Ministro Ricardo Lewandowski recebe título de Professor Emérito da USP e defende papel estratégico da ciência

O ministro Ricardo Lewandowski foi agraciado com o título de Professor Emérito da USP em cerimônia solene na Faculdade de Direito. O reconhecimento destaca sua trajetória acadêmica e atuação pública. Em discurso, defendeu a ciência e o papel estratégico da universidade diante das crises políticas, econômicas e ambientais contemporâneas, afirmando que “fora da ciência não há salvação”.
Ministro da Justiça e docente da Faculdade de Direito, Ricardo Lewandowski, é homenageado em cerimônia solene, destacando o papel das universidades diante das crises contemporâneas.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Enrique Ricardo Lewandowski, foi agraciado com o título de Professor Emérito da Universidade de São Paulo (USP), em cerimônia realizada no Salão Nobre da Faculdade de Direito (FD-USP). A homenagem, aprovada por unanimidade pelo Conselho Universitário, reconhece sua trajetória acadêmica e sua contribuição institucional ao país.

A outorga do título foi proposta pelos professores Heleno Torres, Fernando Facury Scaff, Celso Campilongo e Otavio Rodrigues, e formalizada após aprovação na sessão de 27 de maio do Conselho Universitário da USP. A distinção é concedida a docentes aposentados com contribuições notáveis à Universidade e à sociedade.

Desde a fundação da USP em 1934, apenas 23 professores foram agraciados com este título, entre eles Antonio Candido, Celso Lafer e José Goldemberg. Lewandowski é o terceiro docente da FD-USP a recebê-lo, após Goffredo da Silva Telles e Celso Lafer.

Durante sua fala, o diretor da FD-USP, Celso Campilongo, destacou que o reconhecimento exige um conjunto de qualidades raras, como atuação relevante em sala de aula, produção bibliográfica expressiva, engajamento com temas contemporâneos e impacto social. Segundo Campilongo, Lewandowski simboliza o modelo de professor comprometido com o saber e com a coletividade.

A universidade como resposta à crise global

Em seu discurso de agradecimento, Lewandowski abordou os desafios enfrentados pelas sociedades contemporâneas, como crises geopolíticas, desglobalização, instabilidade democrática e emergência climática. Em sua análise, afirmou que, diante desses impasses, a universidade e a ciência permanecem como únicas fontes legítimas de discernimento entre o verdadeiro e o falso.

Num cenário de crises e incertezas, somente a universidade, com sua visão plural baseada em evidências cientificamente comprovadas, é capaz de nos dar algum alento”, afirmou o ministro. Para ele, “fora da ciência, não há salvação”, em alusão ao lema da USP — Scientia Vinces.

Lewandowski também criticou a falência de modelos políticos e econômicos tradicionais, incluindo o socialismo de regime soviético e o neoliberalismo do Consenso de Washington. Apontou que o colapso dessas estruturas fomentou o surgimento de alternativas autoritárias e teocráticas, sem compromisso com os valores democráticos clássicos da Revolução Francesa.

Homenagens e reconhecimento coletivo

O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, ressaltou a unanimidade da aprovação como reflexo da relevância institucional de Lewandowski, cuja trajetória articula excelência acadêmica com atuação pública em prol do desenvolvimento social.

A universidade pública só faz sentido se for vetor de transformações sociais. E a atuação do professor Lewandowski, tanto no Supremo Tribunal Federal como no Ministério da Justiça, reflete essa convergência com os princípios da USP”, afirmou o reitor.

A cerimônia também contou com participação da estudante Júlia Pereira Wong, presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, que homenageou o docente como símbolo da continuidade dos ideais democráticos. Destacou a importância de manter a docência como um compromisso duradouro: “Esse não é um título passageiro. É um título concedido aos que levam o ofício da docência até as últimas consequências”.

Perfil do homenageado

Enrique Ricardo Lewandowski nasceu em 1948, no Rio de Janeiro. Ingressou na Faculdade de Direito da USP em 1978 como docente voluntário e tornou-se professor titular de Teoria Geral do Estado em 2003, cargo que ocupou até 2023. Possui mestrado e doutorado pela USP e também é mestre em Relações Internacionais pela Fletcher School of Law and Diplomacy (Harvard).

Foi ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2006 a 2023, presidindo a Corte entre 2014 e 2016. Em 2024, assumiu o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública. É também presidente do Centro Observatório das Instituições Brasileiras (COI), sediado na USP.


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