SUS celebra 35 anos e lança programa para ampliar acesso a médicos especialistas

Ministério da Saúde anuncia o programa “Agora Tem Especialistas”, com investimento superior a R$ 15 bilhões anuais para consultas, exames e cirurgias no SUS.

Nesta sexta-feira (19/09/2025), o Sistema Único de Saúde (SUS) completa 35 anos de existência como política pública essencial prevista na Constituição Federal, assegurando acesso universal e gratuito à saúde para todos os brasileiros. Para marcar a data, o Ministério da Saúde anunciou o programa “Agora Tem Especialistas (ATE)”, considerado o maior investimento federal em saúde pública desde a criação do SUS.

O programa tem orçamento anual superior a R$ 15 bilhões e foi estruturado para enfrentar um dos maiores gargalos do sistema: a demora no acesso a médicos especialistas, cirurgias eletivas e exames diagnósticos.

Contexto da demanda reprimida

Durante a pandemia de Covid-19, consultas e cirurgias foram suspensas em boa parte da rede pública, gerando uma demanda represada que ainda impacta milhões de pacientes. Atualmente, cerca de 70% da população brasileira depende exclusivamente do SUS para atendimento, o que resulta em longas filas e dificuldades de acesso a especialidades médicas.

O “Agora Tem Especialistas” surge como resposta a esse desafio, com foco em ampliar a oferta de consultas, exames e cirurgias, além de reduzir o tempo de espera.

Estrutura e funcionamento do programa

Entre os dez eixos de ação do ATE estão:

  • Credenciamento de policlínicas e hospitais privados e filantrópicos, ampliando a rede de atendimento.
  • Ampliação dos horários de funcionamento, com consultas, exames e cirurgias sendo realizados também à noite, finais de semana e feriados.
  • Incorporação de novas tecnologias, como teleconsultas, telediagnóstico e telepatologia, apoiados por 10 mil kits distribuídos às unidades básicas de saúde.
  • Mutirões de saúde para atender regiões com maior demanda reprimida.
  • Criação do Super Centro de Diagnóstico de Câncer, destinado a agilizar prevenção, diagnóstico e início do tratamento oncológico.

O programa prioriza especialidades como cardiologia, oncologia, ginecologia, ortopedia, otorrinolaringologia e oftalmologia, além de cirurgia geral e anestesia.

Destaque para a Bahia

O estado da Bahia figura entre os principais beneficiados pelo programa. Foram designados 48 novos médicos especialistas para 18 municípios do interior, com expectativa de reduzir pela metade a fila de espera até dezembro.

Além disso, a Bahia passa a contar com parte da frota de 150 unidades móveis de saúde (carretas e veículos adaptados) que levarão serviços a comunidades quilombolas, ribeirinhas, territórios indígenas e regiões de difícil acesso. Essa estratégia busca garantir que populações historicamente desassistidas recebam atendimento especializado.

A medida é vista como fundamental para fortalecer a rede de saúde no interior baiano, onde há escassez de especialistas e dificuldades logísticas para deslocamento de pacientes até os grandes centros urbanos.

Impactos previstos

A meta do Ministério da Saúde é que, com a adesão de médicos e a ampliação dos serviços, os tempos de espera para consultas e exames especializados caiam drasticamente até o fim de 2025. A expectativa é que o programa reduza filas de cirurgias eletivas e amplie a resolutividade das unidades básicas de saúde.

Especial atenção é dada à oncologia, diante do alto índice de diagnósticos tardios. O Super Centro de Diagnóstico de Câncer deve funcionar como modelo de eficiência, espelhando protocolos da rede privada.

Marco na política pública de saúde

O “Agora Tem Especialistas” representa um marco importante na política pública de saúde ao enfrentar uma das maiores deficiências do SUS: a falta de acesso rápido a especialistas. A medida, contudo, traz desafios de implementação. O credenciamento de hospitais privados e a logística das unidades móveis demandam coordenação rigorosa para garantir eficiência e evitar desperdício de recursos.

Outro ponto sensível é a sustentabilidade do investimento, estimado em mais de R$ 15 bilhões anuais, que dependerá da estabilidade fiscal do governo federal. Além disso, especialistas alertam que o programa precisa estar acompanhado de políticas estruturais, como a formação de médicos e a melhoria das condições de trabalho na rede pública, sob risco de se tornar apenas uma resposta emergencial e não uma solução de longo prazo.

Dados do programa na Bahia

1. Situação na Bahia

  • 48 novos médicos especialistas direcionados para 18 municípios do interior.
  • Expectativa: reduzir a demanda por atendimento especializado em até 50% até dezembro.
  • Áreas prioritárias: cardiologia, oncologia, ginecologia, ortopedia, otorrinolaringologia, oftalmologia, cirurgia geral e anestesia.
  • Interiorização da saúde: fortalecimento da rede em cidades médias e pequenas, reduzindo a pressão sobre Salvador e Feira de Santana.

2. Ações Prioritárias no Estado

  1. Expansão da rede credenciada
    • Inclusão de policlínicas regionais, hospitais filantrópicos e privados no atendimento do SUS.
    • Ampliação dos horários: noturno, finais de semana e feriados.
  2. Unidades móveis de saúde
    • Distribuição de carretas e veículos adaptados para levar consultas, exames e cirurgias a áreas rurais, quilombolas, indígenas e ribeirinhas.
    • Atendimento em estradas para caminhoneiros.
  3. Mutirões regionais de saúde
    • Intensificação de ações em datas específicas, voltadas principalmente para cirurgias eletivas.
    • Parceria com prefeituras e consórcios intermunicipais de saúde.
  4. Saúde digital
    • Implantação de teleconsultas, telediagnósticos e telepatologia em municípios do interior.
    • Distribuição de kits tecnológicos para unidades básicas de saúde (UBS), integrados ao prontuário eletrônico.
  5. Super Centro de Diagnóstico de Câncer
    • Implantação em Salvador com abrangência regional.
    • Objetivo: agilizar diagnóstico e tratamento oncológico.

3. Impacto Esperado

  • Redução de filas e tempo de espera em até 50% nas principais especialidades.
  • Melhoria da qualidade de vida da população do interior baiano.
  • Consolidação da Bahia como referência em inovação no SUS.
  • Maior equidade territorial no acesso à saúde.

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