EUA anunciam revogação de vistos de membros do governo brasileiro e ex-funcionários da OPAS

Medida anunciada por Marco Rubio é parte de ofensiva contra programas de cooperação médica com Cuba.
Medida anunciada por Marco Rubio é parte de ofensiva contra programas de cooperação médica com Cuba.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, informou na quarta-feira (13/08/2025) que o governo norte-americano decidiu revogar e restringir vistos de autoridades brasileiras e de ex-integrantes da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A medida está inserida em uma ação mais ampla contra acordos de cooperação médica com Cuba, como o programa Mais Médicos, implementado no Brasil.

Alvo da medida

Rubio afirmou que os atingidos pela decisão são funcionários do governo brasileiro e ex-membros da OPAS que, segundo ele, teriam sido “cúmplices” de um esquema de trabalho forçado envolvendo médicos cubanos. O secretário classificou o Mais Médicos como um “golpe diplomático inconcebível” e disse que os Estados Unidos promovem responsabilização por iniciativas que favoreçam o regime cubano.

Foram citados nominalmente na decisão Mozart Júlio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde, e Alberto Kleiman, que foi diretor da OPAS até 2022. Ambos trabalharam no Ministério da Saúde durante a implementação do programa no governo Dilma Rousseff. Rubio afirmou que os dois participaram diretamente do planejamento do Mais Médicos.

Declarações oficiais

Em comunicado, Rubio declarou:

O Departamento revogou os vistos de Mozart Júlio Tabosa Sales e Alberto Kleiman, que trabalharam no Ministério da Saúde do Brasil durante o programa Mais Médicos e participaram do planejamento e da implementação do programa. Nossa ação envia uma mensagem inequívoca de que os Estados Unidos promovem a responsabilização daqueles que viabilizam o esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano.”

Contexto das ações contra o Brasil

A decisão de Rubio ocorre em meio a uma escalada diplomática entre Brasil e Estados Unidos. Em 30/07/2025, o Tesouro norte-americano incluiu o ministro Alexandre de Moraes (STF) na lista de sanções da Lei Magnitsky, acusando-o de censura, detenções arbitrárias e processos politizados. Em 06/08/2025, entrou em vigor a taxação de 50% sobre produtos brasileiros, determinada pelo presidente Donald Trump.

No mesmo contexto, críticas diretas ao Judiciário brasileiro foram feitas pelo vice-secretário de Estado, Christopher Landau, em publicação nas redes sociais. Ele afirmou que “um único juiz do STF usurpou o poder ditatorial”, em referência indireta a Moraes.

Além disso, Moraes declarou que há uma tentativa organizada de gerar instabilidade no país, mencionando que investigados por atos antidemocráticos estão atuando junto ao governo dos EUA para impor sanções econômicas contra o Brasil, incluindo o tarifaço sobre exportações brasileiras.

Reações no Brasil

O ministro Gilmar Mendes (STF) ironizou a revogação dos vistos durante evento em Brasília. Em referência à decisão dos EUA, afirmou:

“Poderia estar contando [isso] em Roma, Paris e Lisboa, agora não em Washington.”
Gilmar Mendes também expressou apoio a Alexandre de Moraes, relator das ações penais relacionadas à tentativa de golpe em 2022.

Trajetórias dos citados

  • Mozart Júlio Tabosa Sales: médico formado pela Universidade de Pernambuco, atuou na formulação do Mais Médicos durante o governo Dilma. Atualmente, ocupa cargo no Ministério da Saúde.

  • Alberto Kleiman: ex-diretor da OPAS e ex-diretor de Relações Internacionais do Ministério da Saúde. Hoje, atua como coordenador-geral da COP30 pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).

*Com informações da Sputnik News e Agência Brasil.


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