Durante entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (03/06/2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou um diagnóstico otimista sobre o desempenho recente da economia brasileira, defendeu a articulação com o Congresso Nacional para ajustes fiscais e anunciou novas ações sociais com foco nas camadas mais vulneráveis da população.
O chefe do Executivo reiterou que o Brasil vive, atualmente, um ciclo de “colheita” das políticas estruturantes implementadas desde 2023, mencionando investimentos robustos, ampliação da inclusão social e retomada de obras públicas paralisadas.
Dados econômicos e crescimento acima da expectativa
Segundo o presidente, o país registrou um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,2% em 2023 e 3,4% em 2024, superando projeções de mercado. No primeiro trimestre de 2025, os resultados também surpreenderam analistas, indicando tendência de manutenção da curva de crescimento.
Comparativo histórico e investimentos do Novo PAC
Lula comparou o desempenho atual à última vez em que o Brasil cresceu acima de 3%, em 2010, ainda sob seu governo. Destacou que, até o momento, o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) já executou R$ 711 bilhões em investimentos públicos e privados, com foco em habitação, educação, infraestrutura e saúde.
Avanço em políticas sociais e novo pacote de medidas
O presidente anunciou a implementação de novas políticas sociais, voltadas à inclusão produtiva, à redução das desigualdades e à melhoria das condições de vida das famílias de baixa renda.
Principais programas destacados
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“Agora Tem Especialista”: programa de acesso facilitado a médicos especialistas para usuários do SUS, com prioridade para diagnósticos e exames de alta complexidade;
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Tarifa social de energia elétrica: isenção de cobrança para consumidores com consumo inferior a 80 kWh e subsídio para famílias com renda de até 1,2 salário mínimo per capita;
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Crédito para reforma de habitação popular: linha de financiamento específica para pequenas reformas residenciais;
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Subsídio ao gás de cozinha: nova política de regulação para o preço final do botijão;
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Crédito subsidiado para motociclistas de delivery: foco em microempreendedores e entregadores informais;
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Criação de 102 novos Institutos Federais e ampliação do modelo de escolas de tempo integral;
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Pé-de-meia educacional: incentivo financeiro para permanência de jovens no ensino médio;
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Meta de alfabetização até 2030: universalização da alfabetização até o 2º ano do ensino fundamental.
Embate sobre o IOF e negociação com o Congresso
A proposta do Ministério da Fazenda de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para compensar a desoneração da folha de pagamento gerou resistência no Congresso Nacional e no setor produtivo. Lula reconheceu a necessidade de maior articulação e anunciou a realização de reuniões com líderes partidários para reavaliar a medida.
“Antes de qualquer envio ao Congresso, devemos reunir presidentes da Câmara, do Senado e líderes da base. Esse é o caminho republicano”, disse o presidente.
Possibilidade de revogação parcial
Questionado sobre a cobrança de IOF sobre operações como “risco sacado”, o presidente afirmou que está analisando o impacto da medida e discutirá com lideranças do setor privado e do Legislativo, sem descartar uma revogação.
Fraudes no INSS e responsabilização
Sobre o escândalo envolvendo entidades intermediadoras de benefícios do INSS, o presidente informou que:
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Todos os repasses foram suspensos;
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As investigações estão sendo conduzidas por CGU e Polícia Federal;
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O governo irá ressarcir os beneficiários prejudicados;
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Somente serão mantidas em operação as entidades que comprovarem legalidade documental e não participação nas fraudes.
“Não vamos antecipar julgamentos, mas haverá punição exemplar. O governo não tolerará esquema que prejudique aposentados”, declarou.
Política ambiental e acordos internacionais
Lula defendeu o papel da ministra Marina Silva, alvo de críticas no Congresso, e afirmou que a lentidão no licenciamento ambiental se deve, em parte, à falta de servidores especializados no Ibama, agravada por cortes anteriores.
Reiterou a necessidade de conciliar desenvolvimento sustentável com preservação ambiental, sobretudo em temas como hidrelétricas, rodovias e mineração.
“Nada será aprovado sem responsabilidade técnica e legal. O Ministério Público está atento, e o governo respeita isso”, afirmou.
Relações exteriores e soberania nacional
Críticas aos EUA por ameaças ao ministro Moraes
O presidente criticou possíveis sanções dos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes, classificando a atitude como inaceitável e ofensiva à soberania brasileira. Lamentou a postura de parlamentares brasileiros que “pedem intervenção estrangeira contra as instituições nacionais”.
“É prática antipatriótica e inaceitável. O Judiciário brasileiro merece respeito internacional”, declarou.
Cooperação com a China e regulação das redes sociais
Lula confirmou que aguarda a visita de um emissário chinês para compartilhar experiências sobre a regulação das plataformas digitais. O objetivo, segundo o presidente, é enfrentar a desinformação sem comprometer liberdades civis, com debate público e projeto de lei no Congresso Nacional.
Conflitos internacionais: Gaza, Ucrânia e G7
Lula reiterou sua posição sobre a guerra em Gaza, reafirmando que “não se trata de guerra, mas de genocídio”. Criticou a postura do governo de Israel e defendeu o reconhecimento do Estado Palestino com base nas fronteiras de 1967.
Quanto à guerra na Ucrânia, afirmou que pretende debater o tema com líderes internacionais durante a possível participação do Brasil na Cúpula do G7, a depender de sua agenda internacional.
Perspectivas para 2026 e composição ministerial
O presidente evitou comentar sobre futuras candidaturas ministeriais, incluindo de Fernando Haddad e Geraldo Alckmin. Afirmou que continuará focado na gestão e lançará três novos programas sociais nos próximos meses.
Disse também que mudanças ministeriais serão avaliadas conforme critérios técnicos e políticos, e que está “tranquilo com o desempenho da equipe”.
Política monetária e juros
Ao ser questionado sobre a manutenção da taxa básica de juros, Lula respondeu que a inflação está sob controle e que confia na condução do Banco Central, hoje sob comando de Gabriel Galípolo. Reforçou, no entanto, que a taxa está elevada e impacta o crédito, mas destacou a ampliação da oferta de crédito subsidiado para empreendedores e agricultores como contrapeso à política monetária restritiva.
Confira vídeo
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