CPMI do INSS aprova prisão preventiva e quebra de sigilos do advogado Nelson Wilians Rodrigues em meio a apurações sobre fraudes bilionárias

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS aprovou, nesta quinta-feira (25/09/2025), a prisão preventiva do advogado Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, além da quebra de seus sigilos bancário e fiscal. O colegiado também requisitou ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) relatórios completos sobre as movimentações financeiras do advogado no período de 2019 a 2025. A medida aprofunda o embate entre o Legislativo e o Supremo Tribunal Federal (STF), já que o ministro André Mendonça havia negado anteriormente um pedido semelhante de prisão feito pela Polícia Federal.

Prisão preventiva e alegações de risco às investigações

O requerimento foi apresentado pelo deputado Rogério Correia (PT-MG), que sustenta haver riscos de obstrução das investigações e continuidade das práticas delitivas. Segundo ele, a dimensão do esquema criminoso e o impacto sobre milhões de segurados do INSS justificam a necessidade de uma medida cautelar.

Correia argumentou que, apesar da decisão do STF em favor de Nelson Wilians, as circunstâncias atuais demonstram que os fundamentos para a custódia permanecem válidos. Para o parlamentar, a CPMI não pode se furtar de agir diante de uma operação que teria causado um prejuízo bilionário ao sistema previdenciário e atingido diretamente aposentados e pensionistas.

Nelson Wilians compareceu à comissão na semana anterior, mas exerceu o direito ao silêncio com base em habeas corpus concedido pelo STF. A postura do advogado, que é ligado ao empresário Maurício Camisotti, apontado como um dos beneficiários do esquema, reforçou a pressão dos parlamentares para avançar nas medidas de investigação.

Aprovados 25 requerimentos, incluindo novas convocações

Ao todo, os membros da CPMI aprovaram 25 requerimentos, que vão desde convocações de personagens ligados ao caso até a solicitação de documentos a órgãos públicos e entidades privadas.

Entre os convocados está Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais). A entidade é considerada peça central nas apurações por ter aumentado significativamente sua arrecadação, passando de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões em poucos anos. Relatórios preliminares indicam que a Conafer teria recebido aproximadamente R$ 688 milhões por meio de descontos não autorizados aplicados diretamente em benefícios previdenciários.

Também foram convocados:

  • José Laudenor, sócio do ex-ministro do Trabalho e Previdência Ahmad Oliveira Andrade, suspeito de movimentações financeiras incompatíveis com sua renda.
  • Aline Bárbara Mota de Sá Cabral, ex-secretária de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”.
  • Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, ex-sócio de Nelson Wilians Rodrigues, que teria atuado em operações financeiras suspeitas.

Esses nomes reforçam a tentativa da CPMI de ampliar o alcance das investigações, atingindo não apenas dirigentes de entidades, mas também auxiliares e pessoas próximas a figuras-chave do esquema.

Solicitações de informações a órgãos e relatórios financeiros

Os parlamentares também aprovaram pedidos de informações ao Ministério da Previdência Social, à Dataprev, ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados e ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). O objetivo é rastrear dados de empresas investigadas e monitorar registros de entrada de investigados em dependências do Congresso Nacional.

No campo financeiro, foi solicitado ao Coaf o envio de relatórios sobre movimentações suspeitas ligadas a investigados. Entre as empresas listadas, está a DRPL Comercialização e Locação de Veículos S.A., controlada por Antônio Carlos Camilo Antunes. A empresa de locação de veículos de luxo é apontada pela Polícia Federal como possível elo na lavagem de dinheiro dentro do esquema.

A comissão também requisitou o relatório completo da Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal, que investiga a rede de fraudes nos descontos de benefícios previdenciários.

Requerimentos rejeitados e divergências políticas

Dos 30 requerimentos em pauta, cinco foram rejeitados após articulação da base governista. O ponto central da divergência foi a convocação do empresário Silas Bezerra de Alencar, sócio da empresa Orleans Viagens e Turismo. A empresa foi responsável pelo fornecimento de passagens aéreas à Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e está sob suspeita de envolvimento indireto nos descontos indevidos.

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), defendeu a convocação, afirmando que a empresa recebeu R$ 5 milhões de uma entidade investigada, valores que teriam sido usados na compra de imóveis. O senador Rogério Marinho (PL-RN) reforçou que havia indícios suficientes para justificar o chamado do empresário.

Contudo, o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), afirmou que não foi encontrada “nenhuma conexão direta entre o empresário e o objeto central das investigações”, defendendo o foco da CPMI nos principais suspeitos. Essa posição prevaleceu, evidenciando o embate político que permeia os trabalhos da comissão.

Prisão preventiva de Nelson Wilians é aprovada pela CPMI do INSS em meio a suspeitas de fraudes bilionárias

Legenda: São Paulo, quinta-feira (25/09/2025) — O advogado Nelson Wilians Fratoni Rodrigues teve prisão preventiva aprovada pela CPMI do INSS; comissão investiga esquema de fraudes em aposentadorias e pensões.

Bens apreendidos e depoimento à CPMI

O advogado Nelson Wilians Fratoni Rodrigues já havia sido alvo de busca e apreensão da Polícia Federal no dia 12 de setembro, mesma operação que resultou na prisão dos empresários Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “careca do INSS”, e Maurício Camisotti.

Segundo fontes da PF, a medida foi motivada por transações financeiras suspeitas identificadas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que apontam movimentações de R$ 4,3 bilhões vinculadas ao escritório de Wilians entre 2019 e 2023.

Durante a operação, foram apreendidos dinheiro em espécie, relógios e móveis de luxo, quadros, esculturas, armas, além de uma Ferrari F8 avaliada em mais de R$ 4 milhões. Entre os itens também estava uma réplica da McLaren MP4/8, carro pilotado por Ayrton Senna na Fórmula 1 de 1993.

Na semana passada, em depoimento à CPMI, Wilians se recusou a assumir o compromisso de dizer a verdade e não respondeu à maioria das perguntas dos parlamentares. O advogado negou envolvimento no esquema de fraudes em benefícios.

Anteriormente, a Polícia Federal já havia solicitado a prisão de Wilians, mas o pedido foi negado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Quem é Nelson Wilians

Natural de Cianorte (PR) e filho de agricultores, Nelson Wilians construiu uma carreira de destaque no Direito Empresarial, tornando-se um dos advogados mais conhecidos do país. É fundador do Nelson Wilians Advogados (NWADV), considerado um dos maiores escritórios de advocacia do Brasil.

Sua trajetória é marcada pela forte presença na mídia e pelo uso estratégico do marketing pessoal. Autor do livro “Loucura, Não. Coragem!”, Wilians defende a comunicação como ferramenta essencial para profissionais. Em 2020, se tornou o primeiro advogado a estampar a capa da revista Forbes, ampliando sua projeção pública.

Reconhecimentos e prêmios

Ao longo da carreira, colecionou títulos e homenagens:

  • Cidadão Paulistano

  • Cidadão Honorário de Minas Gerais

  • Cidadão Bauruense

  • Medalha Quinquagésima Quinta Legislatura (RS)

  • Congratulações e Aplausos da Câmara do Rio de Janeiro

  • Cidadão Natalense

  • Indicação na Leaders League 2025 em contencioso trabalhista de grande escala

Casos de grande repercussão

Wilians esteve envolvido em causas de destaque nacional, como a defesa de Rose Miriam di Matteo, mãe dos filhos de Gugu Liberato, em disputas sobre a herança do apresentador. Também participou de debates públicos sobre regulamentação das apostas esportivas (bets) e instrumentos institucionais de proteção aos Três Poderes diante de ataques políticos e jurídicos.


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