Em entrevista concedida nesta quarta-feira (06/08/2025) à Rádio Princesa FM, de Feira de Santana (BA), que tem como âncora o radialista Dilson Barbosa, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o Governo Lula 3 está acelerando acordos estratégicos com países do BRICS, da Ásia e da América Latina como resposta à imposição de tarifas de 50% sobre exportações brasileiras pelos Estados Unidos. A medida, anunciada por Donald Trump, atinge produtos como carne bovina, aço, cerâmica, alumínio, suco de laranja e frutas tropicais.
Costa destacou que o Brasil está colhendo os frutos de uma política de diversificação dos mercados de exportação, iniciada no primeiro mandato do presidente Lula, em 2003, e reforçada neste terceiro mandato.
Segundo o ministro, a participação dos Estados Unidos nas exportações brasileiras caiu de 25% em 2003 para 12% em 2025, resultado direto da política de inserção internacional adotada pelos governos petistas.
“Não podemos colocar todos os ovos na mesma cesta. Se a relação com um país for rompida, o impacto será minimizado”, afirmou Rui Costa durante a entrevista à Rádio Princesa FM.
Encontros com China e Índia abrem caminho para nova diplomacia comercial
Rui Costa informou que o governo Lula vem promovendo reuniões bilaterais presenciais e virtuais com representantes da China e da Índia, focadas na expansão de investimentos em infraestrutura, tecnologia, agroindústria e saúde. O ministro apontou que as agendas envolvem acordos setoriais para impulsionar o fluxo comercial e eliminar entraves tarifários e regulatórios.
Além disso, o Brasil discute com os países parceiros a criação de hubs logísticos na Ásia, que permitam exportações diretas sem depender de intermediários ocidentais, reforçando a autonomia comercial e tecnológica do país.
Diplomacia econômica e articulação setorial
Para facilitar a aproximação entre os setores produtivos, o governo federal está promovendo encontros setoriais com empresários, universidades, estatais e centros de pesquisa. A ideia, segundo Costa, é construir um novo modelo de diplomacia econômica proativa, que viabilize parcerias tecnológicas, investimentos diretos e cooperação científica.
“Estamos quebrando barreiras burocráticas e diplomáticas para facilitar o contato entre agentes públicos e privados”, afirmou o ministro.
Acordos em andamento e reformas internas
Rui Costa revelou que o presidente Lula delegou pessoalmente à Casa Civil a missão de destravar acordos comerciais e acelerar negociações com os principais parceiros econômicos emergentes. Paralelamente, o governo trabalha em novos marcos legais, decretos e medidas de desburocratização, com o objetivo de facilitar o comércio exterior e atrair capital estrangeiro.
“Vamos tratar caso a caso, com medidas específicas conforme o grau de exposição de cada setor”, garantiu.
Medidas de proteção aos setores mais afetados
O governo também prepara pacotes de apoio emergencial aos segmentos prejudicados pelo tarifaço. Produtos como carne bovina, frutas e suco de laranja estão entre os mais afetados, mas Costa minimizou os impactos, destacando que a carne brasileira é amplamente aceita no mercado global.
“Os EUA compram apenas 16% da nossa carne. Esse volume será realocado com facilidade, pois a demanda global por proteína brasileira é alta”, afirmou.
Efeitos colaterais para os consumidores norte-americanos
Durante a entrevista, Rui Costa criticou os efeitos colaterais internos das tarifas impostas pelos EUA, como a alta dos preços da carne e frutas no mercado americano. Citando a imprensa dos Estados Unidos, o ministro afirmou que a política protecionista de Trump está intensificando a inflação nos Estados Unidos.
“O povo americano vai pagar mais caro. E isso já está contribuindo para a alta dos alimentos por lá”, alertou.
Ações na OMC e defesa da soberania brasileira
Costa também anunciou que o governo articula ações diplomáticas junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), à CELAC e ao Mercosul, com o objetivo de denunciar a medida de Trump e evitar o isolamento comercial do Brasil.
“Não se trata apenas de reagir, mas de reafirmar o papel estratégico do Brasil no comércio internacional”, declarou o ministro.
BRICS e o novo reposicionamento geopolítico
Indagado sobre a capacidade dos países do BRICS de absorverem os produtos brasileiros impactados, Rui Costa foi enfático:
“O mundo inteiro está machucado pela postura agressiva dos EUA. Isso cria espaço para novas alianças comerciais, e é aí que o Brasil quer se posicionar”, disse.
O ministro criticou a escalada protecionista de Trump contra diversos parceiros comerciais — Europa, Japão, México, Canadá — e afirmou que o declínio econômico e tecnológico dos EUA está forçando outros países a buscar alternativas cooperativas.
A construção de um novo eixo comercial
A entrevista de Rui Costa à Rádio Princesa FM, concedida em 06/08/2025, revela uma mudança tática e estratégica na política externa brasileira. Diante do impacto imediato das tarifas americanas, o governo Lula opta por uma resposta estruturante, baseada na multipolaridade, na soberania econômica e no reposicionamento internacional.
Contudo, a eficácia da estratégia dependerá da celeridade com que os acordos serão operacionalizados, da confiança do setor privado e da capacidade de mitigar perdas no curto prazo. Sem respostas ágeis, há risco de desgaste junto a segmentos importantes da economia nacional.
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