Na terça-feira (08/07/2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em Brasília, dando continuidade às agendas bilaterais iniciadas durante a 17ª Cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro. O encontro consolida a convergência estratégica entre os dois países, que celebram 80 anos de relações diplomáticas e buscam protagonismo conjunto na reformulação da ordem internacional.
Cooperação multissetorial e fortalecimento do BRICS
Brasil e Índia reafirmaram compromissos em áreas prioritárias como combate ao terrorismo, segurança alimentar, saúde, tecnologia e inovação, além de aprofundarem a colaboração no contexto do BRICS. A visita oficial foi marcada pela assinatura de novos acordos de cooperação técnica, científica e comercial, com destaque para iniciativas nas áreas de agricultura familiar, produção de medicamentos e intercâmbio educacional.
Segundo Carolina Pedroso, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os dois países “representam a emergência do Sul Global como agente político no cenário internacional, com capacidade de formular soluções alternativas às propostas das grandes potências”. Ela destaca que Brasil e Índia, por não serem potências hegemônicas tradicionais, “possuem maior liberdade para inovar em suas posturas diplomáticas”.
Convergências geopolíticas e complementação estratégica
Jorge Ramalho, professor da Universidade de Brasília (UnB), observou que as realidades internas e regionais de Brasil e Índia são distintas, mas que no plano global existe “forte convergência de interesses”, sobretudo em relação à reforma do sistema multilateral e ao fortalecimento da governança global. Ramalho também pontuou que há espaço para cooperação em setores como biotecnologia, defesa, vacinas e energias renováveis.
“A Índia enfrenta desafios geopolíticos com China e Paquistão, enquanto o Brasil mantém uma posição mais confortável. Mesmo assim, a distância geográfica elimina tensões diretas e favorece uma parceria baseada na complementaridade econômica e diplomática”, afirmou o especialista.
Economia, comércio e relações culturais
A Índia é a quinta maior economia do mundo, enquanto o Brasil ocupa a décima posição. Ambos os países compartilham experiências históricas de colonização e enfrentam desafios semelhantes no campo social, educacional e tecnológico. A cooperação Sul-Sul, como destacaram os especialistas, tende a seguir uma lógica de ganhos mútuos.
O comércio bilateral ainda apresenta potencial subexplorado, conforme análise da professora Carolina Pedroso. Embora os Estados Unidos sejam o principal destino das exportações indianas, e a China lidere as transações com o Brasil, há espaço para diversificação de mercados e ampliação do fluxo de investimentos bilaterais.
Vacinas, patentes e inovação tecnológica
Na área da saúde, Ramalho ressaltou que a Índia fortaleceu seu setor farmacêutico ao seguir o exemplo do Brasil na quebra de patentes de medicamentos nos anos 1990, consolidando-se como um polo global de produção de genéricos. Atualmente, o Brasil busca retomar a fabricação nacional de vacinas, reduzindo a dependência externa — incluindo de doses importadas da Índia — o que aponta para sinergias produtivas e tecnológicas.
Intercâmbio cultural e cooperação científica
Outro ponto destacado pelos analistas é o interesse recíproco entre as sociedades brasileira e indiana por aspectos culturais e históricos, o que amplia a base social da diplomacia bilateral. Além disso, há oportunidades concretas de cooperação em educação, ciência espacial, energia limpa e digitalização de serviços públicos.
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