Na terça-feira (15/07/2025), o Instituto dos Auditores Fiscais do Estado da Bahia (IAF Sindical) divulgou que a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no estado cresceu 4,06% em termos reais no primeiro semestre de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024. O total arrecadado foi de R$ 20,35 bilhões, consolidando o ICMS como o principal tributo estadual, responsável por cerca de 90% da receita tributária da Bahia.
Do montante total, R$ 630 milhões referem-se à recuperação de créditos fiscais, o que representa um aumento real de 220% em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado está diretamente relacionado às iniciativas do Programa de Conformidade Tributária, conduzido pela Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (Sefaz-BA).
“Tal crescimento reflete o acerto do programa de Conformidade Tributária, onde a Secretaria da Fazenda enfatizou maior participação do Fisco na recuperação dos créditos constituídos, maior proximidade com o contribuinte e menor imposição de penalidades com vistas à regularidade das obrigações tributárias”, avaliou Josias Menezes, diretor de Assuntos Econômicos e Financeiros do IAF Sindical.
Indústria e comércio lideram crescimento da arrecadação
Os dados indicam expansão em diversos segmentos da atividade econômica, com destaque para:
Setor industrial:
-
Agroindústria: +43,51%
-
Bebidas: +3,87%
-
Metalúrgica: +13,06%
-
Mineração e derivados: +2,54%
-
Indústria química: +14,41%
Setor comercial:
-
Atacado: +10,58%
-
Supermercados: +17,55%
-
Varejo: +5,79%
O desempenho do setor comercial evidencia recuperação do consumo e da circulação de mercadorias, com impacto direto na base de cálculo do ICMS.
Queda na arrecadação em setores específicos
Apesar do crescimento geral, alguns segmentos apresentaram variações negativas, com destaque para:
-
Petróleo e combustíveis: -10,15%
-
Transporte: -13,47%
-
Serviços de utilidade pública (energia e comunicações): -4,70%
A retração nesses setores decorre principalmente da aplicação das Leis Complementares nº 192/2022 e nº 194/2022, que modificaram a sistemática de incidência do ICMS. A LC 192/2022 determinou cobrança única do imposto sobre combustíveis, com base no consumo final. Já a LC 194/2022 limitou a alíquota do ICMS para bens essenciais, como energia elétrica, combustíveis, gás natural, comunicações e transporte coletivo.
Antes dessas alterações, tais segmentos estavam sujeitos a alíquotas de até 25% acrescidas do Adicional do Fundo de Combate à Pobreza, o que elevava a carga tributária. Com a nova sistemática, passaram a ter alíquotas padrão, reduzindo a arrecadação nesses setores.
Fatores adicionais de impacto
Outros fatores que influenciaram negativamente a arrecadação incluem:
-
Queda no consumo de serviços de telefonia, em razão da migração para plataformas de comunicação digital;
-
Expansão da geração distribuída de energia solar, com fornecimento direto ao consumidor final e redução do valor da fatura de energia elétrica.
Análise crítica: arrecadação sólida, mas com desafios estruturais
O crescimento da arrecadação do ICMS em 2025 indica eficiência na gestão fiscal e resiliência da economia baiana em setores-chave. A forte recuperação de créditos fiscais mostra que políticas de conformidade tributária e diálogo com o contribuinte podem ser mais eficazes que sanções punitivas.
Contudo, a queda de arrecadação nos segmentos regulados por legislação federal, como combustíveis e energia, impõe limites à autonomia fiscal dos estados. O modelo de unificação de alíquotas e a classificação de bens essenciais, embora voltados à modicidade tarifária e justiça fiscal, reduzem a margem de arrecadação em setores tradicionalmente robustos para o ICMS.
Essa realidade exige diversificação da base tributária, inovação na fiscalização digital e monitoramento contínuo das mudanças no consumo e na matriz energética.
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




