Presidente Lula destaca papel da China na infraestrutura e saúde durante o IV Fórum CELAC-China

Presidente Lula defende multilateralismo e anuncia acordos bilaterais em Pequim, com foco em infraestrutura, tecnologia e saúde pública.

Em discurso durante a abertura do IV Fórum da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) com a China, realizado na terça-feira (13/05/2025), em Pequim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou o papel estratégico da China como parceira prioritária para a América Latina, especialmente nas áreas de infraestrutura, saúde, tecnologia e inovação. Lula destacou que a cooperação sino-latino-americana pode ser decisiva para promover um modelo de crescimento econômico aliado à sustentabilidade ambiental.

Parceria em infraestrutura e integração regional

O presidente brasileiro sublinhou que o apoio chinês é essencial para tirar do papel rodovias, ferrovias, portos e linhas de transmissão, ressaltando que o sucesso desses projetos depende da coordenação regional entre os países latino-americanos para garantir viabilidade econômica e escala de atuação.

Não precisamos apenas de corredores de exportação, mas de rotas que sejam vetores de desenvolvimento e união”, afirmou Lula.

Multilateralismo e reforma da governança global

Lula defendeu o aperfeiçoamento do sistema multilateral, argumentando que o mundo enfrenta uma crise institucional, cuja resposta não deve ser o abandono do multilateralismo, mas sua reforma estrutural. Em gesto simbólico, propôs que a América Latina apoie a eleição da primeira mulher como Secretária-Geral da ONU.

A governança global já não espelha a diversidade da humanidade”, declarou o presidente brasileiro.

Avanços em inteligência artificial e inovação tecnológica

Lula enfatizou a necessidade de reduzir as assimetrias tecnológicas por meio da cooperação com a China, especialmente em áreas como inteligência artificial, ciência aplicada e transformação digital. Para o presidente, é imprescindível evitar que a revolução digital aprofunde desigualdades entre países e povos.

Sustentabilidade e COP30

Ao abordar a crise climática global, Lula destacou a importância da parceria com a China na promoção de tecnologias limpas e estratégias de preservação ambiental. A COP30, que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém (PA), foi apontada como uma oportunidade decisiva para reafirmação de compromissos climáticos globais com justiça social e desenvolvimento.

Acordos bilaterais e investimentos estratégicos

Na véspera do fórum (12/05), o presidente Lula participou de reuniões com representantes de empresas chinesas e anunciou acordos bilaterais em três eixos prioritários:

1. Vacinas e biotecnologia

  • Memorando entre Eurofarma e Sinovac Biotech para criação do Instituto Brasil-China de Inovação em Biotecnologia (iBRID), dedicado ao desenvolvimento de vacinas avançadas e imunoterapias.

2. Insumos farmacêuticos ativos (IFAs)

  • Parceria entre Aurisco e Nortec Química S.A., com instalação de novas unidades industriais no Rio de Janeiro, voltadas à produção de IFAs sintéticos e biotecnológicos. Investimento estimado: R$ 350 milhões.

3. Equipamentos médicos

  • Acordos com as empresas Careray, SIUI, Wandong Medical, Shinva Medical e Iray Group para fabricação no Brasil de ultrassons, tomógrafos, radioterapia e esterilizadores.

Projetos em andamento

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a visita permitiu acelerar ações já em curso:

  • Produção de insulina glargina no Brasil;

  • Desenvolvimento de vacina contra a dengue com o Instituto Butantan;

  • Implantação de hospital inteligente com inteligência artificial e cirurgia robótica, em parceria com universidades chinesas e o Novo Banco de Desenvolvimento (BRICS).

Comércio bilateral e geopolítica

A China é, desde 2009, o principal parceiro comercial do Brasil. Em 2023, o comércio bilateral somou US$ 157,5 bilhões, com superávit de US$ 51,14 bilhões para o Brasil. O país asiático também lidera as trocas comerciais com vários países da América Latina.

Queremos exportar mais e comprar mais. Boa política é a que traz ganhos para ambos os lados”, declarou Lula.

Xi Jinping critica EUA e promete apoio à região

Durante o fórum, o presidente chinês Xi Jinping criticou as políticas unilaterais e de “intimidação” adotadas pelos Estados Unidos, em referência à guerra tarifária conduzida por Donald Trump. Xi prometeu US$ 9,2 bilhões em crédito para projetos de desenvolvimento na América Latina, além de cooperação no combate ao terrorismo, crime organizado e intercâmbio educacional.

Seminário empresarial China-Brasil

Na segunda-feira (12/05), Lula participou de um Seminário Empresarial China-Brasil, que contou com 700 empresários e autoridades de ambos os países. Foram anunciados R$ 27 bilhões em investimentos chineses no Brasil, distribuídos em setores como:

  • Indústria automotiva

  • Energia renovável

  • Tecnologia

  • Mineração

  • Saúde

  • Logística

  • Alimentos

Segundo Jorge Viana, presidente da Apex Brasil, a intensificação do laço com a China é estratégica diante das tensões comerciais globais.

Visão geopolítica e integração latino-americana

Lula reforçou que o futuro da América Latina não deve depender de potências externas, mas de esforço regional e soberania estratégica. Defendeu ainda que os países latino-americanos aproveitem sua história comum e recursos naturais para reverter o ciclo histórico de subordinação econômica.

Ou nos unimos e buscamos parceiros que queiram construir um mundo compartilhado, ou continuaremos a representar a pobreza global”, afirmou.


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