A Polícia Federal (PF), em ação conjunta com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/BA), deflagrou na manhã desta quinta-feira (07/08/2025) a Operação Segunda Camada, em Feira de Santana, com foco no cumprimento de mandados judiciais relacionados a um esquema de fraudes bancárias que vitimou a Caixa Econômica Federal e outras instituições financeiras.
A nova etapa da investigação decorre da Operação Fake Front, deflagrada em 23 de maio de 2024, e revela a existência de um núcleo criminoso mais profundo, responsável por viabilizar empréstimos fraudulentos por meio da abertura de contas com documentos falsificados, causando prejuízo superior a R$ 1 milhão.
Investigação aponta “segunda camada” do esquema criminoso
Segundo informações oficiais, o material apreendido na primeira fase da operação permitiu identificar uma segunda estrutura de apoio à organização criminosa. Esse núcleo envolvia, além de civis, um policial civil da Bahia e funcionários de instituições financeiras, responsáveis por cooptar gerentes bancários para fornecer dados sigilosos e facilitar transações ilícitas.
A atuação dessa camada secundária era essencial para garantir a efetividade das fraudes, operando nos bastidores para blindar o esquema de possíveis investigações e agilizar a liberação de recursos financeiros de forma irregular.
Mandados cumpridos em Feira de Santana e ações judiciais em curso
A Justiça Federal autorizou o cumprimento de quatro mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão preventiva, um mandado de suspensão do exercício de função pública para um gerente de banco e o bloqueio de valores em contas bancárias dos investigados. Todas as medidas foram determinadas pela 1ª Vara Federal da Seção Judiciária de Feira de Santana.
A Corregedoria da Polícia Civil da Bahia também participa da operação, diante da suspeita de envolvimento direto de um policial da corporação nas ações criminosas. Os investigados poderão responder pelos crimes de associação criminosa (art. 288 do Código Penal) e estelionato (art. 171).
Operação Fake Front já havia revelado fraudes com documentos falsos
A primeira fase da investigação, denominada Operação Fake Front, revelou a abertura de 21 contas bancárias fraudulentas nas cidades de Feira de Santana (BA) e Brasília (DF), com uso de documentação falsificada. Os investigados visavam exclusivamente a obtenção de empréstimos ilegais, utilizando dados adulterados e identidades forjadas.
Essa fase inicial já havia causado prejuízo superior a R$ 1 milhão, sendo considerada uma das ações mais sofisticadas de fraude bancária desvendadas na região nos últimos anos.
Ações articuladas entre órgãos de controle e repressão
A operação desta quinta-feira evidencia a atuação coordenada entre PF, GAECO, Ministério Público Federal e Corregedoria da Polícia Civil, demonstrando o esforço conjunto para desarticular estruturas criminosas com ramificações institucionais.
A Comunicação Social da Polícia Federal na Bahia informou que as investigações prosseguem e novas fases não estão descartadas. A análise dos materiais apreendidos poderá resultar no indiciamento de novos envolvidos, especialmente diante das evidências de participação de servidores públicos e agentes bancários.
Nível elevado de cooptação
A deflagração da Operação Segunda Camada revela não apenas a complexidade do esquema de fraudes bancárias, mas também a fragilidade institucional em setores estratégicos, como a segurança pública e o sistema financeiro.
O envolvimento de um policial civil e de funcionários bancários demonstra um nível elevado de cooptação, o que amplia a gravidade do caso. A operação expõe a necessidade de reforço nos mecanismos de controle interno das instituições públicas e privadas, sobretudo diante da sofisticação das fraudes financeiras. Ainda, o caso suscita reflexões sobre a vulnerabilidade de bancos públicos e a eficácia das políticas de compliance bancário.
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