Na segunda-feira (28/04/2025), o economista Felipe Salto publicou no portal UOL Economia o artigo intitulado “A tesoura cega do Governo Lula”, no qual realiza uma crítica contundente à estratégia de cortes fiscais adotada pela atual gestão federal. O autor destaca que as recentes medidas, longe de promoverem um ajuste fiscal consistente, revelam improvisação e falta de planejamento, fatores que podem comprometer seriamente a credibilidade do país perante investidores e organismos internacionais.
Segundo Salto, o governo operou cortes de aproximadamente R$ 25 bilhões no Orçamento de 2025, como tentativa de conter o crescimento das despesas obrigatórias e cumprir a meta de resultado primário. No entanto, ele observa que a decisão foi tomada sem diagnóstico preciso e sem mudanças estruturais que permitissem sustentabilidade no médio e longo prazo.
“Cortar despesas obrigatórias sem rediscutir a estrutura de gastos é como tentar curar uma infecção com curativos”, comparou o economista. Ele argumenta que a simples tesourada em investimentos, emendas e despesas discricionárias gera efeitos colaterais prejudiciais, especialmente sobre áreas sensíveis como saúde, educação e infraestrutura.
Falta de reequilíbrio entre receitas e despesas
Outro ponto destacado no artigo é que o governo Lula, ao insistir em cortes superficiais, não promoveu a revisão necessária das regras fiscais e da composição das despesas obrigatórias, tampouco modernizou os instrumentos de controle orçamentário. Para Salto, a falta de um programa estruturado de consolidação fiscal piora o risco-país e agrava a pressão sobre a taxa de juros.
O autor também critica o anúncio, por parte do Executivo, de que novos aumentos de receita seriam perseguidos, sem que houvesse clareza quanto às bases e os limites para tal expansão. “Essa insistência na receita, sem corte consistente da despesa, é um erro conhecido e já praticado no passado”, adverte.
Credibilidade em xeque
Na análise de Salto, a ausência de reformas relevantes, como a revisão do teto de gastos e a reestruturação da previdência, somada à condução improvisada dos cortes, mina a confiança no ajuste fiscal brasileiro. Ele alerta que, caso não haja mudança de rumo, o país pode enfrentar aumento dos prêmios de risco, encarecimento do crédito e retração de investimentos externos.
“É preciso um plano sério, baseado em metas claras e realistas, para evitar que a deterioração fiscal se transforme numa crise econômica mais ampla”, sentencia.
Ao final do artigo, Felipe Salto propõe que o governo reavalie imediatamente a sua estratégia fiscal, elaborando uma agenda de reformas e ajustes estruturais que envolva tanto o lado da despesa quanto da receita, sob pena de comprometer a estabilidade econômica duramente conquistada nas últimas décadas.
1. Dados sobre o Corte Fiscal
-
Valor dos cortes: aproximadamente R$ 25 bilhões no Orçamento de 2025.
-
Áreas afetadas: investimentos, emendas parlamentares e despesas discricionárias.
-
Método utilizado: cortes lineares e sem reestruturação da despesa obrigatória.
2. Críticas à Estratégia do Governo
-
Improvisação: cortes feitos sem diagnóstico técnico ou estudo de impacto.
-
Ausência de planejamento: falta de programa estruturado de consolidação fiscal.
-
Descompasso: insistência em aumento de receitas sem revisar a despesa.
3. Riscos Econômicos Apontados
-
Aumento do risco-país: agravamento da percepção de instabilidade fiscal.
-
Pressão sobre a taxa de juros: elevação dos custos de financiamento interno.
-
Redução da confiança: impactos negativos sobre investimentos privados e externos.
4. Falhas Estruturais Identificadas
-
Não revisão do arcabouço fiscal: ausência de reformas no teto de gastos.
-
Inação sobre despesas obrigatórias: falta de reestruturação na previdência, benefícios e folha salarial.
-
Instrumentos antiquados de controle: manutenção de práticas orçamentárias ineficientes.
5. Recomendações de Felipe Salto
-
Plano de consolidação fiscal sério: com metas realistas e acompanhamento rigoroso.
-
Reformas estruturais: revisão de gastos obrigatórios e modernização do controle fiscal.
-
Equilíbrio entre receita e despesa: sem dependência exclusiva de aumentos de arrecadação.
Quem é Felipe Salto
Felipe Salto é economista-chefe e sócio da Warren Investimentos, com uma sólida trajetória no setor público e privado. Atuou como Secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo em 2022 e foi o primeiro Diretor-Executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal entre 2016 e 2022. Também exerceu a função de Assessor Econômico do Senador José Serra (2015-2016) e trabalhou na Tendências Consultoria Integrada (2008-2014), consolidando-se como especialista em contas públicas. É membro do Conselho Superior de Economia da FIESP, do Conselho de Assessoramento Técnico da IFI e do Conselho de Altos Estudos em Finanças e Tributação da Associação Comercial de São Paulo, além de lecionar Finanças Públicas no IDP e escrever como colunista do jornal O Estado de S. Paulo.
Formado em Economia pela FGV/EESP e mestre em Administração Pública e Governo pela FGV/EAESP, Felipe Salto recebeu diversos reconhecimentos acadêmicos e profissionais, incluindo a primeira colocação no Prêmio GV/Pesquisa (2013) e o Prêmio Jabuti (2017). Organizou livros de referência como Reconstrução: o Brasil nos anos 20 (2022), Contas Públicas no Brasil (2020) e Finanças Públicas: da contabilidade criativa ao resgate da credibilidade (2016). Em 2023, foi eleito “Economista do Ano” pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), consolidando sua posição como uma das principais vozes em finanças públicas no país.
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




