Senador Jaques Wagner critica proposta de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro e alerta para riscos à democracia

O senador Jaques Wagner (PT-BA) condenou a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, afirmando que a medida estimularia novas ações contra a democracia. Em entrevista à rádio Andaiá FM, Wagner comparou o tema à Lei da Anistia de 1979, ressaltando que o contexto atual é distinto e não justifica concessões. Para o parlamentar, o momento exige união semelhante ao das Diretas Já em defesa do regime democrático.
O senador Jaques Wagner (PT-BA) durante entrevista à rádio Andaiá FM, em que criticou a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

Nesta quinta-feira (11/09/2025), o senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, afirmou que a proposta de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro representa um incentivo a novos atos de violência política. Em entrevista à rádio Andaiá FM, de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, o parlamentar destacou que a medida enfraqueceria a democracia.

Anistia é um incentivo a novas badernas como o 8 de Janeiro”, declarou Wagner.

A proposta de anistia vem sendo defendida por parlamentares bolsonaristas, mas enfrenta forte resistência de setores do Congresso identificados com a defesa do Estado democrático de direito.

Contexto histórico e comparação com 1979

Wagner fez um resgate histórico da Lei da Anistia de 1979, aprovada em contexto distinto, durante a transição do regime militar para a redemocratização.

“Em 1979, a Lei da Anistia veio para encerrar um ciclo histórico de triste memória, que deixou muitos presos e assassinados, e abrir caminho para voltar ao período democrático”, afirmou.

Segundo o senador, não há paralelo entre 1979 e 2023:

  • A lei original encerrou um ciclo autoritário e abriu caminho à democracia.
  • O episódio de 8 de janeiro não encerrou nenhum ciclo histórico, já que as instituições democráticas continuaram em funcionamento.
  • A anistia pressupõe dois lados em conflito, algo que, para Wagner, não ocorreu. “Só houve um lado, o dos que tentaram agredir a democracia”, concluiu.

União em defesa da democracia

O líder do governo reforçou que o momento atual exige união das forças democráticas contra qualquer ameaça autoritária. Ele comparou o cenário às Diretas Já, movimento da década de 1980 que mobilizou a sociedade civil pela volta das eleições diretas no Brasil.

“Eu sou do PT, mas antes de ser do PT, sou um democrata. Sem democracia, não tem partido político, não tem eleição para prefeito, governador ou presidente. É hora de todos nós, com racionalidade, nos unirmos em defesa da democracia do Brasil”, disse.

Risco de reincidência

A fala de Wagner se insere em um debate crucial para o futuro institucional do país. Ao associar a proposta de anistia a um risco de reincidência dos atos golpistas, o senador reafirma a linha de resistência do governo e de parte do Congresso contra pressões vindas da base bolsonarista.

O argumento histórico, baseado na Lei da Anistia de 1979, busca deslegitimar comparações feitas por defensores da medida, reforçando que não há equivalência entre redemocratização e atos de insurreição contra instituições já consolidadas.

Por outro lado, a ênfase em “união das forças progressistas” pode ampliar críticas da oposição, que vê no discurso governista uma tentativa de polarizar o debate em torno do tema, transformando a questão da anistia em divisor político entre “democratas” e “bolsonaristas”.


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