Coronel da PM afirma ao STF que atos de 8 de janeiro de 2023 não teriam ocorrido se plano de segurança fosse seguido

Declaração foi feita durante depoimento à investigação que apura tentativa de golpe de Estado em 2023.
Declaração foi feita durante depoimento à investigação que apura tentativa de golpe de Estado em 2023.

Na terça-feira (27/05/2025), a coronel da Polícia Militar do Distrito Federal, Cíntia Queiroz, declarou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 não teriam ocorrido se o plano de segurança elaborado tivesse sido executado integralmente.

A declaração foi feita durante depoimento prestado ao ministro Alexandre de Moraes, no âmbito da ação penal que investiga integrantes do chamado “Núcleo 1” da trama golpista, grupo acusado de planejar a tentativa de golpe contra a democracia brasileira.

Depoimento no STF

A coronel foi ouvida como testemunha de defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, que na época estava de férias nos Estados Unidos. Cíntia ocupava o cargo de subsecretária de operações da Secretaria de Segurança Pública do DF no dia dos ataques.

Segundo a coronel, o plano de segurança previa a chegada de aproximadamente 2 mil pessoas em caravanas e estabelecia que os manifestantes não teriam acesso à Esplanada dos Ministérios. Questionada pela defesa se as invasões ao Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal teriam ocorrido caso o planejamento fosse cumprido, a coronel respondeu de forma categórica: “Não, com certeza, não”.

Polícia Federal também prestou esclarecimentos

Na mesma audiência, foram ouvidos delegados da Polícia Federal (PF) como testemunhas de defesa de Anderson Torres.

O ex-diretor da PF Márcio Nunes afirmou que participou de uma reunião durante as eleições de 2022, na qual Torres solicitou que a Polícia Federal mantivesse a mesma intensidade de atuação do primeiro turno para prevenir crimes eleitorais.

Márcio Nunes negou que a PF tenha realizado qualquer ação de “policiamento direcionado”, como o que foi atribuído à Polícia Rodoviária Federal (PRF) no bloqueio de ônibus de eleitores no Nordeste. Segundo ele, a atuação da PF foi realizada dentro da legalidade, com foco no policiamento ostensivo e preventivo para garantir a segurança do processo eleitoral.

Andamento do processo

Os depoimentos das testemunhas, indicadas tanto pela acusação quanto pela defesa, estão programados para ocorrer entre 19 de maio e 2 de junho.

Após essa etapa, os réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, serão convocados para interrogatório, cuja data ainda não foi definida.

Composição do “Núcleo 1” do processo

O Núcleo 1, considerado pelo STF como o núcleo central da tentativa de golpe de Estado, é composto pelos seguintes réus, cuja denúncia foi aceita de forma unânime pela Primeira Turma do Supremo em 26 de março de 2025:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;

  • Walter Braga Netto, general do Exército e ex-ministro;

  • General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;

  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);

  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF;

  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;

  • Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa;

  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator.

*Com informações da Agência Brasil.


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