O governo Donald Trump confirmou nesta segunda-feira (22/09/2025) a ampliação da lista de autoridades brasileiras punidas com cancelamento de vistos e sanções financeiras, em uma escalada diplomática que coincide com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Nova York, onde abre a 80ª Assembleia-Geral da ONU nesta terça-feira (23).
As medidas atingem ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), membros do governo Lula, ex-integrantes de administrações anteriores e até familiares de autoridades.
Linha do tempo das sanções impostas pelos EUA
18 de julho de 2025 – Primeira leva de cancelamento de vistos
- Luís Roberto Barroso (STF)
- Flávio Dino (STF)
- Gilmar Mendes (STF)
- Dias Toffoli (STF)
- Cristiano Zanin (STF)
- Cármen Lúcia (STF)
- Edson Fachin (STF)
- Paulo Gonet, procurador-geral da República
30 de julho de 2025 – Inclusão na Lei Magnitsky
- Alexandre de Moraes (STF) – alvo direto da lei que prevê bloqueio de ativos e restrição financeira internacional
11 de agosto de 2025 – Novos alvos ligados ao Mais Médicos
- Mozart Júlio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde (Ministério da Saúde)
- Alberto Kleiman, ex-funcionário do governo federal
15 de agosto de 2025 – Sanções contra família de Padilha
- Esposa de Alexandre Padilha, ministro da Saúde – visto cancelado
- Filha de 10 anos de Alexandre Padilha – visto cancelado
- Alexandre Padilha, ministro da Saúde – não recebeu visto novo, mas sofreu restrições de circulação nos EUA
22 de setembro de 2025 – Nova ofensiva contra entorno de Moraes e governo Lula
- Viviane Barci de Moraes, advogada e esposa de Alexandre de Moraes – incluída na Lei Magnitsky
- Instituto Lex, empresa da família Moraes – sanção financeira
- Jorge Messias, advogado-geral da União – visto cancelado
- José Levi, ex-procurador-geral da República – visto cancelado
- Benedito Gonçalves, ministro do STJ – visto cancelado
- Airton Vieira, juiz auxiliar do STF – visto cancelado
- Marco Antonio Martin Vargas, ex-assessor eleitoral de Moraes – visto cancelado
- Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, assessor judicial de Moraes – visto cancelado
- Cristina Yukiko Kusahara Gomes, chefe de gabinete de Moraes no STF – visto cancelado
Reação política no Brasil
O impacto interno foi imediato. O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do projeto de anistia aos condenados do 8 de janeiro, admitiu que a nova ofensiva dos EUA obriga a “repensar tudo de novo”, podendo adiar a votação da proposta.
Ao mesmo tempo, a Procuradoria-Geral da República denunciou Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o ex-comentarista Paulo Figueiredo, acusados de articular campanha internacional contra o STF em sintonia com os ataques de Washington.
Lula classifica tarifa como “absurda” e promete responder na ONU
Em entrevista à PBS, Lula disse que a postura de Trump é “inaceitável” e reforçou que o Brasil quer manter diálogo, mas sem abrir mão da soberania. O presidente deve usar o discurso de abertura da ONU para criticar interferências externas, defender a OMC e cobrar mais financiamento climático às vésperas da COP-30, em Belém.
Estratégia de escalada gradual
A organização das sanções em levas sucessivas mostra que o governo Trump optou por uma estratégia de escalada gradual, atingindo não apenas autoridades brasileiras em funções de destaque, mas também seus familiares e até instituições privadas. O uso da Lei Magnitsky contra ministros do STF e suas esposas, recurso raro em relações com democracias, abre um precedente delicado e sinaliza uma pressão direta sobre o Judiciário brasileiro.
Para o governo Lula, o desafio imediato é manter firmeza retórica sem romper canais diplomáticos capazes de reverter o tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras. A tensão projeta-se como uma das mais graves em dois séculos de relações bilaterais, combinando crise comercial, confronto político e embates jurídicos internacionais.
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