Domingo, 11/05/2025 — O sistema partidário brasileiro passa por uma profunda transformação, impulsionada por fusões, incorporações e federações, com impacto direto na formação de bancadas, distribuição de recursos e alianças para as eleições de 2026. Desde 2015, o número de partidos encolheu cerca de 30%, com a projeção de que apenas 24 agremiações sobrevivam às exigências legais e à reorganização do Congresso.
O impacto da legislação e a implantação das federações
A emenda constitucional nº 97/2017 foi um marco nesse processo, ao proibir coligações proporcionais e instituir a cláusula de barreira, que impõe às siglas um desempenho mínimo para acesso ao fundo partidário e tempo de propaganda. A regra, em vigor desde 2018, endurece gradualmente até 2030. Em resposta, partidos começaram a aderir às federações, estrutura que os obriga a atuar como uma única legenda por pelo menos quatro anos.
Até 2025, quatro federações foram formalizadas: PT-PCdoB-PV, PSOL-Rede, PSDB-Cidadania e União Brasil-PP, esta última denominada União Progressista, com a maior bancada da Câmara (109 deputados) e expressiva presença no Senado (14 senadores). A expectativa é que novas federações surjam como estratégia de sobrevivência e fortalecimento eleitoral.
Redução de siglas e fusões
O processo de fusão entre PSDB e Podemos, com previsão de futura federação com o Solidariedade, visa garantir sobrevivência institucional e competitividade eleitoral. Nove partidos desapareceram desde a adoção das novas regras: PPL, PRP, PHS, PSL, DEM, PROS, PSC, Patriota e PTB.
Além disso, o PSDB+Podemos já articula sua reestruturação programática para se apresentar como alternativa à polarização entre Lula (PT) e o campo bolsonarista. O movimento também visa atrair parlamentares e prefeitos de siglas médias, diante da fragilidade das legendas menores diante da cláusula de barreira.
A reconfiguração também afeta alianças históricas. O MDB, por exemplo, discute federação com o Republicanos, o que poderia distanciá-lo da base do governo Lula (PT). Caso se concretize, o novo grupo terá 88 deputados, 15 senadores e cinco governadores, consolidando uma das maiores forças políticas do país. A aliança já conta com apoio de líderes como Renan Filho, Baleia Rossi e Marcos Pereira.
Centralização das decisões e conflitos regionais
As federações também concentram o poder decisório nas cúpulas partidárias, reduzindo a autonomia regional. A União Progressista, por exemplo, definiu que todas as candidaturas a governador e senador precisarão de aval da direção nacional, gerando tensões em estados como Bahia, Pernambuco, Acre e Paraíba.
Esses conflitos envolvem disputas diretas entre líderes das legendas federadas. No Acre, por exemplo, o governador Gladson Cameli (PP) e o senador Alan Rick (União Brasil) disputam a indicação para a sucessão estadual. Na Paraíba, Efraim Filho (União) e Lucas Ribeiro (PP) também se enfrentam. Na Bahia, o embate se dá entre o grupo de ACM Neto (União) e setores do PP que aderiram ao governo Jerônimo Rodrigues (PT).
No Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite, recém-filiado ao PSD, pretende disputar a Presidência ou o Senado em 2026 e defender a candidatura de seu vice, Gabriel Souza (MDB), ao governo. O movimento indica aliança entre PSD e MDB, em contraponto às estratégias do PT local. Ao mesmo tempo, o PSD busca fortalecer sua base no Sul e consolidar Leite como alternativa ao lulismo e ao bolsonarismo.
Tendências para 2026
O ciclo de federações, fusões e extinções deve se intensificar com a exigência da cláusula de barreira de 3% dos votos nacionais ou eleição de 15 deputados federais em pelo menos nove estados até 2030. Partidos de centro e centro-direita buscam se antecipar, visando às eleições de 2026 e à ocupação de espaços estratégicos no Legislativo e no Executivo.
A movimentação também redefine o tabuleiro presidencial. O PSD, com Eduardo Leite e Ratinho Júnior, tenta construir uma candidatura viável. O Republicanos, por sua vez, aposta em Tarcísio de Freitas, hoje governador de São Paulo, como possível nome à sucessão de Bolsonaro, caso o ex-presidente permaneça inelegível. Já o União Progressista pleiteia protagonismo, podendo indicar um nome à vice-presidência.
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