Quinta-feira, 29/05/2025 — Instituída inicialmente como medida emergencial durante a pandemia da COVID-19, a Lei Aldir Blanc consolidou-se como uma das mais abrangentes políticas públicas de fomento à cultura no Brasil. Com a criação da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), o governo federal estruturou um novo modelo de financiamento para o setor, prevendo R$ 15 bilhões em repasses até 2029, com gestão compartilhada entre União, estados e municípios.
Origem e contexto da Lei Aldir Blanc
A Lei nº 14.017/2020, sancionada em 29 de junho de 2020, estabeleceu o repasse de R$ 3 bilhões para o apoio a trabalhadores da cultura e espaços culturais impactados pela crise sanitária. O instrumento, de caráter emergencial, surgiu diante da paralisação de atividades culturais provocada pelas medidas de isolamento social. A legislação homenageia Aldir Blanc, compositor e cronista brasileiro falecido em maio de 2020, vítima da COVID-19.
Transformação em política pública permanente
Com a publicação da Lei nº 14.399/2022, a iniciativa transitou de medida provisória para política de Estado, criando a PNAB com vigência até 31 de dezembro de 2029. O programa estabelece repasse anual de até R$ 3 bilhões, destinados ao financiamento de ações como:
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Fomento direto a projetos culturais;
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Manutenção de espaços culturais;
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Apoio a pontos e pontões de cultura;
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Obras de infraestrutura cultural.
Os recursos são descentralizados para estados, municípios e o Distrito Federal, conforme critérios populacionais e indicadores culturais estabelecidos pelo Ministério da Cultura.
Adesão massiva dos entes federativos
Dados do governo federal apontam que 5.568 dos 5.570 municípios brasileiros aderiram à PNAB, juntamente com todos os estados e o Distrito Federal. Apenas Santa Cruz da Esperança e Ipiguá, ambos no estado de São Paulo, ficaram de fora. Essa adesão corresponde a 99,9% das cidades do país, consolidando o programa como política nacional de amplo alcance.
Alterações legislativas recentes
Em abril de 2025, o Congresso Nacional aprovou ajustes na Lei nº 14.399/2022 para flexibilizar os critérios de execução dos recursos:
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Municípios com até 500 mil habitantes deverão comprovar a execução mínima de 50% dos recursos recebidos anteriormente;
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Municípios com população superior mantêm o critério de 60% de execução mínima;
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Foi prorrogado o prazo de execução dos recursos previstos até 2029, visando a melhor adequação às realidades locais.
Essas mudanças buscam garantir maior efetividade na aplicação dos recursos, promovendo inclusão regional e assegurando o cumprimento das metas pactuadas.
Exigência de fundos culturais próprios
A partir de 2027, os entes federativos deverão contar com Fundos Estaduais e Municipais de Cultura ativos e regulamentados como pré-requisito para continuar recebendo os recursos da PNAB. O Ministério da Cultura, por meio de ações formativas e consultorias técnicas, tem orientado os gestores locais a criar e estruturar seus fundos conforme as exigências legais e administrativas.
Caminhos e desafios para a efetividade da PNAB
Apesar do avanço normativo e da ampla adesão, a efetiva implementação da PNAB enfrenta desafios operacionais e institucionais, entre eles:
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Baixa capacidade técnica em alguns municípios;
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Falta de conselhos de cultura ativos;
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Ausência de planos e sistemas locais de cultura atualizados;
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Dificuldades no monitoramento e prestação de contas.
O êxito da PNAB dependerá da cooperação federativa, da transparência na gestão dos recursos e do envolvimento da sociedade civil no controle social das políticas culturais.
PNAB até 2029
A Lei Aldir Blanc consolidou-se como um instrumento de fomento estruturante da cultura brasileira, superando o caráter emergencial que a originou e transformando-se em política pública permanente. A implementação da PNAB até 2029 representa um avanço na institucionalização das políticas culturais, assegurando recursos e estrutura para a valorização da diversidade cultural em todo o território nacional. A continuidade de sua execução exigirá esforços coordenados entre os entes federativos e engajamento das comunidades culturais.
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