O deputado estadual Marcelino Galo (PT) acusou no sábado (04/10/2025) o prefeito Bruno Reis (União Brasil) de promover uma política ambiental “fictícia” em Salvador e de repetir a lógica do ex-ministro Ricardo Salles, símbolo do desmonte das políticas de proteção durante o governo Bolsonaro. Para o parlamentar, a administração municipal está “passando a boiada” sobre o meio ambiente, com contratos milionários, ausência de transparência e resultados questionáveis.
“Onde estão as árvores que Bruno Reis e ACM Neto juram ter plantado em Salvador?”, provocou Galo, ao afirmar que a gestão municipal construiu uma “narrativa verde” dissociada da realidade. Segundo ele, a cidade continua entre as capitais menos arborizadas do país, conforme dados do IBGE, e não há registros públicos que comprovem o suposto reflorestamento anunciado pela Prefeitura.
Contratos bilionários e suspeitas de irregularidades
Galo citou o caso mais recente que envolve o indiciamento da concessionária do Aterro Metropolitano Centro por crime ambiental. Apesar da investigação, destacou o deputado, a Prefeitura renovou por mais 20 anos o contrato com a empresa, em um acordo de valor bilionário.
O parlamentar relembrou ainda denúncias veiculadas pela imprensa sobre os repasses superiores a R$ 75 milhões feitos entre 2022 e 2024 à empresa Eco Irrigação e Jardins Ltda., contratada para executar serviços de jardinagem e plantio de mudas. “Essas árvores nunca apareceram”, ironizou Galo, ressaltando que o sistema de georreferenciamento prometido pela Prefeitura há quase uma década nunca foi implantado.
Segundo o deputado, esse conjunto de fatos demonstra um padrão de desvio de finalidade na política ambiental soteropolitana, onde contratos vultosos “substituem resultados concretos”.
“Bruno Motosserra” e a Salvador de concreto
Marcelino Galo comparou a postura de Bruno Reis e ACM Neto ao ideário ambiental do bolsonarismo, associando a gestão municipal ao “liberou geral” ambiental promovido entre 2019 e 2022. “Foi nesse período que Ricardo Salles cunhou a expressão ‘passar a boiada’, simbolizando o desmonte da fiscalização ambiental e a complacência com o desmatamento ilegal”, observou o deputado.
Na visão do parlamentar, Salvador reproduz em escala local a mesma lógica predatória. “A cidade está sendo sufocada pelo concreto, com praças cobertas de cimento e árvores substituídas por estacionamentos. É uma Salvador cinza, onde a natureza é tratada como obstáculo ao lucro”, afirmou.
Com tom crítico, Galo afirmou que o apelido “Bruno Motosserra” ganhou força entre os moradores como símbolo de uma gestão “que privilegia construtoras e ignora a emergência climática global”.
A ausência de transparência e o silêncio da Prefeitura
Apesar das acusações, a Prefeitura de Salvador não apresentou esclarecimentos públicos sobre o destino das verbas pagas à Eco Irrigação, nem sobre as irregularidades investigadas no contrato do Aterro Metropolitano. O site oficial da administração municipal também não dispõe de relatórios atualizados de arborização urbana ou dados sobre o cumprimento das metas ambientais anunciadas em gestões anteriores.
O deputado afirmou que pretende levar o caso à Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) e solicitar auditoria do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) sobre os contratos. “O dinheiro público não pode ser enterrado junto com as árvores que nunca foram plantadas”, concluiu.
Fragilidade da governança
As declarações de Marcelino Galo ocorrem em um contexto de tensão crescente entre o Legislativo baiano e a Prefeitura de Salvador, especialmente em temas ambientais e de transparência administrativa. A crítica expõe a fragilidade da governança ambiental municipal e reabre o debate sobre a falta de fiscalização efetiva em contratos de alto valor.
Do ponto de vista político, o embate reflete a disputa narrativa entre a esquerda — que tenta associar Bruno Reis e ACM Neto à herança bolsonarista — e a direita liberal, que sustenta a eficiência administrativa como trunfo eleitoral. O silêncio do Executivo municipal tende a alimentar a percepção de opacidade e pode repercutir negativamente no discurso de sustentabilidade que Salvador busca projetar em âmbito nacional e internacional.
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