A Bahia receberá US$ 2,5 bilhões (R$ 2,58 bilhões) em investimentos voltados ao descomissionamento de plataformas marítimas e à construção de novas embarcações, fortalecendo o setor naval e offshore no estado. O anúncio, realizado em 9 de outubro de 2025, inclui o envio de duas plataformas desativadas para desmonte e a construção de seis navios do tipo ORSV (Oil Spill Response Vessel) no Estaleiro Enseada, em Maragogipe, com previsão de geração de mais de 5,4 mil empregos diretos e indiretos.
A assinatura do protocolo de intenções entre o Governo da Bahia e a Petrobras marca uma nova etapa da reindustrialização naval baiana, conectando o Porto de Aratu, a Base Naval e o estaleiro de São Roque do Paraguaçu em um mesmo eixo logístico.
Estrutura e potencial da Baía de Todos-os-Santos impulsionam novos negócios
Durante as visitas técnicas realizadas por representantes da Petrobras, da Autoridade Portuária da Bahia (Codeba) e do Cluster Tecnológico Naval da Bahia, foram apresentadas as condições estruturais da Baía de Todos-os-Santos, considerada ideal para a instalação de uma indústria voltada à desmontagem e reciclagem de plataformas de petróleo.
O diretor executivo do Cluster, Paulo César, destacou o avanço das negociações e o papel estratégico do estado.
“O Cluster Tecnológico Naval da Bahia vem trabalhando, desde o começo deste ano, para que o estado seja reconhecido como capaz de executar serviços de descomissionamento de plataformas de petróleo. Os valores envolvidos nesse tipo de serviço são expressivos e têm grande potencial de geração de empregos e renda para o povo baiano.”
Porto de Aratu ganha protagonismo industrial
O diretor de Infraestrutura da Codeba, Luiz Humberto, enfatizou que o Porto de Aratu se consolida como um dos mais importantes do país no apoio a operações industriais e energéticas.
“Temos grande interesse em utilizar a área do porto para esse tipo de desenvolvimento, que representa inovação, geração de emprego e fortalecimento da economia baiana.”
A Codeba vem atuando em conjunto com a Petrobras para identificar áreas adequadas ao descomissionamento, modernizar o sistema logístico e ampliar o raio de operação do porto, integrando-o à cadeia produtiva do Estaleiro Enseada.
Pesquisa e inovação: Petrobras e UFF desenvolvem modelo sustentável
O mapeamento da infraestrutura portuária da Baía de Todos-os-Santos faz parte do projeto “Método Lean Thinking para modelagem de limpeza e desmantelamento de plataformas”, iniciativa da Petrobras em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF).
Segundo Cláudio Santana Ribeiro, especialista da estatal na área de suprimentos e estratégia de reciclagem, o objetivo é nacionalizar o ciclo de descomissionamento:
“A ação busca identificar oportunidades e desenvolver o mercado para que esse tipo de serviço seja realizado no Brasil, evitando que as unidades precisem ser enviadas ao exterior. Atualmente, não existe nenhuma instalação desse tipo na Bahia — seria a primeira.”
Cluster Tecnológico Naval da Bahia: cooperação entre indústria e Estado
O Cluster Tecnológico Naval da Bahia é uma iniciativa integrada por empresas, universidades e órgãos públicos voltada ao desenvolvimento sustentável da indústria naval e offshore no estado. O grupo é composto pela Codeba, Bahia Marina, Belov, Contermas, CS Portos, Enseada, Intermarítima, Mazure Saneamento, Cotegipe e Wilson Sons, além de contar com apoio institucional do governo estadual.
A iniciativa visa fortalecer a cadeia produtiva marítima, atrair novos contratos e consolidar a Bahia como referência nacional em engenharia naval, logística portuária e tecnologia de descomissionamento.
Renascimento industrial e desafios estruturais
O projeto representa um avanço estratégico na reindustrialização baiana, inserindo o estado em uma cadeia de alto valor tecnológico e ambientalmente sustentável. O descomissionamento de plataformas — prática consolidada em países como Noruega e Reino Unido — tende a gerar impacto positivo em empregos qualificados e inovação local, desde que acompanhado de marcos regulatórios claros e política industrial consistente.
O desafio está em garantir previsibilidade regulatória, segurança jurídica e infraestrutura complementar para que o investimento privado mantenha-se atrativo. Caso a execução se consolide, a Bahia poderá reocupar papel de protagonismo nacional na indústria naval, retomando o dinamismo perdido desde o declínio dos grandes estaleiros brasileiros na década passada.
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