Argentina: Presidente Javier Milei sofre derrota histórica para o peronismo em Buenos Aires e enfrenta desafio político e econômico

Resultado amplia tensão no mercado, pressiona plano econômico e compromete governabilidade.
Resultado amplia tensão no mercado, pressiona plano econômico e compromete governabilidade.

O presidente Javier Milei sofreu neste domingo (07/09/2025) sua maior derrota política desde o início do mandato, ao perder de forma expressiva para o peronismo nas eleições legislativas da província de Buenos Aires, que concentra 37% do eleitorado argentino. O revés, considerado irreversível, eleva o risco de fragilidade institucional e afeta diretamente a capacidade do governo de aprovar reformas no Congresso.

Contexto e impacto eleitoral

Com 99% das urnas apuradas, o peronismo obteve 47,3% dos votos, enquanto o partido governista La Libertad Avanza registrou 33,7%, uma diferença de 13,6 pontos percentuais. Tecnicamente, estavam em disputa 46 cadeiras para a Câmara dos Deputados e 23 para o Senado, além de vereadores em 135 municípios.

O governador Axel Kicillof, principal articulador da campanha peronista, consolidou-se como referência da oposição para as eleições presidenciais de 2027. A derrota amplia a dificuldade do Executivo para construir maioria no Legislativo e ameaça o avanço de reformas econômicas consideradas prioritárias pelo governo, como as áreas tributária, trabalhista e previdenciária.

Reação política e cenário no Congresso

Milei reconheceu o revés e afirmou que fará ajustes políticos, mas manteve sua estratégia econômica.

“Não recuaremos nem um milímetro. Vamos acelerar ainda mais o plano econômico”, declarou em discurso.

Analistas políticos apontam que, sem melhorar o desempenho nas legislativas de 26 de outubro, Milei não conseguirá número suficiente de legisladores para implementar sua agenda. Também fica mais vulnerável a iniciativas de oposição, incluindo pedidos de impeachment, caso avancem as denúncias de corrupção que atingem seu governo.

Escândalo de corrupção e impacto na imagem do governo

A crise eleitoral foi agravada pelo caso que envolve a irmã do presidente, Karina Milei, acusada de comandar um esquema de desvio de 8% em compras de medicamentos na Agência Nacional para Pessoas com Deficiência. O episódio reduziu a capacidade de Milei de sustentar o discurso de combate à corrupção, afetando sua base de apoio.

Segundo o analista Alejandro Catterberg, o escândalo expôs fragilidades do governo:

“Foi um erro político e estratégico grave. O impacto foi maior por afetar setores vulneráveis, como pessoas com deficiência.”

Repercussão econômica e mercados

Economistas preveem tensão no mercado cambial e aumento da pressão sobre o peso argentino nesta segunda-feira (08/09/2025). O governo deve intervir para evitar desvalorização abrupta, possivelmente utilizando dólares emprestados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), já que as reservas internacionais estão negativas.

O banco JP Morgan havia alertado que uma vitória expressiva do peronismo forçaria o governo a elevar juros e vender reservas para conter a volatilidade, cenário que agora se antecipa.

Próximos passos e desafios para outubro

Com pouco mais de um mês para as eleições de meio de mandato, Milei terá de reconstruir apoio político e restaurar a confiança dos investidores para evitar novas perdas. A oposição, fortalecida, busca transformar o resultado de Buenos Aires em um movimento nacional contra o governo.

*Com informações da RFI e Sputnik News.


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