A segunda fase da Operação Terra Justa, deflagrada pelo Ministério Público da Bahia (MPBA) nesta segunda-feira (08/09/2025) teve como alvo um tenente-coronel da Polícia Militar acusado de atuar para proteger ações de milícia no oeste do estado. O oficial foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo em sua residência, que foi alvo de mandado de busca e apreensão.
Nesta etapa, foram cumpridos seis mandados de busca e dois de prisão preventiva nos municípios de Correntina, Santa Maria da Vitória e Salvador. Entre os materiais apreendidos estão documentos, aparelhos eletrônicos, armas e munições, que serão periciados.
De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), em parceria com a Polícia Civil, o oficial de alta patente recebia pagamentos mensais de R$ 15 mil, entre 2021 e 2024, para encobrir atividades criminosas de uma milícia que invadia, de forma violenta, terras de comunidades tradicionais em benefício de fazendeiros locais.
O esquema teria como líder um sargento da reserva remunerada da PM, já preso na primeira fase da operação. As investigações indicam crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Denúncia formal e bloqueio de bens
Além das prisões desta segunda fase, o Ministério Público ofereceu denúncia contra o sargento, um comparsa e outros três acusados por organização criminosa voltada à lavagem de dinheiro. A denúncia foi recebida no último dia 5 de agosto pela Vara Criminal de Correntina.
A Justiça determinou o bloqueio de bens avaliados em até R$ 8,4 milhões, ligados aos acusados. Entre 2014 e 2024, apenas na conta do sargento da reserva, foram registradas movimentações de aproximadamente R$ 30 milhões, com a maior parte dos depósitos oriunda de empresas do setor agropecuário.
Estrutura da milícia e impacto regional
As apurações indicam que a milícia atuava há mais de dez anos, praticando grilagem de terras, intimidações e violência armada contra comunidades tradicionais no oeste baiano. O apoio de agentes de segurança pública reforçava a impunidade do grupo, que se beneficiava financeiramente de negociações de terras e atividades de pecuária extensiva.
Segundo o MPBA, o envolvimento de oficiais da ativa amplia a gravidade do caso, evidenciando riscos de infiltração de redes criminosas dentro das instituições policiais.
Análise crítica
A Operação Terra Justa expõe um dilema estrutural: a fragilidade das instituições de controle interno diante da infiltração de agentes de segurança em esquemas criminosos. O caso também revela o vínculo histórico entre disputas fundiárias e violência rural no oeste baiano, onde comunidades tradicionais enfrentam pressões de grupos econômicos locais.
A prisão de um oficial de alta patente da PM indica que a rede de proteção às milícias não se limita a soldados ou sargentos, mas alcança esferas superiores da corporação. O desafio, agora, será garantir que as investigações avancem sem interferências políticas ou institucionais, assegurando responsabilização efetiva.
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