Discurso de Zé Curuca na Câmara Municipal de Feira de Santana expõe falhas de decoro e linguagem agressiva

Vereador Zé Curuca direciona ataques pessoais ao secretário de Cultura de Feira de Santana e ataca Governo Ronaldo.

O discurso proferido pelo vereador José Marques de Messias, conhecido como Zé Curuca (União Brasil), durante sessão da Câmara Municipal de Feira de Santana na quinta-feira (26/06/2025), revelou tensões políticas internas, fragilidades no decoro parlamentar e um padrão discursivo que compromete a qualidade do debate público.

A manifestação do vereador foi marcada por fragmentação de ideias, repetição de expressões, linguagem informal e ataques verbais, com destaque para a ausência de estrutura lógica e coesão argumentativa. A falta de clareza prejudicou a efetividade da cobrança ao Poder Executivo, esvaziando o conteúdo político e comprometendo o papel institucional do parlamentar como representante das demandas sociais.

A retórica empregada revela improviso sem embasamento técnico, o que demonstra carência de assessoramento legislativo qualificado para intervenções em plenário. A forma desordenada enfraquece o vínculo entre o Legislativo e os anseios populares e compromete a seriedade do espaço parlamentar.

Personalização do discurso e desvio da crítica institucional

Durante a fala, Zé Curuca dirigiu-se de forma direta ao secretário municipal de Cultura, Esporte e Lazer, Cristiano Lobo, utilizando termos pejorativos como “moleque” e “secretáriozinho fraco”. Tais expressões ultrapassam os limites da crítica administrativa legítima, configurando ataques pessoais que, em tese, violam o decoro parlamentar.

Embora parlamentares tenham a prerrogativa de fiscalizar e criticar a atuação do Executivo, o uso de insultos pessoais desvirtua a função pública do mandato, substituindo o conteúdo propositivo pela retórica do confronto, com impacto negativo sobre o ambiente democrático.

Reivindicações legítimas afetadas pelo tom personalista

Apesar da forma inadequada, a fala do vereador traz demandas reais da comunidade de Humildes, como a melhoria da infraestrutura de eventos e serviços públicos. No entanto, ao personalizar excessivamente a crítica, o parlamentar converte uma pauta coletiva em instrumento de projeção individual, o que descaracteriza a função representativa e aproxima o discurso de práticas populistas.

O Parlamento deve preservar a distinção entre a firmeza da cobrança política e o respeito às normas democráticas. A transformação de uma demanda popular em espetáculo retórico fragiliza o conteúdo e compromete a legitimidade do pleito junto ao Executivo.

Consequências para o debate público e o ambiente institucional

O padrão discursivo adotado, com excessos verbais, ausência de propostas e ataques pessoais, enfraquece a confiança da população no Legislativo e rebaixa o nível do debate público, estimulando a polarização e desincentivando a busca por soluções racionais. O exemplo dado por parlamentares em plenário influencia diretamente a percepção da sociedade sobre o funcionamento das instituições.

É essencial que os membros do Legislativo feirense reforcem sua função republicana, priorizando o diálogo institucional, o conteúdo técnico e o respeito mútuo, especialmente nas críticas a agentes públicos.


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