Senadores protocolam pedido de impeachment contra ministra do STF Cármen Lúcia

Pedido de impeachment é apresentado ao Senado Federal.
Pedido protocolado no Senado questiona fala da ministra Cármen Lúcia sobre controle da atuação da população nas redes digitais. Parlamentares alegam que declaração sobre liberdade de expressão no julgamento do Marco Civil da Internet violaria preceitos constitucionais.

Na quarta-feira (16/07/2025), os senadores Eduardo Girão (Novo-CE), Magno Malta (PL-ES) e Carlos Portinho (PL-RJ) protocolaram no Senado Federal um pedido de impeachment contra a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF). A petição, encaminhada ao presidente da Casa, argumenta que a magistrada teria violado a Constituição Federal ao proferir declaração sobre o uso das redes digitais, durante julgamento da constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014).

Declaração é considerada ofensiva à população

O centro da controvérsia está na seguinte afirmação da ministra:

“É preciso impedir que 213 milhões de pequenos tiranos soberanos dominem os espaços digitais no Brasil.”

A frase, proferida em 26 de junho de 2025, durante voto no julgamento sobre a responsabilidade das plataformas digitais por conteúdo de terceiros, foi considerada pelos autores da petição ofensiva à cidadania. Para os senadores, o posicionamento fere os incisos IV e IX do artigo 5º da Constituição Federal, que garantem a liberdade de manifestação do pensamento e de expressão.

Críticas e fundamentos do pedido

Em publicação na plataforma X (antigo Twitter), o senador Eduardo Girão afirmou:

“Ao defender restrições generalizadas a manifestações na internet, tratando 213 milhões de brasileiros como ‘tiranos’, a ministra incorre num discurso intimidador.”

A petição aponta que a fala ultrapassa os limites do decoro exigido de um membro da Suprema Corte e, por isso, justificaria a abertura de processo por crime de responsabilidade, nos termos da legislação vigente.

Contexto do julgamento no STF

O julgamento em curso no STF analisa a validade do artigo 19 do Marco Civil da Internet, que determina que plataformas digitais somente podem ser responsabilizadas por conteúdo de terceiros mediante ordem judicial específica.

A discussão gira em torno da possibilidade de atualização da legislação frente à disseminação de conteúdos ilícitos e discursos de ódio nas redes sociais. Cármen Lúcia defendeu que o ambiente digital não pode ser um território livre de responsabilização jurídica, citando riscos à democracia e à integridade da esfera pública.

Procedimento de impeachment no Senado

Nenhum ministro do STF foi destituído por impeachment desde a redemocratização. Para que um processo prospere, é necessário que:

  • O presidente do Senado aceite a denúncia;

  • A proposta seja aprovada por dois terços dos senadores (54 votos favoráveis);

  • O julgamento político seja conduzido pelo próprio Senado.

O pedido dos senadores está disponível para acesso público neste link.

Reações jurídicas e políticas

A iniciativa provocou reações divididas entre juristas, parlamentares e membros da sociedade civil. Parte dos especialistas em direito constitucional sustenta que a declaração da ministra deve ser entendida como parte de um voto técnico, sem configurar infração funcional. Outros avaliam que é necessário estabelecer limites mais claros entre o discurso institucional do Judiciário e a garantia constitucional de liberdade de expressão dos cidadãos.

Até a manhã de sábado (20/07/2025), o Supremo Tribunal Federal não havia se manifestado oficialmente sobre o conteúdo do pedido.

*Com informações do Poder360.


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