Donald Trump alerta sobre novas ambições do presidente Vladimir Putin durante Cimeira 2005 da Otan em Haia

Presidente dos Estados Unidos levanta possibilidade de expansão territorial da Rússia além da Ucrânia; aliados da Otan firmam compromisso de aumento dos gastos militares até 2035.

Durante entrevista coletiva na Cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), realizada nesta quarta-feira (25/06/2025 ) na cidade de Haia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou que é “possível” que o presidente russo Vladimir Putin não limite suas ambições territoriais à Ucrânia, levantando a hipótese de futuras agressões militares a outros países europeus.

Em declaração feita a jornalistas, Trump afirmou que Putin é “uma pessoa mal orientada” e revelou que o líder russo lhe telefonou recentemente oferecendo ajuda para atuar como interlocutor nos conflitos entre os Estados Unidos, Israel e Irão. Segundo Trump, ele teria respondido: “Pode me ajudar é com a Rússia”.

Negociações com Putin e o conflito na Ucrânia

O presidente norte-americano reiterou que tem mantido comunicação frequente com Putin e que ambos estão dialogando sobre a guerra na Ucrânia. Apesar de ter prometido, no início de seu segundo mandato, que resolveria o conflito em 24 horas, Trump afirmou agora que as negociações são mais complexas do que o previsto e que o líder russo é “mais difícil” do que se imaginava.

Durante a cúce, Trump também se reuniu com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, com quem discutiu a possibilidade de fornecimento de sistemas de defesa aérea Patriot. O presidente americano classificou o encontro como “bom” e disse que Zelenskyy “gostaria de ver o fim da guerra”.

Compromisso da Otan: 5% do PIB em defesa até 2035

Na reunião de dois dias, os 32 países-membros da Otan aprovaram uma meta conjunta de aumentar os investimentos em defesa para 5% do PIB até 2035, sendo 3,5% para despesas essenciais (equipamentos, tropas, operações) e 1,5% para investimentos relacionados (cibersegurança, mobilidade militar, infraestrutura crítica). A decisão foi comemorada por Trump como “uma grande vitória”.

Divergências entre os aliados

Embora o acordo tenha sido firmado, países como Espanha e Eslováquia sinalizaram que não pretendem cumprir integralmente a meta. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, defendeu uma abordagem mais flexível, afirmando que os objetivos de capacidade podem ser atingidos com investimentos inferiores aos estipulados.

O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, manifestou ceticismo em relação à possibilidade de alguns membros cumprirem as metas com gastos reduzidos. O primeiro-ministro belga, Bart De Wever, e o grego Kyriakos Mitsotakis defenderam que os objetivos devem ser vinculativos. Trump criticou a posição espanhola, afirmando que fará com que Madri “pague o dobro de outras formas”.

Portugal atua como mediador

Portugal desempenhou um papel discreto na mediação do acordo, intercedendo junto aos países reticentes quanto à meta. O primeiro-ministro Luís Montenegro confirmou que o país ajudou a negociar a extensão do prazo de 2032 para 2035, garantindo maior adesão dos membros da aliança e evitando a imposição de aumentos anuais fixos.

Compromisso com o Artigo 5 e presença da Ucrânia

A declaração final da cúce reafirma o compromisso da Otan com o Artigo 5 do Tratado de Washington, que estabelece a defesa coletiva entre os membros. Embora Trump tenha declarado que o apoio dependerá da “definição” de ataque, o texto da aliança reforça a unidade.

Apesar da presença de Zelenskyy, o termo “Ucrânia” foi mencionado apenas duas vezes no documento final, contrastando com o texto da cúce de 2024. Ainda assim, os aliados reafirmaram o compromisso com o país, afirmando que sua segurança “contribui diretamente para a segurança euro-atlântica”.

Menção à Rússia e retorno à prioridade estratégica

A Rússia foi citada apenas uma vez no texto, como ameaça de longo prazo à segurança da região. Fontes diplomáticas afirmam que a brevidade da menção indica um retorno à função primordial da Otan, de contenção à influência russa na Europa, sem dispersão para outras regiões como o Indo-Pacífico.


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