Natura vende Avon na América Central por US$ 1 e mantém fornecimento: estratégia mira corte de custos e foco na América Latina

A Natura vendeu as operações diretas da Avon em seis países da América Central ao grupo guatemalteco PDC por US$ 1, mais US$ 22 milhões em créditos. A empresa seguirá como fornecedora e licenciadora da marca, reduzindo custos operacionais e mantendo presença comercial. A operação faz parte da estratégia de simplificação global, iniciada com a venda da The Body Shop, e busca reverter prejuízos da Avon International, ainda considerada um desafio para o grupo.
A Natura vendeu a operação da Avon em seis países da América Central ao grupo guatemalteco PDC, mantendo fornecimento e licenciamento da marca. Estratégia busca simplificar negócios e reduzir prejuízos.

A Natura anunciou na terça-feira (16/09/2025) a venda das operações diretas da Avon em seis países da América Central — Guatemala, Nicarágua, Panamá, Honduras, El Salvador e República Dominicana. O acordo foi firmado com o grupo guatemalteco PDC, especializado em bens de consumo, e fechado pelo valor simbólico de US$ 1.

A transação inclui, adicionalmente, o recebimento de US$ 22 milhões, valor devido pela Avon Guatemala à subsidiária da Natura no México, que seguirá sob controle da empresa brasileira. O negócio depende de ajustes societários e está previsto para ser concluído em 30 de outubro.

Permanência da marca na região

Apesar da transferência da operação, a Natura estabeleceu acordos de fornecimento e licenciamento da marca Avon, assegurando a continuidade da presença comercial na região. Dessa forma, a empresa se mantém vinculada ao mercado, mas elimina custos operacionais de armazenamento, precificação e distribuição em países com logística complexa.

Segundo a consultora Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores, a estratégia garante royalties para a Natura sem a necessidade de manter a estrutura pesada da operação.

“A empresa abre mão da capilaridade, mas reduz riscos em uma região de difícil operação”, avaliou.

Reação do mercado e contexto financeiro

O anúncio repercutiu imediatamente no mercado financeiro. As ações da Natura registraram valorização de 4% na abertura, negociadas a R$ 9,10, e encerraram o dia com alta de 1,83%, cotadas a R$ 8,91.

A decisão se alinha à política de simplificação das operações do grupo, que já havia anunciado a venda da Avon International, considerada uma das principais fontes de pressão sobre os resultados financeiros. No segundo trimestre de 2025, essa divisão acumulou prejuízo de R$ 250 milhões.

Histórico de desinvestimentos

Desde a aquisição da Avon, em 2020, a Natura busca reduzir a exposição a mercados deficitários. A empresa americana havia sido avaliada em US$ 2 bilhões na época, mas, em 2024, sua holding internacional entrou com pedido de proteção contra credores nos Estados Unidos.

Em 2023, a Natura já havia vendido a britânica The Body Shop ao fundo Aurelius, também como parte da estratégia de desinvestimento e foco na América Latina. Analistas do Itaú BBA ressaltam que a venda para o PDC é pequena em escala, mas consistente com a busca por um “perímetro mais enxuto” de atuação.

Perspectivas futuras

Relatório de analistas do BTG destaca que a operação reforça a intenção da Natura em otimizar recursos e concentrar esforços na integração das marcas na América Latina. A expectativa é de que a solução encontrada para a Avon Card aumente a confiança do mercado na possibilidade de desinvestimentos também da Avon International.

Segundo especialistas, esse movimento abre espaço para maior sustentabilidade operacional e prepara o grupo para enfrentar cenários adversos no setor global de cosméticos.

Urgência em reduzir prejuízos

A decisão da Natura de vender a Avon em seis países por um valor simbólico mostra, de um lado, a urgência em reduzir prejuízos e simplificar operações. Por outro, evidencia a dificuldade de expansão internacional em mercados emergentes, onde logística, instabilidade regulatória e margens reduzidas comprometem a rentabilidade. Embora a estratégia reforce o foco no núcleo latino-americano, levanta dúvidas sobre a capacidade da empresa em sustentar crescimento global após anos de aquisições de grande porte.


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