O Ministério da Saúde anunciou a seleção de 501 médicos especialistas que irão reforçar a rede pública em 212 municípios distribuídos pelos 26 estados e pelo Distrito Federal. A medida integra o programa Agora Tem Especialistas, lançado em 2025 com o objetivo de reduzir a carência de profissionais de alta complexidade no Sistema Único de Saúde (SUS).
O Nordeste foi a região mais contemplada, recebendo 260 médicos, o que corresponde a 51% do total. Esse direcionamento atende à necessidade histórica de ampliar a cobertura de especialistas em áreas de maior vulnerabilidade. A Bahia terá 48 profissionais alocados em 18 municípios, com destaque para Juazeiro, Vitória da Conquista, Irecê e Santo Antônio de Jesus.
Municípios contemplados na Bahia
Entre as cidades beneficiadas estão Feira de Santana e Valença, cada uma com quatro médicos. Outros municípios de médio e grande porte, como Itabuna, Barreiras, Eunápolis, Teixeira de Freitas, Paulo Afonso e Jacobina, também receberão especialistas. A distribuição priorizou localidades com déficit acima da média nacional de 184 especialistas por 100 mil habitantes.
O Ceará lidera entre os estados nordestinos, com 64 médicos, seguido do Maranhão (43), Rio Grande do Norte (32), Piauí (27), Pernambuco (17), Paraíba (14), Alagoas (10) e Sergipe (5).
Interiorização da saúde
Do total selecionado, 67% atuarão no interior do Brasil, especialmente em cirurgia geral, ginecologia, anestesiologia e otorrinolaringologia. Aproximadamente 25,7% serão enviados a regiões de alta vulnerabilidade, 20% à Amazônia Legal e 9% a áreas de fronteira, ampliando a cobertura em locais historicamente negligenciados.
Essa medida busca reduzir a necessidade de deslocamento de pacientes para capitais. Exemplo disso é a cidade de Patos (PB), no sertão paraibano, que receberá oito especialistas. O reforço permitirá aumentar em até 30% a capacidade de atendimento no hospital regional, reduzindo deslocamentos de até 500 km para tratamentos em João Pessoa.
Perfil dos selecionados
Os profissionais têm, em média, 12 anos de experiência. Pela primeira vez, médicos especialistas foram contratados diretamente para o SUS, marcando uma mudança estrutural. Segundo dados da Demografia Médica 2025, apenas 10% dos especialistas atuam exclusivamente na rede pública, sendo a maioria absorvida pelo setor privado.
Entre os novos contratados, 26% atuavam apenas em hospitais privados e agora passam a atender pacientes do SUS. A previsão é que 75% dos médicos sejam destinados a hospitais públicos, enquanto 18% atuarão em ambulatórios e 7% em unidades de apoio diagnóstico.
Capacitação e bolsas de incentivo
Os médicos selecionados participarão de 16 cursos de aprimoramento, com foco em áreas de alta demanda. A formação será prática, realizada em hospitais da Rede Ebserh e do Proadi-SUS, sob supervisão de profissionais de referência.
Cada participante receberá bolsa-formação de até R$ 20 mil, valor ajustado de acordo com o grau de vulnerabilidade da região onde será alocado. A capacitação terá duração de 12 meses, fortalecendo a integração entre formação e serviço.
Contexto e desafios
O programa recebeu 993 inscrições, das quais 501 foram aprovadas nesta primeira chamada. Os demais candidatos permanecem em lista de espera para novas oportunidades. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a iniciativa representa um “passo ousado” para reduzir filas e ampliar o acesso da população a especialidades antes concentradas em capitais e grandes centros.
Padilha ressaltou que a ação complementa investimentos já realizados por estados e municípios, preenchendo uma lacuna histórica no SUS.
Interiorização da saúde
O Agora Tem Especialistas reforça a estratégia de interiorização da saúde e representa um avanço no equilíbrio entre o setor público e privado. Contudo, o desafio permanece em assegurar fixação duradoura dos profissionais em áreas remotas, onde a rotatividade costuma ser alta. Além disso, o impacto real do programa dependerá da infraestrutura hospitalar disponível, já que especialistas sem equipamentos adequados podem ver sua atuação limitada. A medida inaugura um novo ciclo, mas exigirá monitoramento contínuo para evitar desigualdades persistentes.
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