O nome do advogado Antônio Rueda, presidente do União Brasil, surgiu nesta quarta-feira (17/09/2025) nas investigações da Operação Carbono Oculto, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo em parceria com a Polícia Federal e a Receita Federal. A operação apura a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis e em estruturas financeiras.
Segundo informações obtidas pelo portal Metrópoles, a PF investiga indícios de que Rueda seria proprietário oculto de aeronaves executivas, registradas em nome de fundos de investimento e terceiros. Essas aeronaves estariam ligadas à empresa Táxi Aéreo Piracicaba (TAP), utilizada por investigados da operação, entre eles Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”, e Mohamad Hussein Mourad, o “Primo”, dono da refinaria Copape.
Estrutura societária e vínculos empresariais
Uma das aeronaves citadas, o Cessna 560XL PR-LPG, está registrada em nome da Magik Aviation, vinculada à Bariloche Participações S.A.. Esta empresa é controlada por Haroldo Augusto Filho e Valdoir Slapak, empresários do ramo de mineração e sócios do grupo Fource.
Ambos já foram alvo da Operação Sisamnes, que investiga a venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ), e também apareceram nas mensagens do advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2023 em Cuiabá (MT).
A Bariloche Participações tem aportes do fundo Bariloche FIP, que por sua vez recebe recursos do fundo Viena, gerido pela Genial Investimentos, citado em relatórios da Carbono Oculto como exemplo de “fundo caixa-preta”, instrumento usado para ocultar patrimônio e dificultar auditorias.
Outras aeronaves e registros oficiais
Além do Cessna 560XL, os investigadores identificaram outros modelos supostamente associados ao esquema: um Cessna 525A, um Raytheon R390 e um Gulfstream G200, avaliado em cerca de US$ 18 milhões (R$ 100 milhões).
Nos registros da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), parte dessas aeronaves consta em nome de dirigentes políticos, incluindo um membro do Republicanos no Ceará, reforçando a complexidade das conexões entre aviação executiva, partidos e fundos de investimento.
Operação Carbono Oculto e infiltração do PCC
Deflagrada em agosto de 2025, a Operação Carbono Oculto atingiu cerca de mil postos de combustíveis que movimentaram mais de R$ 50 bilhões entre 2020 e 2024.
As investigações apontam que o PCC controlava toda a cadeia de combustíveis, da importação à distribuição, utilizando fundos de investimento e fintechs para lavagem de dinheiro. O caso é considerado um dos maiores esquemas de infiltração do crime organizado na economia formal já documentados no país.
Contexto mais amplo
A investigação contra Antônio Rueda, presidente do União Brasil, não surge de forma isolada: ela se insere em um contexto mais amplo de operações contra o crime organizado e a corrupção estrutural no Brasil, especialmente na relação entre facções criminosas, empresários e agentes políticos.
Raízes da Operação Carbono Oculto
A Carbono Oculto foi deflagrada em agosto de 2025 e é considerada uma das maiores ofensivas contra a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) em setores formais da economia. O foco inicial era o mercado de combustíveis, que movimentou mais de R$ 50 bilhões entre 2020 e 2024 por meio de postos, distribuidoras e refinarias sob suspeita de lavagem de dinheiro. O esquema revelava uma cadeia infiltrada desde a importação da matéria-prima até a distribuição ao consumidor.
A investigação também expôs o uso de fundos de investimento, fintechs e empresas de fachada para disfarçar a origem ilícita dos recursos. Esses fundos, muitas vezes chamados de “caixa-preta”, eram estruturados com sucessivas camadas societárias para dificultar a auditoria, prática recorrente em mecanismos de lavagem.
Conexões políticas e empresariais
Com o avanço da operação, surgiram nomes de empresários ligados a escândalos prévios, como a Operação Sisamnes, que investigou venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Entre eles estavam Haroldo Augusto Filho e Valdoir Slapak, do grupo Fource, já citados em mensagens do advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2023 em Cuiabá.
É nesse ponto que o nome de Antônio Rueda aparece: a PF investiga se ele seria proprietário oculto de jatos executivos registrados em fundos de investimento que se interligam com essas empresas. As aeronaves estavam sob gestão da Táxi Aéreo Piracicaba (TAP), empresa utilizada por investigados centrais da operação, o que reforça a linha de apuração sobre o uso de ativos de alto valor para movimentar ou ocultar patrimônio.
Implicações políticas e institucionais
O envolvimento de Rueda tem peso porque ele não é apenas advogado, mas também líder de um dos maiores partidos do país, com presença significativa no Congresso e em governos estaduais. Isso amplia a repercussão do caso, pois coloca no radar da Polícia Federal a possibilidade de contaminação da esfera político-partidária por mecanismos de ocultação de patrimônio ligados ao crime organizado.
Além disso, a conexão entre operações distintas (Carbono Oculto e Sisamnes) sugere uma rede convergente de práticas ilícitas que atravessam o mercado financeiro, a Justiça e agora o sistema político. Essa interseção amplia o debate sobre fragilidade regulatória, uso indevido de instrumentos legais e a necessidade de maior transparência em fundos de investimento.
Impacto político
A inclusão do presidente de um dos maiores partidos do Brasil nas apurações da Carbono Oculto eleva o impacto político da operação, que já expõe conexões entre facções criminosas, empresários e agentes políticos. A presença de fundos “caixa-preta”, que escapam de auditorias, evidencia a fragilidade da regulação financeira e reforça os riscos do uso abusivo de instrumentos legais para mascarar atividades ilícitas. A investigação lança dúvidas sobre o grau de blindagem institucional contra infiltrações do crime organizado em setores estratégicos, como combustíveis, aviação e mercado de capitais.
*Com informações do site Metrópoles.
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