Nesta terça-feira (26/08/2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em reunião ministerial, que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), será seu adversário nas eleições de 2026. Foi a primeira vez que Lula admitiu publicamente a entrada de Tarcísio na disputa pelo Planalto, sinalizando uma mudança relevante no cálculo político do governo.
Até então, Lula reproduzia a análise do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) de que não faria sentido Tarcísio abrir mão de uma reeleição tranquila em São Paulo para arriscar-se em uma eleição presidencial. A avaliação mudou diante da leitura de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não terá alternativa senão apoiar o governador paulista como seu sucessor.
Alckmin reforçado como parceiro de chapa
No mesmo encontro, Lula elogiou Alckmin e deu sinais de que pretende repetir a dobradinha com ele em 2026. Além de vice, Alckmin comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e tem liderado negociações internacionais em torno do tarifaço imposto pelos Estados Unidos a exportações brasileiras. O gesto reforça sua centralidade estratégica dentro do governo.
Críticas à federação PP-União Brasil
Lula também aproveitou a reunião para criticar a nova federação formada por PP e União Brasil. Embora ambas as legendas detenham ministérios e cargos estratégicos, têm se posicionado como oposição em votações e declarações públicas.
Segundo relatos, Lula ficou indignado com a fala do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, em tom crítico ao governo, sem reação de ministros filiados à legenda. O presidente disse não esconder sua antipatia por Rueda e apontou que o líder do PP, senador Ciro Nogueira (PI), articula para ser vice de Tarcísio em uma eventual chapa presidencial.
Recado duro ao Centrão
O presidente estabeleceu uma linha clara para seus auxiliares: quem não se sentir confortável em permanecer no governo deve deixar a equipe. Lula afirmou, entretanto, que manterá amizade com quem optar por sair e que espera neutralidade no primeiro turno e unidade no segundo turno da disputa presidencial. O gesto é visto como um aviso direto aos ministros ligados ao Centrão.
Tarcísio eleva o tom contra Lula
O governador paulista tem aumentado a frequência de críticas ao presidente. Em evento do BTG Pactual, Tarcísio afirmou que o Brasil está há “40 anos discutindo a mesma pessoa” e que o país não pode mais ser refém de uma “mentalidade atrasada”.
A disputa pela paternidade do túnel Santos-Guarujá intensificou o mal-estar. O Planalto acusa Tarcísio de omitir a participação do governo federal na obra, enquanto um relatório interno do governo paulista orienta sua comunicação a reforçar a conquista como exclusiva da gestão estadual.
Estratégia de Tarcísio para 2026: dois caminhos abertos
O governador mantém aberta a possibilidade de disputar a reeleição em São Paulo ou a Presidência da República. Essa flexibilidade é sustentada pela Caravana 3D, programa voltado para percorrer o interior com foco em desenvolvimento, dignidade e diálogo.
Além das agendas municipais, Tarcísio tem se aproximado do mercado financeiro e de empresários, reforçando seu discurso nacional. Fontes indicam que já há sondagens de marqueteiros e uma reestruturação da comunicação digital para ampliar sua projeção.
Kassab, PSD e os movimentos de bastidores
A influência do presidente do PSD, Gilberto Kassab, amplia as articulações. Recentemente, ele afirmou que o partido pode abrir mão de candidatura própria em 2026 para apoiar Tarcísio, fortalecendo a hipótese de uma coligação robusta. A movimentação reflete a estratégia de consolidar apoio do Centrão e de prefeitos no interior de São Paulo.
Disputa pela narrativa
A antecipação do embate entre Lula e Tarcísio projeta um cenário polarizado para 2026, em que a centro-direita busca reorganizar-se sob a sombra de Bolsonaro e sob a liderança emergente do governador paulista. A cobrança de lealdade de Lula expõe as fragilidades da coalizão governista, especialmente no relacionamento com partidos do Centrão, que historicamente atuam de forma pragmática e volátil. A disputa pela narrativa sobre obras e investimentos, como o túnel Santos-Guarujá, ilustra a guerra simbólica em curso. A incógnita será a capacidade de Tarcísio equilibrar sua lealdade a Bolsonaro com a necessidade de se projetar como alternativa própria, sem romper com o eleitorado bolsonarista.
*Com informações do Estadão.
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