Entre os dias 24 e 27 de setembro de 2025, o distrito de Cumuruxatiba, em Prado, no extremo sul da Bahia, sediará a 1ª edição da FLICUMURU – Feira Literária de Cumuruxatiba, que traz como tema central “Direito à narrativa, direito ao território”. O encontro promete reafirmar a memória, a oralidade e a identidade cultural dos povos indígenas, afrodescendentes e comunidades locais.
O evento é realizado pelo Instituto de Educação Ibápitanga, em parceria com o Festival Narrativas Femininas, e conta com apoio do Governo da Bahia, por meio das secretarias da Educação e da Cultura, via Fundação Pedro Calmon, além do suporte da Prefeitura de Prado. A curadoria é assinada por Denise Freitas, Emerson Nascimento (Diferente) e Laura Castro.
Estrutura da programação
A feira ocupará espaços centrais da comunidade, como a Praça da Matriz, a Associação dos Pescadores e as escolas Tiradentes, Algeziro Moura e Ibápitanga. Também contará com áreas temáticas criadas especialmente para a ocasião: Tenda Literária, Espaço Mestra Corina Medeiros, Quintal Literário e Espaço Biosfera.
Atividades previstas
- Mesas literárias com autores, mestres e pesquisadores
- Oficinas formativas para jovens e adultos
- Contações de histórias e atividades de mediação de leitura em escolas
- Apresentações musicais e artísticas de coletivos locais
- Mostras de curtas-metragens seguidas de debates
- Exposições culturais e visitas guiadas
- Feira comunitária com produtores locais de artesanato e gastronomia
Homenagem à Mestra Corina Medeiros
A edição inaugural prestará tributo à Mestra Corina Medeiros, educadora afro-indígena que marcou a história de Cumuruxatiba com sua atuação no letramento comunitário e na valorização da ancestralidade. Filha de pai Pataxó e mãe africana alforriada, Corina é também autora do “Hino dos Pataxós” (2004), referência de afirmação identitária.
Inspirada em sua trajetória, a feira integrará oralitura, grafismos indígenas, tramas, pintura corporal e narrativas orais, conectando a programação ao território do Parque Nacional do Descobrimento (Maturembá, em Patxohã), local considerado sagrado pelo povo Pataxó.
Protagonismo feminino e diversidade cultural
A FLICUMURU ocorrerá em diálogo com a 3ª edição do Festival Narrativas Femininas, que amplia a visibilidade das mulheres na literatura, nas artes e na oralidade. A programação trará debates sobre direitos das mulheres, desigualdade de gênero e protagonismo literário feminino, além de lançamentos de livros de autoras da região.
Além disso, a feira destacará o papel de povos indígenas, quilombolas, pescadores e agricultores, reafirmando Cumuruxatiba como espaço de resistência e preservação da memória coletiva.
Oficinas e formação de leitores
As oficinas organizadas pela APEC (Associação de Promoção à Educação e Cultura) terão turmas de até 20 pessoas e contemplarão temas como criação literária, corpo em movimento e ancestralidade, escrita Pataxó e arte comunitária.
O Coletivo Água na Peneira será responsável por atividades de mediação de leitura e contação de histórias nas escolas, aproximando crianças e adolescentes da literatura e fortalecendo a educação literária de base.
Análise crítica
A FLICUMURU tende a se consolidar como um marco cultural e político para o extremo sul da Bahia. Mais do que um evento literário, será um espaço de afirmação identitária, defesa do território e preservação da oralidade. O protagonismo de mulheres e povos originários revela a força de narrativas historicamente invisibilizadas.
O desafio será transformar a feira em agenda cultural contínua, com recursos estáveis e participação comunitária, para garantir que ultrapasse o caráter de edição inaugural e se firme como política pública de valorização da cultura local.
Programação da FLICUMURU 2025
Mesas Literárias
- Mesa de abertura: Homenagem à Mestra Corina Medeiros e ao Povo Pataxó
- Narrativas Femininas
- Tecendo saberes, conectando territórios
- Sonhando a terra do bem virá
- A poesia que vem do mar
- Literatura com direito: a biblioteca comunitária como sonho
- Direito à narrativa, direito ao território
Oficinas
- Narrativas femininas (APEC)
- Criação literária — Ana Maria Viegas
- Corpo em movimento e ancestralidade — Mestre Itamar dos Anjos
- Arte e comunidade no extremo sul — Tarlé Matos, Tiago Marques e Rita Pataxó
- Escrita Pataxó — Daniel Soares e Nitxinawã Braz Neves
- Desenho e ilustração — Júlia Fusco
- Encadernação e carimbos — Julia Fusco
- Bordado no papel — Nanda Janu
Contações de histórias e mediação de leitura
- Coletivo Água na Peneira em escolas locais
- “João Preguiçoso” — Tony Ross
- “A Ialorixá e o Pajé” — Jell Oliveira
- “Atotô: silêncio que o rei está na Terra” — Edson Francisco
- Mediação livre de leitura (manhã e tarde)
Apresentações artísticas e musicais
- Cortejo de Abertura na Praça da Igreja
- Com Arte Manhã, Curumim Batuque e Maracatiba
- Roda de Choro — Coletivo local
- Coral Vivo — Manoela Lelis
- Coco do Canta Galo
- Filarmônica Dona Flora e Marujada (encerramento)
Mostras e curtas-metragens
- Curtas na FLICUMURU — Espaço Biosfera
- “Guarda Chuva Amarelo” — Ryu Jae-soo
- “Teias da Terra” — Nayara Domingos
- “Comexatibá: trilhas, tambores e marés da nossa resistência” — Onda Santana e Lucas Ledo
Atividades especiais
- Passeios guiados pela cidade
- Exposições culturais e artísticas (visitação aberta)
- Feira comunitária com produtores locais
- Sarau literário na Praça da Igreja
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