais. ACM Neto enfatiza que, uma vez consolidada, a federação terá um projeto político claro e coeso, o que torna a ocupação de cargos no governo Lula incoerente.
“Eu defendi que nunca sequer houvesse qualquer membro do partido integrando o governo”, afirmou Neto.
Ele esclareceu que, após a formalização da federação, o debate interno sobre a saída de cargos será prioritário. A expectativa é que a deliberação formal resulte na desocupação das posições por parte dos membros da federação, solidificando a oposição ao atual governo.
Distanciamento de Lula e Busca por um Nome Consensual em 2026
A posição de oposição do União Brasil não é recente. ACM Neto relembrou sua neutralidade na disputa presidencial de 2022, mas destacou a necessidade de um candidato próprio para 2026. “Não faz sentido você ocupar cargos no governo se o seu projeto político é oposto a esse”, reiterou, apontando para a importância de uma candidatura que represente o centro ou a direita.
A busca por um nome viável e competitivo é uma das prioridades. O vice-presidente do União Brasil descartou a neutralidade do partido nas próximas eleições presidenciais, enfatizando a afirmação da postura de oposição ao PT e o desejo de construir uma alternativa para a Presidência. Ele mencionou que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, é o nome que o União Brasil apresenta neste momento para a corrida presidencial.
Apesar da postura nacional, Neto reconheceu a possibilidade de acordos estaduais diferenciados. “Não creio que seja a expectativa de ninguém obrigar os estados a seguirem necessariamente uma diretriz nacional”, disse, indicando que as realidades regionais podem gerar flexibilidade nas alianças.
Críticas à Gestão Lula: Economia e Percepção Pública
As críticas à administração Lula foram pontuais e direcionadas à eficácia e aceitação popular. ACM Neto argumentou que o presidente não conseguiu compreender a base eleitoral que o elegeu em 2022, que, em sua visão, se deu mais pela rejeição ao seu adversário do que por adesão irrestrita ao PT. “Lula governa com o PT e para o PT”, sentenciou Neto, afirmando que a “versão Lula 3 é muito pior do que a 1 e a 2”.
Ele citou a estagnação econômica e o aumento dos preços de itens básicos como exemplos de falhas na gestão, contrastando com promessas de campanha. “Prometeram picanha e cerveja e estão entregando café, carne, gás de cozinha, ovo com preço lá em cima”, criticou, ressaltando que o governo enfrenta uma reprovação nunca antes vista, inclusive no Nordeste, região tradicionalmente mais favorável ao PT.
A percepção de um governo “com cheiro de mofo” e a incapacidade de “reeditar programas que deram certo no passado” reforçam a tese de que a atual administração carece de dinamismo e conexão com as demandas atuais da população.
O Papel de Bolsonaro e a Construção da Ampla Aliança
Na construção de um projeto de centro-direita, ACM Neto reconheceu a influência inquestionável de Jair Bolsonaro, classificando-o como o “maior eleitor da direita no país”. A discussão sobre o envolvimento de Bolsonaro na articulação de 2026 é inevitável, mas Neto defende uma candidatura ampla que agregue do centro à direita, evitando vetos ou imposições.
A viabilidade jurídica de uma candidatura, especialmente considerando a situação de Bolsonaro, é um ponto crucial. Neto enfatizou que “o ideal é que a gente não caminhe em uma direção que deixe dúvida ao eleitor quanto à viabilidade jurídica de uma candidatura”, referindo-se à inelegibilidade. Ele também expressou que a decisão sobre uma anistia aos condenados pelo 8 de janeiro ou a recuperação da elegibilidade de Bolsonaro é matéria exclusiva do Poder Judiciário.
A relação entre Ronaldo Caiado e Bolsonaro, que já apresentou momentos de atrito, é vista por Neto em uma “fase positiva”, com sinalizações que indicam diálogo e construção conjunta.
Esclarecimentos sobre Investigações
Sobre as investigações envolvendo o empresário José Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, e supostos desvios de emendas, ACM Neto reiterou sua ausência de relação com a investigação. Ele confirmou a amizade com o empresário, mas negou qualquer envolvimento com as apurações, afirmando que já foi noticiado que ele não é investigado nesse inquérito. A preocupação com a imagem do partido diante de tais investigações foi minimizada por Neto, que não vê como o caso afetaria o União Brasil.
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