O ex-prefeito de Araraquara (SP) e ex-ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, foi eleito presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) com 239.155 votos, o equivalente a 73,48% dos votos válidos, no primeiro turno do Processo de Eleição Direta (PED) realizado no domingo (06/07/2025). O anúncio oficial foi feito na sede nacional da legenda em Brasília, na noite da segunda-feira (07/07/2025).
Edinho derrotou os outros três candidatos à presidência da sigla: o deputado federal Rui Falcão (36.279 votos – 11,15%), Romênio Pereira (36.009 votos – 11,06%) e Valter Pomar (14.006 votos – 4,30%). Os dados foram divulgados pelo atual presidente interino do PT, senador Humberto Costa, com base na apuração parcial de 342.294 votos, desconsiderando ainda as urnas de Minas Gerais, onde a votação foi adiada por decisão judicial.
Discurso de posse destaca unidade partidária, reeleição de Lula e combate a privilégios
Em seu primeiro pronunciamento como presidente eleito, Edinho agradeceu publicamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela confiança, reafirmando que será um dirigente de “todas as correntes do PT”. O novo líder destacou a necessidade de coesão interna e compromisso com a democracia diante da ascensão de forças autoritárias.
“A reeleição do presidente Lula em 2026 é a principal tarefa da nossa tática política. Ela representa a continuidade do projeto de reconstrução nacional e a vitória da democracia sobre o autoritarismo de inspiração fascista”, afirmou Edinho.
Edinho também defendeu a construção de um Brasil sem privilégios, reafirmando o alinhamento com a agenda do governo federal em defesa da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e da taxação de grandes fortunas. Ele afirmou que pretende dialogar com os movimentos sociais, com a juventude e com novos segmentos da sociedade, para fortalecer a base de apoio ao projeto petista.
Lula como fiador da candidatura e articulação de alianças para 2026
A eleição de Edinho Silva foi respaldada por forte apoio do presidente Lula e da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no partido. O dirigente terá a responsabilidade de coordenar a articulação da candidatura presidencial de Lula em 2026, bem como construir uma ampla frente progressista, que inclua partidos aliados como PSB, PCdoB, PV, PSOL, Rede, Solidariedade, Avante e Pros.
Durante sua campanha interna, Edinho percorreu 22 estados, ouvindo lideranças locais e defendendo a necessidade de unificar o discurso e ampliar a presença do partido nos estados onde perdeu força política. Também ressaltou a importância de construir candidaturas competitivas para os parlamentos estaduais e federais, ampliando a representação petista no Congresso.
Desafios estruturais: envelhecimento da militância, comunicação digital e fragmentação
A nova gestão do PT enfrentará desafios estruturais relevantes, como o envelhecimento do corpo de filiados. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que apenas 8,32% dos filiados têm até 34 anos, percentual que era de 25,46% em 2010. No mesmo período, o partido perdeu relevância fora do Nordeste e viu sua influência nos governos estaduais ser reduzida para 14,6% da população brasileira.
A ausência de renovação das lideranças, aliada à dificuldade em dialogar com a nova classe trabalhadora, o eleitorado evangélico e as pautas da juventude, coloca em xeque a capacidade do PT de manter-se como principal força da esquerda brasileira no pós-Lula.
O cientista político Marco Antônio Teixeira, da Fundação Getulio Vargas (FGV), avalia que o PT precisa se reconectar com novos formatos de militância, especialmente nas redes sociais, onde grupos da direita e do bolsonarismo avançaram no engajamento com o eleitorado jovem.
“O PT envelheceu e não conseguiu renovar suas lideranças no mesmo ritmo das transformações políticas e sociais do país. O partido precisa urgentemente formular uma proposta nacional de segurança pública e se tornar protagonista nas agendas de transição energética e justiça climática”, disse Teixeira.
Reconhecimento a Gleisi Hoffmann e encerramento de disputas internas
Edinho elogiou a ex-presidente do PT e atual ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmando que ela foi a “maior dirigente da história do partido” e que atuou com firmeza durante os períodos mais críticos, como a prisão de Lula, a Lava Jato e o impeachment de Dilma Rousseff.
Apesar de divergências anteriores — Edinho criticou Gleisi em 2024 por ter assinado um manifesto contra a política fiscal de Fernando Haddad —, o novo dirigente afirmou que o PT é uma construção coletiva e que divergências fazem parte da democracia interna. Ele também sinalizou que não pretende centralizar decisões e trabalhará para manter a coesão entre as diversas tendências internas da legenda.
Pendências no processo eleitoral e nova votação em Minas Gerais
A votação em Minas Gerais foi adiada após decisão judicial envolvendo a candidatura da deputada Dandara Tonantzin, que havia sido impugnada por suposta inadimplência partidária. A Justiça, no entanto, reconheceu a regularidade de sua filiação, e a nova eleição no estado está prevista para domingo (13/07/2025).
Apesar da pendência, a direção nacional do PT declarou que os votos restantes não alteram o resultado nacional, confirmando a eleição de Edinho em primeiro turno.
Missão até 2029: sucessão de Lula e reorganização do partido
Edinho comandará o partido até 2029, período que inclui as eleições municipais de 2026 e a possível última candidatura presidencial de Lula. Um de seus principais desafios será preparar a legenda para o cenário pós-Lula, fortalecendo nomes internos com potencial de liderança e ampliando a base eleitoral para além dos redutos tradicionais do PT.
“O sucessor de Lula não será um nome. Será o PT”, afirmou Edinho durante a campanha, reafirmando o compromisso com a coletividade partidária e o programa histórico da legenda.
A nova gestão também será responsável por reorganizar a estrutura administrativa da sigla, definir os demais cargos da direção até 26 de julho e reforçar a interlocução com segmentos populares, incluindo o eleitorado evangélico, os trabalhadores por aplicativo, os pequenos empreendedores e os jovens mobilizados em redes digitais.
*Com informações da Folha de S.Paulo, Veja e Poder360.
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