Brasil é o país homenageado no 30º Salon du Chocolat de Paris e exalta sustentabilidade do cacau amazônico

O Brasil é o país homenageado no 30º Salon du Chocolat de Paris, evento que celebra o cacau e o chocolate de origem sustentável. Com o maior estande em 15 anos, o país apresenta produtos de alta qualidade e aposta na valorização da produção amazônica e baiana. O reconhecimento internacional reforça o potencial brasileiro, mas o setor ainda enfrenta desafios de competitividade global.
O Brasil é o país homenageado na 30ª edição do Salon du Chocolat de Paris, a maior feira de chocolate do mundo. O evento reúne mais de 100 mil visitantes e 200 expositores de 50 países, destacando a produção sustentável e o potencial internacional do cacau brasileiro.

O Brasil é o país homenageado na 30ª edição do Salon du Chocolat de Paris, o maior evento internacional do setor, que acontece de 29 de outubro a 2 de novembro de 2025 na capital francesa. A participação brasileira é marcada pelo maior estande em 15 anos de presença no evento, com o objetivo de fortalecer a imagem do país como produtor de cacau sustentável e chocolate de qualidade internacional.

A feira reúne fabricantes, chefs, produtores e marcas globais, atraindo mais de 100 mil visitantes e 200 expositores de 50 países. O espaço brasileiro busca promover o cacau nacional como um produto de qualidade, origem rastreável e compromisso ambiental, ampliando oportunidades de exportação e presença no mercado europeu.

Protagonismo e consolidação da marca Brasil

Segundo Marco Lessa, criador do Chocolat Festival e principal articulador da participação brasileira em Paris, o evento é uma vitrine estratégica:

“O Salon é importante porque reúne atores do mundo inteiro — Japão, Estados Unidos, Europa. O continente europeu consome metade do chocolate do mundo, e aqui o Brasil mostra sua capacidade de produzir com qualidade e sustentabilidade”, explica.

Lessa ressalta que o Salon du Chocolat dita tendências e abre espaço para o cacau brasileiro no cenário global.

“O chocolate sempre foi visto como europeu — belga, suíço, francês. Mas o Brasil aprendeu, evoluiu e hoje conquista reputação própria.”

Sustentabilidade amazônica e o exemplo do Pará

O Estado do Pará, atual líder nacional em produção de cacau, representa o eixo central da delegação brasileira. Maria Goreti Gomes, presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Cacau do Pará, destacou que o foco da participação é mostrar ao mundo o valor da sustentabilidade amazônica.

“O cacau brasileiro se sustenta pela qualidade das amêndoas e pela preservação da floresta. Vamos mostrar o que essa cultura representa para a Amazônia e para o Brasil”, afirmou.

A expositora Márcia Nóbrega, da Lábios de Mel Chocolates do Pará, reforça essa vocação. Sua propriedade, antes dedicada à pecuária, foi reflorestada e convertida em sistema agroflorestal (SAF) com banana, cacau e açaí.

“Produzimos tudo dentro da fazenda, desde o plantio até a barra. Nosso modelo é sustentável, com floresta em pé e produção responsável.”

Chocolates de origem ganham espaço internacional

O cacau brasileiro é reconhecido mundialmente, mas o chocolate nacional ainda enfrenta desafios para competir no mercado dominado por marcas europeias. Nos últimos anos, produtores brasileiros vêm apostando em chocolates finos de origem controlada, com certificações tree to bar (da árvore à barra) e bean to bar (da amêndoa à barra).

Exemplo desse avanço é a Martinus Chocolates, da Bahia, premiada internacionalmente com medalha de prata no Chocolate Awards dos Estados Unidos e bronze pela Academy of Chocolate em Londres.

“Queremos mostrar que o sul da Bahia é origem de cacau e de chocolate de qualidade”, destacou o proprietário, Rodrigo Moraes Souza.

A empresária Ariana Ribeiro, da C’Alma Chocolates (Goiás), participa pela primeira vez do evento e ressalta o desafio de compreender o mercado europeu.

“É um aprendizado. Viemos entender o posicionamento, as exigências e as oportunidades do mercado europeu, que valoriza sustentabilidade e autenticidade.”

Expectativas e negócios internacionais

Marco Lessa estima que o Salon du Chocolat deve gerar novas parcerias e contratos comerciais para os produtores de cacau e fabricantes de chocolate brasileiros.

“O interesse internacional pelo nosso cacau é enorme, mas cresce também a busca por chocolate brasileiro. Já houve reuniões com importadores da Europa e do Japão logo na abertura da feira”, afirmou.

Ele observa que o consumidor europeu busca produtos naturais, éticos e ambientalmente responsáveis, o que favorece o chocolate brasileiro produzido com práticas sustentáveis.

“O mundo deseja um chocolate puro, que respeite o meio ambiente. É uma questão de princípio, de saúde e de consciência.”

Projeção internacional e desafios estruturais

A homenagem ao Brasil no Salon du Chocolat simboliza o reconhecimento da qualidade e da sustentabilidade da cadeia cacaueira nacional, especialmente da Amazônia e do sul da Bahia. Entretanto, a expansão internacional ainda enfrenta entraves logísticos, tributários e de certificação, que dificultam a inserção do chocolate brasileiro em larga escala no mercado europeu.

O fortalecimento do setor depende de políticas públicas de incentivo à exportação, rastreabilidade e apoio tecnológico, além de estratégias de marketing internacional que consolidem a marca “Chocolate do Brasil” como sinônimo de origem ética, sabor e biodiversidade.


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